domingo, 30 de dezembro de 2007

Um pouco sobre mim mesmo

Depois de fazer as honras de apresentar nosso clubinho aos nossos leitores (provavelmente imaginários), acho que devo falar um pouco sobre mim mesmo. Tenho 19 anos, estou indo para o Segundo Ano do curso de Psicologia. O nome Andarilho eu escolhi para escrever em outro blog, o Roqueiro & Alcoólatra, onde ainda escrevo (pra caralho), e é. Sou um dos editores do jornalzinho Psiu!, participante ativo do Diretório Acadêmico de Psicologia (DAP), e não me prostitui para o CNPq ou para a Prorext. Ainda. 200 reais a mais no final do mês são sempre bem vindos.

Sou provavelmente o mais paradoxal amolador de faca, pois tenho muitos gostos diferentes e opostos. Digo que sou paradoxal e não contraditório por que paradoxos são harmoniosos apesar de díspares, enquanto contradições sempre envolvem atritos. Pensando bem, talvez eu seja contraditório. Se eu mudar de idéia eu aviso.

Gosto de Neurociências, Ciências do Comportamento, Ciências Sociais (especialmente Antropologia), Psicologia Fenomenológica (como Humanismo e Transpessoal), Psicologia Positiva e Parapsicologia, certamente o item mais controverso desta lista, tanto que por causa dele eu poderia ser tachado de "holista", uma das cinco palavras mais ofensivas para um Amolador de Facas (as outras quatro são "psicanalitico", "foucaultiano", "bobo" e "feio"). Gosto de polêmica, e Parapsicologia é polêmica, além de pesquisar um assunto muito interessante. Sou cético, mas não Cético, pois apesar de considerar muitas pesquisas como bobagens acadêmicas, não sou a favorde cancelá-las. Aliás, espero sinceramente que elas descubram alguma coisa útil (o que geralmente não acontece, mas quem sou eu para definir o que é útil e o que não é?).

Não gosto de donos da verdade, como o pessoal que ficou gritando pelo fim de pesquisas no Rio Grande do Sul estudando o cérebro de meninos deliqüêntes. Cito este caso como exemplo por que foi o que eu mais perdi tempo discutindo, e digo que perdi tempo por que não adiantou nada, pois os argumentos mais fortes que tive de rebater foram as afirmações de que eu era reacionário e fascista. Aliás, nem sei se a pesquisa passou pelo Comitê de Ética. Espero que tenha, mas isso não vem ao caso.

Me esforço em ser tolerante, mas ainda assim, não gosto de Psicanálise e psicanalistas, que muitas vezes mais se assemelham à videntes charlatões do que psicoterapeutas. Aliás, devo dizer que muitos Analistas do Comportamento agem da mesma forma que psicanalistas.

Provavelmente eu poderia falar mais a respeito de mim, mas acho que eu acabaria falando de assuntos que não interessam (neste blog pelo menos). Sei que pelo menos um amiguinho vai ter que tomar um vidro de Prozac inteiro depois de ler este texto (como geralmente ele faz quando deixo links "bonitinhos" em sua página de recados do Orkut), e que vai citar todos os meus holismos, e outro que vai, também enumerar os mentalismos que usei. Os dois são Amoladores, e estou só esperando que eles comecem a escrever aqui também

O que é um Amolador?

Considerando que este blog é completamente novo, sem nada de muito interessante para mostrar, acredito que devo, como primeiro membro a postar algo aqui, falar a respeito do nome do nosso blog: por que "Amoladores de Facas"?

Para começo de conversa, nós amoladores somos muito diferentes uns dos outros, mas temos pelo menos três coisas em comum. A primeira coisa em comum é que todos nós estudamos Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de agora em diante chamada apenas de UFRGS, URGS ou A Grande Mãe Urguis.

A segunda coisa que temos em comum é nossa parca paciência com certas linhas teóricas que existem dentro da Psicologia. Não tanto contra suas idéias, mas contra suas atitudes dogmáticas, avessas à mudanças e, mais importante, anticientíficas. Não é uma ou outra linha específica, pois cada um de nós tem um asco pessoal (eu por exemplo, tenho minhas diferenças com a Psicanálise a nós ensinada). Poderíamos chamar este ponto em comum de "Espírito Crítico". Nem por isso somos menos contraditórios, pois, por mais que detestemos discussões epistemológicas vazias, as quais gosto de chamar de "punhetas intelectuais" por apenas jogarem fora células saudáveis no lixo, sempre acabamos caindo nelas, e até criando blogs para facilitar nossas punhetas intelectuais!

A terceira coisa em comum é nosso espírito de porco. Nas salas de aula, geralmente escolhemos as mesas do fundo (sim, Amoladores e Turma do Fundão são quase sinônimos), para que tenhamos um local seguro para largar nossas bombas durante as aulas, conversar sobre Pokemons ou simplesmente dormir. Também temos um gosto especial em perder tempo com coisas inúteis, como criar escalas psicométricas que medem o nível de chinelagem acadêmica, desenvolver teorias sobre comportamentos sexuais em filhos únicos e outras bobagens igualmente inúteis. Nesta mesma categoria, posso dizer que não somos muito afeitos ao "bom mocismo" e atitudes politicamente corretas.

E apesar de ter dito que temos pelo menos três coisas em comum, nós temos uma quarta coisa também: geralmente, gostamos e defendemos as Ciências do Comportamento, as Neurociências, Psiquiatria e até as Engenharias. Por que? Por que ninguém além de nós gosta destas disciplinas lá no Instituto de Psicologia da UFRGS. E por que elas são legais.

Bem, até agora, falei da nossa personalidade debochada e dos nossos gostos em comum, mas não falei nada sobre o nome do nosso "clubinho". Afinal, por que alguém em sã consciência seria um "Amolador de Facas"? Eu explico.

No primeiro semestre de 2007, primeiro semestre na faculdade para muitos de nós, tivemos a grata satisfação de ler para a disciplina de Psicologia Social I um texto de um senhor considerado muito importante por muita gente, mas obviamente não por mim, considerando que já esqueci seu nome e o título do referido texto. Aliás, esqueci quase tudo o que aquele prolixo senhor dizia nele (não gostamos de gente prolixa, a propósito). Só lembro de uma coisa: que ele detestava as pessoas que ele denominava de "amoladores de facas". Segundo ele, amoladores de faca são os que afiam as facas que a sociedade disciplinar opressiva (ou alguma coisa do gênero) crava na barriga dos fracos. Estes amoladores são Psicólogos Comportamentais, Neurociêntistas, Psiquiátras, engenheiros e pessoas omissas que não fazem nada para impedir os "maudosos", toda essa corja que gosta de ser metódica ao invés de ficar fazendo poesia pra salvar o mundo. Por que pra salvar o mundo tem que ir pro lado "subjetivo" e só. Nada contra a poesia, mas ela sozinha não é capaz de fazer muita coisa, apesar do que nossos amiguinhos (adoramos chamar todo mundo de "amiguinho", igualzinho ao palhaço Gozo) dizem. Acreditamos que só podemos obter algum progresso na Psicologia com métodos rigorosos e disciplinados, sendo críticos em relação a nossas práticas e a nós mesmos, e que qualquer um pode fazer isto (psicanalistas inclusive. Ou já esqueceram do amigo John Bowlby?).

Bem, acho que consegui pintar um retrato mais ou menos acurado de nós mesmos e do que gostamos. Não espero que você, leitor desprevinido, goste de nossas opiniões e que volte sempre. Aliás, é muito provável que após ler nossos textos, você deixe um comentário desaforado e nunca mais apareça, exceto quando estiver de muito mau humor e com desejos de nos xingar (o sistema deste blog não permite comentários anônimos, já vou avisando). Aprendi que "debates de alto nível" geralmente não são tão alto nível assim, e que as partes envolvidas quase sempre levam o assunto para o lado pessoal. Mas eu gosto de agir como um idiota, e espero (sentado) que pessoas inteligentes e capazes de diferenciar assuntos teóricos de assuntos pessoais leiam e comentem nossos textos, contribuindo para nosso crescimento intelectual.

E já estou esperando um comentário listando todos os mentalismos utilizados neste texto, por que fui condicionado para tanto.