domingo, 14 de setembro de 2008

Educação e Capitalismo

Em questões políticas, eu divirjo bastante da média dos estudantes de Psicologia, e de estudantes universitários como um todo. Por exemplo, tenho convulsões faciais graves toda vez que escuto alguém falar do capitalismo como o mal do mundo. Na verdade, eu viro meus olhos em horror toda vez que escuto a palavra capitalismo ou o nome de Marx, por que duvido muito que algo de bom possa vir depois delas (isso foi comprovado empiricamente por mim mesmo em muitos encontros estudantis).

Uma coisa que nunca entendi verdadeiramente é a gana que o pessoal do DCE e do movimento estudantil de universidades públicas contra o ProUni, programa do governo que distribui bolsas de estudo em universidades particulares para alunos que em outras condições não poderiam pagar a matrícula. Eles dizem que valeria mais a pena criar mais vagas nas universidades federais atuais, investindo em sua (geralmente) decrépita infraestrutura, e que o ProUni é só uma jogada do FMI para manter as universidades particulares às custas do governo, ocupando suas vagas ociosas. Sempre fui da opinião de que é melhor aproveitar o que já tem pronto do que sair comprando ou criando a mais - e ainda acho que isto é válido para uma porção de coisas, mas nem tanto para o ensino superior.

Para quem não sabe, meu pai é psicólogo também, e dá aulas em uma faculdade particular em Caxias do Sul (não vou dizer qual). Na próxima aula, ocorrerá um seminário sobre relacionamento terapêutico, um assunto que considero muito interessante. Por isso, perguntei se poderia participar. Ele assentiu, mas falou que o coordenador do curso poderia ficar sabendo. Acostumado que estou com a personalidade medrosa e cumpridora da lei dele, achei que fosse exagero. Mas ele justificou-se, dizendo que uma aluna da pós-graduação pedira anteriormente para assistir uma aula dele (vou repetir para enfatizar: UMA aula), mas o coordenador do curso não permitiu - pois para assistir aula tem que pagar. Vamos analisar a situação com mais atenção. Não era uma pessoa de fora pedindo para assistir uma aula, nem uma aluna de algum outro curso pedindo para assistir todas as aulas de graça. Era uma aluna da própria instituição pedindo para assistir uma única aula, visando aprender mais para ser uma melhor profissional. Mas isto, como ficou claro, é secundário para esta faculdade. O que importa é ganhar dinheiro, e dane-se se quem estuda ali não seja capaz de exercer suas funções profissionais, por que isso é problema dele e não da instituição de ensino.

Eu estou mal acostumado na UFRGS, muito mal acostumado mesmo. Eu posso achar as aulas dos meus professores absurdamente chatas (and have no doubt: they are!), mas não posso negar que, para muitos deles, se não a maioria, a prioridade é nos dar aula e nos auxiliar para que nos tornemos bons profissionais. Isto se deve, em parte, ao fato dos alunos não pagarem para estudar, e da fonte de verba não residir nas matrículas. Nunca que a coordenadora do nosso curso se oporia à alguém assistir uma aula, ou mesmo uma disciplina por um semestre inteiro, mesmo sem matrícula.

Não quero dizer com este post que os professores de universidades federais não são dinheiristas - se não fossem, não ficariam publicando artigo em cima de artigo pra ganhar pontos com a CAPES. Também não quero dizer que em todas as particulares só se quer ganhar dinheiro, e acho que meu pai é um exemplo de professor devotado ao ensino (ele vai ficar com o ego inflado ao ler isso aqui). Também não acho que o ProUni deva ser extinto. Mas estaríamos em maus lençóis se todo o ensino superior do Brasil estivesse nas mãos dos capitalistas.

Sorte Orkutiana do Dia (Parte 6)

Sorte de hoje: Por trás de um grande homem sempre há outros grandes homens... ou uma mulher.

Só resta esperar que seja mulher, e que ela não tenha um pênis. Ou, na pior das hipóteses, que seja só um homem.