sexta-feira, 25 de abril de 2008

A Vontade para Acreditar

Em uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, foi constatado que muitas das decisões atribuídas ao livre arbítrio podem ser formadas vários segundos antes de o cérebro tomar consciência delas. No teste, elaborado por cientistas do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, de Leipzig (Alemanha), pessoas tinham de decidir livremente por apertar um de dois botões em um controle. Ao mesmo tempo ficavam olhando uma seqüência de letras projetada numa tela, que não deveria influir na decisão. Os voluntários tinham apenas de dizer que letra estavam observando quando finalmente decidiam qual botão apertar. Comparando o momento em que as pessoas se diziam conscientes de suas decisões com padrões de atividade cerebral registrados no aparelho de ressonância magnética, os cientistas tiraram sua conclusão.

Fiquei pensando bastante a respeito desta pesquisa. O ser humano sempre se perguntou se ele seria livre, ou se suas ações fossem pré-determinadas por causas outras, sendo sua tomada de decisão mera ilusão. Será esta pesquisa a resposta definitiva para a questão? Acredito que não, pois que sua metodologia é bem questionável. Por exemplo, não é possível generalizar as conclusões desta pesquisa para comportamentos mais complexos, como o estilo de vida adotado, posto que o comportamento medido pode facilmente cair em um automatismo. Entretanto, não há nenhuma pesquisa que realmente confirme a existência da Vontade. Há munição dos dois lados do debate, experimentos solidamente desenvolvidos mas todos igualmente inconclusivos.

Fico então pensando se a auto-determinação não passar de um mito. Toda a história, todas as invenções, todas as vidas, todos os amores e ódios que existiram, todas as baladas heróicas, toda a humanidade: qual seria o sentido de tudo? Seria tudo mero efeito colateral de reações neuroquímicas extremamente bem sucedidas, que foram capazes de ditar o rumo da raça humana como a mais poderosa sob a face da Terra. Tudo é perfeitamente explicado, mas se não podemos decidir como vivemos, por que questionamos se realmente escolhemos? E por que nos sentimos indignados ou tristes quando nos dizem esta dura verdade, que não somos senhores de nós mesmos?

Da mesma forma que Viktor Frankl não viveu em função de seus mecanismos de defesa e reações de oxidação, não vivo em função de minhas sinapses e neurotransmissões. Pode ser que eu seja um autômato, movendo-se de forma errática e previsível pelo mundo, mas escolho acreditar que dentro de mim, há uma pequena centelha de fogo divino, de brilho fugaz, facilmente dominada pelo hábito e pelas pressões do mundo, mas sempre capaz de vencer no final, e que eu posso escolher meu destino.

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