sexta-feira, 17 de julho de 2009

Maneiras como um ônibus pode causar dor de cabeça

Cumprindo um ritual que comecei ainda no meu primeiro ano de faculdade, amanhã embarco em viagem para Belo Horizonte, onde acontecerá o XXII Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia (ENEP). Diferentemente das edições anteriores, não vou como calouro que segue os mais velhos, mas como veterano já calejado que deve guiar os demais. Se sou digno de conferir a mim mesmo tal status, eu não sei.

E diferentemente do ano passado, ajudei a organizar o ônibus e o processo andou de maneira espetacularmente eficiente, pelo menos até uma semana atrás, quando fomos informados de um detalhe que pode acabar com tudo (ou pelo menos quase tudo). Prefiro não compartilhar nenhum detalhe aqui, por que foi justamente a indiscrição que nos colocou em tal situação.

Enfim, como faço há três anos, informo meus queridos leitores que, na próxima semana, a chance de eu fazer alguma atualização será praticamente nula. Eu sei que não tenho feito tantas atualizações assim, mas pelo menos a possibilidade de fazê-las depois do ENEP não serão nulas. E se por algum acaso eu não for para o ENEP, é por que eu morri lutando para ir (e, portanto, não atualizarei nunca mais o blog).

Até mais ver.

Fragmentos de um dia no estágio

Chego uma hora atrasado por que o céu decidiu cair na minha cabeça antes de eu sair de casa. Caminho a passadas largas em direção ao Quartel-General da equipe, a Casa 6, mas sou parado antes por um morador, que me chama animado. Entro na casa dele e tento pôr seu rádio para funcionar.

Tomo meu rumo novamente. Entro na Casa 6, mas quase imediatamente saio de novo, e vou em direção à casa de outra moradora. Coloco um CD de músicas gauchescas para tocar lá e saio de novo. Encontro meu supervisor e os residentes. Sigo a corrente e vou com eles visitar uma paciente "lá de cima", do Hospital. Vamos tomar café no barzinho do outro lado da rua, mas acabo pedindo uma Fruki Guaraná, que vem em garrafa de cerveja. Penso que é o melhor refrigerante de guaraná já feito na história da humanidade.

A paciente fala em francês com um residente. O outro não fala nada. Eu falo para meu supervisor sobre todas as maneiras em que um ônibus pode causar enxaquecas. Os residentes vão embora, e ficam só a paciente, meu supervisor e eu. Meu supervisor começa a falar algo sobre mim e como eu tenho feito diferença no local de estágio, mas ele é interrompido e não retoma essa conversa (para minha infelicidade). Conversamos sobre a língua francesa, a língua espanhola, Argentina e Caribe. Alguém na mesa pede um martelinho de cachaça de abacaxi. Tomo um gole que desce queimando meu esôfago.

Voltamos para as casinhas, conversando sobre como curar dores de cabeça induzidas por ônibus problemáticos. Passo na casa em que deixei tocar o Teixeirinha - uma moradora diz que adorou e pede se pode ficar com CD. Fico feliz. Vou para a casa de outro morador, que não abre a porta para mim pela primeira vez desde que comecei a estagiar ali por que está muito cansado. You win some, you lose some. Deixo ele em paz.

Vou para casa cansado e com fome. Um dia normal e estranhamente atípico.

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Talvez, quando vocês lerem esse texto, achem ele bastante estranho. De fato, ele é, mas foi escrito para ser assim, fragmentário como percebi este dia. Queria escrever um monte de acontecimentos diferentes sem ligação lógica e ver como ficava. Não se preocupem, no próximo post escreverei como uma pessoal normal novamente e não como o Paulo Coelho.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Experiência Subjetiva - Tomando Bebidas Energéticas

Fazer faculdade é tudo flores e doces (que mentira), até que o final do semestre se aproxima. Daí, meu filho, a água bate na bunda e você tem que correr contra o tempo para fazer teus trabalhos e entrega-los a tempo. Como muitas vezes as 12 horas de sol e luz de que dispomos não são suficientes para tanto, precisamos usar as 12 horas de noite e, isso mesmo que vocês estão pensando, deixar de dormir. Para algumas pessoas, isto é relativamente fácil. Como todos que já foram meus colegas de aula sabem, definitivamente não sou uma delas. Pelo o que aprendi com a observação de mim mesmo, preciso de uma quantidade consideravelmente grande de sono e, muitas vezes, mesmo depois de uma boa e longa noite atirado aos braços de Morpheu (olha a boiolagem), eu acabo apagando nos lugares mais impróprios, tais como salas de aula, auditórios lotados, campos de construção e zonas de bombardeio.

Então, quando o final do semestre chega, com sua cabeça feia e fedida, exigindo que eu fique acordado mais tempo do que posso ficar por conta própria, que faço para não dormir e terminar meus trabalhos? Uso drogas, é claro! Meu pai deve ter quase caído de sua confortável cadeira ao ler este parágrafo, então, para deixa-lo mais tranqüilo a respeito do tipo de substância que consumo, vamos definir o que são “drogas” para mim. Considero uma “droga” toda e qualquer coisa que eu possa consumir e alterar meus estados mentais – nesta definição, até Nutella pode ser considerada uma droga, pois quando eu como, eu fico feliz. Então, a droga que consumi para ficar acordado e fazer meus trabalhos foi uma bebida energética. Normalmente, bebo coisas mais leves, como chá preto, coca-cola ou café, que têm efeito similar e são menos duvidosas, apesar de certamente terem um efeito menor. Contudo, como eu estou com prazos bastante apertados, passei ontem no Zaffari e comprei duas latinhas de “Atomic”: uma para fazer meu último trabalho à noite, e a outra para ficar acordado em aula. Como vocês podem imaginar, eu acabei de tomar esse lixo, fiquei ligadão e, como eu gosto de compartilhar com vocês as demências mais bizarras que acontecem comigo, decidi escrever a respeito desta experiência desde seus primórdios, quando a terra era ainda jovem... e, porra, me perdi.

Já dá para saber, antes de tomar, que essas bebidas energéticas não prestam, a começar pelo nome que dão para esses lixos. O nome “atomic” me faz pensar que em coisas radioativas e potencialmente perigosas. Pegando a latinha e prestando mais atenção às letras miúdas, vê-se escrito “crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades: consultar o médico antes de consumir o produto. Não é recomendável o consumo com bebida alcoólica”. Viu? Falei que não presta. Que tipo de bebida precisa de prescrição médica para ser consumida? Eu sei que ninguém lê essas porras no meio de uma festa, mas imaginem a cena: um senhor de idade vai numa balada no Opinião e compra uma Red Bull. Cauteloso, ele lê as instruções de uso e vê que é recomendável falar com alguém que fez Medicina antes de consumir (por que quem fez Medicina sempre sabe de tudo). Ele pega o celular, liga para o médico de sua família e pergunta “doutor, será que eu posso tomar uma latinha de Red Bull”? O augusto herdeiro de Hipócrates diz que não, e nosso amigo obedece, devolvendo a latinha para o barman. Pois é, altamente improvável que isso venha a acontecer um dia. Muito mais provável é alguém tomar esse lixo e ter um piripaque (especialmente quando misturado com alguma bebida alcoólica de alta potência, como está na moda fazer agora, e como está escrito ali na embalagem que NÃO É PRA FAZER). E além de tudo isso, a latinha parece um pinto duro. Sério.

Bem, apesar de todas essas ressalvas, eu ainda preciso ficar acordado, e eu sei que bebidas energéticas deixam as pessoas ligadas e acordadas por experiência própria, pois não é a primeira vez que utilizo esta estratégia. Porém, na outra ocasião, meu objetivo era apenas manter-me desperto, e não produzir algum tipo de escrito, tornando os resultados deste experimento muito mais imprevisíveis. Mesmo assim, depois de perceber que se não tomasse uma providência logo, logo, capotaria de sono antes de terminar todos os meus trabalhos, dirijo-me à cozinha, abro a geladeira, e dou de cara com um portal para outra dimensão. OK, isso não é verdade. Eu só pego a latinha de “Atomic”, olho para ela e penso: como isso parece um pinto duro. Depois das devidas considerações psicanalíticas a respeito dos meus desejos homossexuais reprimidos e se deveria ou não colocar essa bomba química para dentro do meu sistema digestivo, abro-a e consumo o primeiro gole. E, preciso dizer, para um produto com tamanha demanda, essas bebidas energéticas tem um gosto horrivelmente parecido com Fruki Guaraná vencida e sem gás (o que me faz pensar, juntamente com o nome do negócio, se isso aí não é mijo de alguma vaca criada em Chernobyl).

De cara, sinto-me mais alerta. Obviamente, isso é o efeito placebo dando suas caras, pois só o tempo de tomar um golinho não é suficiente para as substâncias energizantes se espalharem por todo o meu organismo. Mas isso é positivo, pois mostra que acredito no poder de Jesus Cristo o Salvador da tal de “Atomic” e seu principio ativo de extrato de guaraná me manter desperto e atento. E acreditar é poder! Volto para a frente do computador, junto com a fiel latinha em formato fálico, ainda bebericando seu conteúdo, e sentindo lentamente seus efeitos verdadeiros chegarem chutando. O primeiro deles é uma maior agitação corporal, que me faz mexer com violência minha perna direita. Depois disso, percebo um déficit na minha capacidade de concentrar-me nas tarefas dadas e de manter as idéias tempo o suficiente em minha memória para desenvolve-las. Percebi este sintoma enquanto tentava escrever meu trabalho de Método Clínico e Diagnóstico, mas ficou ainda mais óbvio quando comecei a escrever este post aqui – por que eu sei que estou num nível hardcore de procrastinação quando começo a escrever qualquer coisa para meu blog quando tenho pilhas de coisas por fazer. Logo após perceber a diminuição de minha atenção, percebo que estou mais propenso a cometer erros de digitação, não por que eu tenha ficado mais descuidado (a neurose obsessiva me impede), mas por que minha coordenação motora fina, a que move os dedinhos e faz com que eles batam as teclinhas com letrinhas do laptop, ficara prejudicada por um certo descontrole e um leve tremor – leve, mas nem por isso desprezível. Há também sintomas psicológicos positivos. Especialmente notável é o aumento na minha capacidade criativa, pois, além de começar este texto aqui, consegui resolver um problema filosófico que atravancava o pleno desenvolvimento de minha argumentação.

Em outras palavras, talvez seja possível dizer que esse mijo de vaca radioativa chamado “Atomic” instalou em mim um estado muito semelhante em alguns aspectos à hipomania. Para os leigos, hipomania é o estado de humor extremamente positivo que acomete os pacientes com Transtorno do Humor Bipolar do Tipo II. Contudo, não notei em mim nenhum sentimento de euforia aumentada ou irritabilidade, mas é um tanto quanto complicado de identificar estes sintomas sem ninguém por perto. Também não lembro se tremores nas mãos e menor coordenação motora fina são também sinais de hipomania. Numa ida ao banheiro para urinar e escovar os dentes, percebo que não é só minha coordenação motora fina que ficara um tanto quanto abobalhada, mas também meu senso de equilíbrio. Durante minha rotina de higiene bucal, fechei por um instante os olhos e senti meu corpo inteiro pender para um lado, não o suficiente para me fazer cair como uma tábua, mas o bastante para me fazer perceber meu estadinho.

Com o tempo, os efeitos do “Atomic” vão se esvanecendo e tornando-se mais sutis, mas ainda presentes em sua maior parte. Começo a ficar um pouco menos alerta, minha perna pára de sacudir alucinadamente e cometo menos erros ortográficos. A minha concentração aumenta consideravelmente, e minha criatividade começa a tornar-se mais cinzenta e menos florida (apesar de ainda ser bastante escandalosa). Mais uma porção de tempo passa, e mais uma vez noto a paulatina mudança nos sintomas da bebida energética. Encontro-me agora na situação ideal para produção de textos e trabalhos que requerem concentração e esforço, pois o cansaço não me aflige, os tremores desapareceram quase que inteiramente, sinto-me alerta e perceptivelmente inspirado, como se algum espírito estivesse aqui ao meu lado, sussurrando as palavras por dizer.

Creio que, de agora em diante, as mudanças na minha fisiologia e comportamento serão mais quantitativas do que qualitativas. Por isso, me dou ao luxo de escrever uma conclusão a respeito do meu pequeno experimento de tomar energético para ficar acordado e fazer trabalhos: só repito essa indiada no final do próximo semestre, com a diferença que, nessa hipotética próxima vez, eu vou beber essa porcaria com duas horas de antecedência e ficar saltitando feito um pogobol chapado até eu sentir-me concentrado o suficiente para escrever páginas e mais páginas de trabalhos.

E a latinha ainda parece um pinto. E tenho dito.

Pergunta do momento

Por que final de semestre sempre vem acompanhado por uma sensação de apocalipse iminente? É a privação de sono ou os trabalhos para entregar amanhã?

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Televisão, Estágio e Loucura (Parte 2)

Mais um dia de estágio, mais um dia de exposição às ondas televisivas. Fui na casa de um morador, para ver como ele estava e conversar um pouco. Como era de praxe, a TV estava ligada. Se serve de consolo, pelo menos desta vez ele não estava sentado no sofá semi-morto, mas tomando seu café da tarde na mesa ao lado, onde se podia apenas escutar a TV. O programa que assistiamos hoje não era nem um filme ruim de doer, nem aquele programa de velhas fofoqueiras com sede de sangue que é o "Brasil Urgente" do Datena - era o show da Márcia. Para os abençoados que não lembram ou são jovens demais para lembrar, aqui vai a maldição do conhecimento - depois que vocês lerem este post, nunca mais esquecerão. Resumidamente, essa Márcia é uma apresentadora rampeira que trabalha como "cabeça" de shows vagabundos há um bom tempo, mas que estourou de verdade há uns 10 anos ou mais quando foi contrada para apresentar um programa de auditório (narcisisticamente chamado de "Márcia") cuja principal missão era a de ser um fórum para aqueles que, não satisfeitos em brigar com algum amigo ou parente por um motivo besta, queriam mostrar para todo o Brasil que estavam brigando com algum amigo ou parente por um motivo besta. Lembro de ter assistido alguns episódios, e a coisa era realmente besta - a atração principal de um era dois amigos brigando sobre qual era o melhor time, Grêmio ou Inter (falando nisso, como tem corinthiano aqui em Porto Alegre, hein?). Tenho a impressão que, por mais que eu me esforçasse, jamais poderia ter idéias tão idiotas. Em todo caso, depois de um tempo ela começou a perder credibilidade (que mesmo hoje não é exatamente muito grande), o programa saiu do ar e ela foi parar na geladeira do SBT. Maaaas, sendo a fênix que ela é, ressurgiu tempos depois, em outro canal, apresentando a mesma porcaria. No presente momento, ela apresenta um programa praticamente igual ao que lembro dela apresentar no SBT, inclusive com o mesmo nome (por que alguém que disse ao vivo que queria que todas as mulheres que assistiam o seu programa fossem fortes, firmes e decididas não deixaria seu narcisismo assim tão facilmente).

O programa é um lixo. Um grande, verdadeiro, completo e total lixo. Não paira nenhuma dúvida a respeito disso. Eu sei disso, o auditório sabe disso, os moradores do São Pedro sabem disso, a produção do programa sabe disso, a Márcia sabe disso! Ainda assim, não dá para tirar os olhos da droga da TV por que a maldita apresentadora enrola tanto, faz tanto doce que no fim qualquer que seja a merda que ela esteja apresentando parece a coisa mais interessante do universo! Veja o exemplo do programa de hoje. A atração principal era um quadro chamado "Espelho Meu" - nesse quadro, a produção do "Márcia" escolhe uma pessoa, geralmente mulher, pobre, favelada e com uma história de fazer a Joseph Klimber chorar, para passar por uma reforma geral no próprio corpo e sair praticamente uma deusa. Esta proposta é duplamente chamativa, por que atrai a atenção do público tanto pela caridade que a Márcia "faz", quanto pela curiosidade mórbida. Eu fui pego pela segunda, pois o que realmente me chamou a atenção foi o close que deram nos dentes completamente podres da pobre candidata à princesa encantada antes do "extreme make over". Mas, o fator que gera mais curiosidade é o mistério. Não se acompanha passo a passo a lenta transformação desta mulher, nunca se vê ela por inteiro, só em partes (os dentes podres, por exemplo). Quando ela tem que aparecer com todo o corpo, ela aparece usando uma roupa preta e uma máscara branca, cobrindo tudo.


Disfarce da participante do quadro "Espelho Meu". Creepy...


A idéia é ir gerando tensão e curiosidade no público, para segurar ele até o final e ver o resultado. E, meu chapéu, como funciona! E como aquela desgraçada da Márcia se aproveitava de nossa paciência! A cada cinco minutos, mostrava na tela um pedaço do processo - no cabelereiro, no dentista, no dermatologista, no pai de santo - dizia que a mulher estava ali, conversava com ela, e então ameaçava mostrá-la ao público. Porém, no exato momento em que achávamos que ela ia mostrar, ela cortava para os comerciais ou para o jabá de algum produto remelento. Isso chegou a atrapalhar meu desempenho profissional. Estava lá eu, conversando com meu acompanhado terapêutico, fortalecendo nosso vínculo, quando de repente aparecia a Márcia e começava a falar no "Espelho Meu". Desconcentrava-me completamente e ficava prestando atenção na TV, pensando "É agora!". Não, nunca era. Depois da terceira vez que ela negou fogo, decidi que era hora de ir embora. Passei, contudo, na casa de outra moradora, e adivinhem o que ela estava fazendo? Sim, olhando a Márcia. Decidi que era meu destino ver como ficara a pobre mulher totalmente repaginada, e fiquei assistindo aquele lixo televisivo até o final. E, como era de se esperar, me decepcionei. Quando ela finalmente apareceu, a primeira coisa que falei foi "colocaram uma cebola no lugar do cabelo dela?" OK, admito, ela estava bonita, mas não o suficiente para justificar toda a atenção que dei para ela. E esse programa é sempre assim: capturam tua atenção com uma chamada espalhafatosa, te enrolam até onde conseguem e então te decepcionam. Mas, não importa quantas vezes isso tenha acontecido, sempre que você ligar a TV naquele canal, naquele horário, vai acabar olhando o programa da Márcia de novo, por que com certeza alguma idiotice vai te atrair. O site do programa também é assim - "mulher noiva há 25 anos"? "Marido infiel jura ter mudado"? Que porra é essa? Não sei, mas quero ver! E é assim que programas ruins continuam no ar: atacando continuamente os nossos pontos mentais mais fracos.




Márcia: histericamente chamando nossa atenção em mais de um front.