terça-feira, 15 de julho de 2008

Minhas Aulas na Faculdade (Parte 8)

Como não tenho absolutamente nada melhor para fazer neste momento, decidi que vou escrever sobre minhas expectativas relativas às disciplinas do próximo semestre. Diferente dos três que o procederam, o quarto semestre terá apenas quatro disciplinas obrigatórias, o que nos dará muito tempo livre para cursar eletivas - meu sonho de consumo. Não era para ser assim, mas como o estágio básico I que deveríamos ter foi cancelado na última hora, acabou ficando assim. Bem, aqui vai:

Quarto Semestre

Avaliação Psicológica I - Obrigatória
Preview:
Como eu não fazia a menor idéia do que escrever aqui, resolvi simplesmente copiar a súmula disponível na página de nosso currículo na UFRGS: A disciplina aborda temas referentes ao contexto histórico e atual da avaliação psicológica (AP); introduz os fundamentos básicos da medida em Psicologia assim como questões éticas relativas aos processos de AP. São introduzidos, também, os conceitos de avaliação da inteligência e da personalidade, do ponto de vista teórico. Cheguei à conclusão que essa súmula não diz merda nenhuma sobre a cadeira, por que não explica o que é Avaliação Psicológica. OK, uma pessoa inteligente como eu pode deduzir logicamente o que seria AP, mas estou com preguiça no momento. Deve ser alguma coisa com testes psicométricos, o que acho legal. Contudo, essa cadeira "pertence" historicamente ao mesmo professor que não apareceu para nos aplicar a prova de Teorias da Personalidade, e reza a lenda que ele utiliza as mesmas questões para a prova de AP fazem 10 anos. Minhas expectativas são realmente baixas quanto à essa disciplina. Acho que o assunto pode ser bastante interessante, mas que provavelmente só vou aprender com o que eu ler por interesse próprio.

Ética - Obrigatória
Preview:
A única coisa que tenho para dizer sobre Ética é que, a partir do próximo semestre, não vou mais poder torturar ratinhos e pessoas em nome da ciência, por que vou estar aprendendo ética. O que é uma merda. Em todo caso, meu veterano Marcelo tem falado bem desta disciplina (dentro dos limites apropriados para o Marcelo falar bem de qualquer coisa), e que fez um trabalho final muito interessante. Mas ele também reclamou das discussões de senso comum que rolaram nas aulas. Talvez seja uma disciplina legal, talvez seja uma bela bosta. Veremos.

Psicologia e Educação - Obrigatória
Preview:
Antigamente conhecida como "Psicologia Escolar", e dividida em três cadeiras, Psicologia e Educação é o imã de más expectativas coletivas para o próximo semestre (não teremos nenhum seminário). Além de muita gente já falar mal da antiga "Escolar", "Educação" não pertence ao quarto semestre, mas ao quinto. Ela só foi adiantada por que já tivemos Processos Institucionais no terceiro semestre, e por que não poderemos ter Psicofarmacologia este semestre. De novo. Para ser franco, não espero nada de bom desta disciplina, mas não sou criativo o suficiente para criar uma lista de coisas ruins que podem acontecer. Deixo o tempo definir isto.

Psicopatologia II - Obrigatória
Preview:
O nome já diz tudo - vai ser a continuação da cadeira de Psicopatologia que tive este semestre, só que, ao invés de estudarmos as psicoses, estudaremos as neuroses, e toda moderna etiologia e nosologia psicanalíticas. Como teremos aula com a mesma professora, imagino que será o mesmo esquema do terceiro semestre: tempo livre de sobra, um trabalho pequeno no começo, e um trabalho grandão de livre escolha no final. Se for assim, vai ser bem legal, pois poderei fazer um trabalho sobre alguma coisa que me interesse. Como Metapatologias. Veremos no que vai dar.

Neuropsicologia - Eletiva
Preview:
Quero fazer esta cadeira desde o segundo semestre, mas só agora ela está disponível para matrícula. Basicamente, é uma disciplina neurocientífica, coisa que sinto falta na faculdade. Minhas colegas que fizeram falaram muito bem das aulas. Elas só não gostaram de uma coisa: a disciplina foi oferecida tanto para o curso de graduação quanto para o de pós-graduação, e muitos doutorandos a cursaram, o que foi bastante intimidador na hora de apresentar os trabalhos. Como considero um esporte pessoal enfrentar professores, doutorandos, mestrandos e qualquer outro que esteja hierarquicamente acima de mim nos estudos, acho que isto é um ponto muito positivo. Ah, esta disciplina também será oferecida para as alunas (e dois alunos) do curso de Fonoaudiologia. É sempre divertido ter gente diferente na sala de aula.

Neuropsicologia dos Transtornos Psiquiátricos - Eletiva
Preview:
Minhas colegas que cursaram Neuropsicologia falavam há algum tempo na possibilidade de uma mestranda oferecer uma cadeira sobre "Neuropsicopatologia", ou como diz o próprio nome, a base neuropsicológica dos transtornos psiquiátricos. É um assunto deveras interessante, e raramente se fala disso. É uma chance única. Além disso, talvez seja legal fazer a dobradinha "Neuro".

Genética Aplicada à Psicologia - Eletiva
Preview:
Cheguei a me matricular nesta cadeira no segundo semestre, mas amarelei e cancelei na última hora. Uma bela cagada, por que além de foder meu ordenamento (não que importe tanto, mas pode atrapalhar) eu deixei de ter aula com o lendário Renato Flores. Esse semestre eu curso essa cadeira de qualquer jeito. Falam muito bem dela, apesar de muita gente odiar o Flores por causa do posicionamento teórico e político dele (acho que não preciso refrescar a memória de vocês sobre uma certa pesquisa neurocientífica que deu o maior bafafá aqui no sul). Também dizem que o cidadão é bastante exigente, o que não vejo como algo negativo.


Introdução ao Pensamento Filosófico - Eletiva Incerta
Preview:
Como vou ter bastante tempo livre este semestre, estou pensando em pegar quatro eletivas. Contudo, não tenho certeza quanto à quarta. Como acho que vou ter um semestre por demais amolador fazendo só Neuro e Genética, pensei em pegar alguma coisa de Ciências Humanas. Considerei originalmente Introdução à Sociologia, antiga cadeira obrigatória que virou eletiva, e que foi bastante elogiada por veteranos meus, mas como ocorre conflito de horários, deixei ela de lado. Pensei também em "Filosofia da Cultura", mas também dá conflito de horários. Sobrou Introdução ao Pensamento Filosófico, que tem um horário legal (tá, não é um horário legal, mas pelo menos disponível). Mas eu já tive uma disciplina de Filosofia no primeiro semestre, e estudei filosofia por conta própria de maneira profunda o suficiente para acreditar que uma introdução ao pensamento filosófico talvez seja superficial demais para mim. Posso estar enganado, é claro, mas não sou o único a pensar desta maneira. Não me decidi ainda se faço essa cadeira ou não. Se fizer, ela pode ser legal mas básica demais, ou pode ser um sifão de energia e tempo que só vai me atrapalhar. Não tenho como saber isso de antemão.

Psicologia do Esporte - Eletiva que não vou fazer
Preview:
Psicologia do Esporte é um assunto que me interessa. Além disso, as aulas seriam no Campus Olímpico, ou ESEF, o único campus que não conheço ainda. Só que já sei que não vou me matricular nesta cadeira por um simples motivo: a aula é sexta-feira, às sete e meia da manhã. No fucking way. Não tô com tanta vontade de aprender sobre Psicologia do Esporte assim.

Comendo no RU: Métodos práticos de evitar indigestões e pegar os melhores pratos

Já expressei anteriormente como eu sou fã do Restaurante Universitário. Como lá sempre que posso. Contudo, quase todos os dias, antes de ir até lá, dou uma conferida no cardápio disponível no site da UFRGS (que já adicionei aos meus favoritos). Não é lá muito confiável, já que, como está escrito em um cartaz no próprio RU, tudo pode mudar sem aviso prévio, mas é um bom termômetro do que eu possivelmente encherá minha bandeja. Isso é necessário por que, por mais que o RU seja uma fonte quase inesgotável de felicidade e comida barata (desculpem a redundância), há certos alimentos servidos que prefiro passar se tiver a opção.

Todo estudante, funcionário ou pessoa com vínculo com a UFRGS aprende desde o início que não basta apenas ler o cardápio: é necessário interpretá-lo. É importante prestar atenção nos nomes dos pratos. Por exemplo, se o nome da carne do dia conter a palavra "iscas" eu fico em casa e como sanduíche. A não ser que seja algo bizarro como "iscas de patinho à Camões". Nesse caso, eu vou só para ver que porcaria estão servindo (se vocês ficaram curiosos sobre o que viria a ser esta iguaria, é só carne picada com presunto e ervilhas). O contexto da semana também deve ser levado em conta. Se serviram bife de frango na segunda-feira, e na quinta-feira servem risoto, deve se tomar cuidado, por que o risoto com certeza foi feito com os restos de segunda. O nome de algumas carnes não dizem nada em si mesmos, mas a experiência ensina o morto de fome que devem ser evitados - carne assada, por exemplo. A chance de eu pegar um pedaço de madeira assado no forno é grande demais para arriscar comer no RU. Também há casos como a "surpresinha de legumes" que são auto-evidentes: não coma!

Quando a carne é bife, seja de rês ou de frango, normal ou à milanesa, sempre vale a pena ir comer no RU, mas com cautela - não é improvável que surja na tua bandeja uma sola de sapato ou o pé daquela havaianas que você perdeu no verão retrasado. No RU da Saúde, geralmente somos nós que nos servimos de bife, então dá para revirar o panelão e achar um bife com quem se tenha maior afinidade. Entretanto, no RU do Centro, e em alguns dias no Saúde, são as tias da cozinha que colocam os bifes na nossa bandeja. Nesse caso, só há dois cursos de ação a serem tomados:

1) Chorar por um bife maior, mais macio, menos nervoso, etc.;
2) Rezar para que a tia vá com a tua cara e tenha uma boa visão.

Nos dias que a sobremesa é uma coisa gostosa, como pudim ou pavê, são sempre as tias que nos servem (a única vez que não foi assim foi na primeira semana de janta no RU da Saúde, e pudemos nos servir de creme de chocolate à vontade. Desnecessário dizer que enchi um dos cantos da bandeja). As leis que regem a quantidade de gostosura servida são obscuras, se não completamente desconhecidas. É muito comum a pessoa na sua frente ganhar quase um balde de doce, enquanto você e os cinco atrás de você receberem meio punhado, mas o contrário também acontece seguidamente, e você é o único a não ter uma montanha doce em sua bandeja. Ninguém sabe por que isso acontece. Há uma hipótese de que elas fazem isso para se divertir, pois não há mais nada para se fazer enquanto se está sentado servindo os outros. Quaisquer que sejam os motivos, sorria quando chegar sua vez na fila - pode ser que isto sensibilize a tia, e ela coloque mais sobremesa pra você. Melhor ainda, sorria sempre para todas as tias do RU, não importa quão torto elas olhem para sua cara. Nunca se sabe quando elas vão servir sua bandeja.

A Eterna Batalha Contra as Bibliotecas

Eu detesto bibliotecas. Adoro livros, adoro ler, mas detesto a organização das bibliotecas. Cansei de ir aqui na da Psicologia e ficar batendo cabeça tentando decifrar aqueles numerozinhos e letrinhas que supostamente servem para te orientar. Segundo uma amiga minha que faz Biblioteconomia, faz perfeito sentido e não poderia ser mais claro. Como eu desconfio que isso seja na verdade um complô das bibliotecárias para dominar o mundo deixando todo mundo confuso com seu Dewey Decimal System, acho que faz sentido só para ela.

Estou expandindo meus domínios, ou, melhor dizendo, meus pontos de ficar retardado: já peguei livros na Faculdade de Educação, e agora mesmo volto de uma incursão à Escola de Enfermagem, onde vivi minha última aventura bibliográfica.

Fui pegar um livro do Carl Rogers, intitulado "Psicoterapia e Relações Humanas". Como é de praxe, dei uma olhada no catálogo da UFRGS aqui em casa, anotei o código e me fui. Lá chegando, só para prevenir, dei outra olhada no catálogo e conferi novamente o código. Tudo certo: 000198709. Achei estranho não ter nenhuma letrinha, ainda mais porque todas as prateleiras tinha W, Q ou qualquer consoante dessas para demarcar as seções por assuntos. Sabendo da minha sorte em bibliotecas, fui conferir os números mais uma vez, e descobri que, sim, eles estavam errados. O correto era 497 R724p 2. ed. Mas, de novo, os códigos não batiam, pois ainda não tinha letrinhas na frente dos números!

Fui procurar o livro mesmo assim. Sempre imaginei o trabalho dos bibliotecários como sendo tedioso e sem muita movimentação. Mas quando eu vou numa biblioteca, sei que alguém ali vai achar graça, pois chega um ponto que eu fico tão abobado com todos os números, letras e total falta de sentido de tudo isso que começo a saltitar com o papelzinho rabiscado com os códigos de localização e título dos livros que busco, cantarolar como um smurf e bater minha cabeças na paredes. Ver alguém fazendo isso desaparecendo e surgindo novamente por entre as prateleiras cheias de poeira deve ser especialmente engraçado, principalmente se você passou seu dia colando etiquetinhas numeradas em bazilhões de volumes. Pensando bem, os bibliotecários devem ver isso com mais freqüência do que imagino (as etiquetinhas devem ser feitas para eliciar tal tipo de resposta comportamental).

Não estava muito interessado em ficar batendo cabeça por muito tempo hoje, então decidi ir logo de cara pedir ajuda para a bibliotecária ali presente. Tinha lido em algum cartaz pendurado por ali que dizia "não hesite em pedir ajuda ao bibliotecário, eles são pagos para te ajudar a encontrar algum sentido nesta baderna toda". Uma parte desta citação estava apenas implícita no cartaz. Enfim, fui pedir ajuda. Para minha mórbida satisfação, a mulher ficou tão perdida quanto eu. Pelo que entendi, estão mudando a forma de codificação dos livros para conquistar o mundo mais rapidamente, e o livro que procurava ainda não fora "ajustado". E, tal como eu fizera a menos de cinco minutos atrás, ela ficou quicando de um lado para o outro entre os livros feito barata tonta, incapaz de achar qualquer coisa que ajudasse. Ela, então, teve que fazer o mesmo que eu e pedir ajuda superior - no caso dela, a chefe. Depois de uma breve busca entre livros ainda não recolocados nas prateleiras e dos livros "em adaptação numérica", a chefe concluiu que o livro estava "mal guardado" (um crime passível de pena de morte na Biblioteconomia), e foi olhar onde ele deveria estar. E lá estava a droga do livro, aliás, dos livros, pois são dois volumes.

Passei no balcão, passei meu cartãozinho, digitei minha senha e trouxe os dois para casa. Saí da Escola de Enfermagem satisfeito: se os bibliotecários realmente estiverem tentando conquistar o mundo, eles não vão conseguir tão cedo, por que primeiro eles vão ter que recodificar tudo de novo, e devem existir várias facções diferentes fazendo isso ao mesmo tempo. Que se canibalizem. Eu vou ler.