terça-feira, 28 de setembro de 2010

Crônicas de um Restaurante Universitário

Estou no meu estágio outra vez, e, como como surgiu uma folguinha, decidi escrever aqui no blog outra vez sobre meu assunto favorito: o RU. Eu sei, eu sei, dizer que RU é meu assunto favorito é o mesmo que dizer que o Clodovil era afrescalhado. Tenho a impressão que toda vez que eu digo "oi, vou falar do RU hoje" vocês reagem da mesma maneira aos Testemunhas de Jeová que batem na sua porta e perguntam "posso te falar sobre Jesus?" A diferença entre eu e os Testemunhas de Jeová é que eu não bato na sua porta pra falar do RU (e se eu fizesse, seria por que eu não tomei meu antipsicótico) - na verdade, quem vem ler minhas ridículas opiniões sobre o Restaurante Universitário da UFRGS é você, então eu não sei por que estou me justificando aqui.

Mas, voltando ao assunto, minha opinião é clara: o RU é do caralho. Tudo que se refere à esta instituição, se não me faz ficar feliz por ter vindo estudar em Porto Alegre, pelo menos me faz rir, como o estranho hábito que todo calouro da UFRGS desenvolve de descascar laranjas com colheres. Eu até fiz um trabalho de Antropologia sobre essas coisas! E hoje, mais uma vez caminhando do ambulatório para meu almoço, percebi: o RU me transformou em mais um esquisitão da UFRGS, por que nunca, de maneira alguma, um restaurante em Caxias do Sul, mesmo o RU da UCS me faria achar que andar com um vidro de azeite de oliva e outro de queijo ralado dentro de um pote de sorvete da Kibon de baixo do braço seria algo normal. Mais engraçado ainda, ninguém dentro do RU achou estranho - bom, pelo menos ninguém me abordou e perguntou "ô amigo, que porra é essa?", o que já é sinal de alguma coisa.

Outra coisa que me chamou a atenção hoje foi a fila: não havia uma. Quero dizer, havia uma sim, mas nada que se compare com as monstruosidades que já vi por aqui ainda esse ano. Com a reforma e a expansão do RU aqui do Vale, não é mais necessário esperar 40 minutos na fila para poder comer o feijão com arroz mais maravilhoso do mundo - hoje fiquei menos de 5 minutos, isso considerando toda a embananação que me deu ficar segurando o pote de sorvete da Kibon. Contudo, apesar de ficar maravilhado com isso, não pude deixar de notar que o bandejão estava funcionando no limite de sua capacidade. Como nos meus tempos de bixo no Campus Saúde, era plenamente possível encontrar lugar para todo mundo se servindo, mesmo estando todas as cadeiras ocupadas, por que o fluxo de clientes é ágil o suficiente para que as pessoas se sirvam, sentem, comam e vão embora, deixando seus lugares para os que chegam depois.

Esse é um equilíbrio delicado, especialmente se considerarmos a época em que vivemos. Agora, eu posso ir almoçar às 12:30 e não ficar com cãimbra de esperar em pé, mas cada começo de semestre pode jogar tudo isso pelos ares. Logo depois que virei veterano, criei o saudável hábito de, no início de cada semestre, passar do lado da fila do RU usando a roupa que mais me deixasse com cara de mendigo louco, fazendo cara feia e dizendo "malditos bixos" e algumas ameaças, para ver se a fila diminuía mais rapidamente. Mas aquela era uma época mais simples, quando o REUNI não existia, e a possibilidade de um curso novo brotar da terra era inexistente. Agora, todo ano, somos confrontados com o risco de alguma unidade criar uma graduação nova, como Massagem Erótica, que, além de roubar mercado da Fisioterapia, atravanca a fila do RU com mais bixos e mais pessoas comendo no RU. São tempos difíceis.

Outra coisa difícil são as prefeituras dos campi, e as decisões que elas tomam. Por exemplo, esses dias, voltando para casa, tomei um atalho e passei do lado do RU da Saúde. Descobri então que colocaram uma grade em volta do restaurante. Por que? Não faço a menor idéia, mas eu acho que é para atrapalhar todo mundo, por que a entrada agora só pode ser feita por um lado da rua, e justamente o lado mais difícil.

Por fim, por que eu escrevi esse post? Por nenhum outro motivo além de que o RU é, realmente, do caralho, e merece mais um post aqui para atestar isso.