terça-feira, 29 de junho de 2010

Psicopatologia da Vida Cotidiana no RU

Comi no RU hoje. De novo. Nessas alturas do campeonato, isso não é novidade pra mais ninguém, principalmente pra tia do RU, que me avisa qual caixa eu devo me dirigir. Também não é novidade para ninguém o quanto eu gosto do pudim do RU. Todo mundo que lê esse blog sabe que isso que eu chamo de "pudim" na verdade é uma pasta cremosa, colorida, doce e gostosa, e que eu fico muito feliz quando tem isso no cardápio do dia. Agora, uma coisa que pouca gente sabe é que, quando tem pudim no RU, eu também fico paranóico. Basicamente, meu medo é: se eu deixar minha bandeja aqui e for buscar meu suco (ou água, como tem sido bastante freqüente aqui no Campus do Vale), será que alguma dessas pessoas aqui sentadas não vão meter a colher na minha sobremesa? Eu deixo minha bandeja, vou até o lugar onde se pega o suco, mas vou e volto pensando nisso, tanto que inspeciono atentamente a massa açucarada que há na minha bandeja, para ver se não há marcas de colheres alheias, ou uma diminuição no volume total de gostosura.

Outra coisa que me deixa paranóico em dia de pudim: será que eu ganhei menos pudim que os outros? Eu olho atentamente enquanto a funcionária do RU coloca a minha porção do dia, e depois, comparo com o que os outros freqüentadores do estabelecimento ganharam. Geralmente, acho que ganhei a mesma quantidade, fico feliz e esqueço disso. Entretanto, se desconfio que alguém foi mais abençoado que eu, ou a média da população, fico "cabreiro", como diria o bom e velho Boça. Fico pensando em perseguir esta pessoa, descobrir o que há de especial nela, o que ela faz para merecer tamanha graça, enfim, tento responder a pergunta "PORQUE NÃO EU? PORQUE? Ó SUPREMA INJUSTIÇA!"

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Exceto nos dias em que eu sou agraciado com uma dose levemente maior do que os demais. Nesses dias, eu gosto de imaginar que alguém que passou do meu lado, olhou para a minha bandeja e pensou "esse cara deve ser especial pra ganhar tanto pudim assim".

No ajojo

Vindo morar em Porto Alegre, eu acabei mudando minha maneira de falar. Claro, não cheguei a adotar completamente o sotaque do Bom Fim, que é ali do lado da minha casa, nem abandonei por completo meu sotaque de gringo da Serra, tanto que largo um "poca voya", "brodo", o clássico "porco ziuna" e o inconfundível "pede pra fulano se não é verdade. Aprendi, no entanto, uma série de termos novos, que creio serem utilizados somente aqui, na Capital.

O primeiro termo foi "teto". Para qualquer outro cidadão desse país, teto é aquela parte da casa que fica sobre sua cabeça. Para o portoalegrense, "teto" também é uma divagação mental, uma "viagem". "Bah meu, tava aqui tetiando sobre ir morar no Canadá e me prostituir pra ganhar a vida" é um exemplo do termo utilizado como verbo. "Teto Véio Loco" é uma maneira particularmente engraçada e enfática de dizer que uma divagação é mais fora do normal que... o normal.

Há também a palavra... OK, talvez eu não tenha aprendido tantas palavras novas assim aqui em Porto Alegre, mas eu queria dar uma enrolada antes de falar da gíria "Ajojo". Para ser sincero, não sei se eu já não conhecia essa aberração gramatical antes de vir morar aqui. Porém, sei que só comecei a dar valor para seu uso por aqui, quando percebi que dizer "tô ajojado" é uma maneira bem descritiva de dizer "estou me sentindo ao mesmo tempo cansado, retardado e incapaz de realizar qualquer tarefa mais complicada que bater com a cara na mesa." Além disso, "ajojado" é engraçado como aquelas palavras que seu afiliado de 3 anos fala na ceia de Natal - quando ele diz é bonitinho, quando você diz, é mongo. Eu me divirto com esse tipo de situação. Prefiro que as pessoas pensem que eu tenho algum tipo de déficit cognitivo, e que eu seria incapaz de escrever meu nome sem trocar alguma letra de lugar.