terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Diários de Bicicleta - contemplações sobre o trânsito, a vida e tudo o que se move sobre o asfalto

Foi hoje. Depois de muito tempo me enrolando, protelando minha decisão, fui numa oficina comprar uma bicicleta, acompanhado pelo meu valoroso amigo Brunão. Não saí de lá andando na minha bike nova, mas deixei tudo mais ou menos encaminhado para fazer isso até semana que vem.

Tenho a impressão de que tanto o fato de eu ter procrastinado todo esse tempo, tanto quanto o fato de eu tomar atitudes concretas para adquirir uma bicicleta nesta época não são aleatórios. Hoje, ao contrário de um ano atrás, quando comecei a pensar a respeito, eu realmente quero e preciso de uma "magrela". Primeiro, por que ao longo deste ano, eu acompanhei as discussões em torno das discussões sobre políticas de transporte público. Conversando com amigos que participam da Massa Crítica, lendo notícias de jornais - tanto da grande mídia como a Zero Hora, quanto meios mais digitais, como o Sul21 e o eventual link interessante que encontro no Facebook - e observando o trânsito de Porto Alegre, concluí que o atual modelo é insustentável. Toda a cidade é construída para facilitar o acesso de motoristas de automóveis, em detrimento de pedestres e ciclistas - não existem ciclovias, as sinaleiras claramente beneficiam os carros e atravessar na faixa às vezes é mais um desafio moral do que uma obrigação civil, considerando a falta de consideração dos motoristas. Eu, que estou em boa forma física, consigo correr com relativa facilidade e evitar o eventual atropelamento, mas não posso dizer isso de todos os habitantes de Porto Alegre.

LinkTalvez essa situação não fosse tão problemática se o carro não fosse uma maneira tão ineficaz de deslocamento: exige o uso de combustíveis fósseis caros e poluentes e é bom apenas para alguns poucos sortudos que têm dinheiro o bastante para comprar (e manter) um carro na garagem. Além disso, o carro é necessariamente espaçoso e individualista - pra não jogar a discrição pro alto e dizer egocêntrico logo de uma vez. Não precisa ser engenheiro civil com PhD em transportes públicos pra perceber isso. Basta observar por cinco minutos o tráfego numa rua importante, como a avenida Ipiranga ou a rua Lima e Silva: enquanto que numa calçada com 3 ou 4m de largura circulam dezenas ou talvez centenas de pedestres, no mesmo espaço na rua, trafegam apenas alguns carros que, não bastasse serem grandes, raramente transportam mais do que duas pessoas. Junte-se a isso o fato de que, quanto mais expandem as ruas, as avenidas e as estradas para comportar o grande volume de carros individuais, maior este volume se torna, por que os motoristas que, para evitar congestionamentos, antes pegavam carona ou iam de ônibus, agora pensam que podem se dar ao luxo de ir de carro para o trabalho, tornando a expansão inútil.
Outro problema que me levou a pensar em andar de bicicleta é o sistema de transporte público de Porto Alegre, que utilizo para ir para meu estágio no longínquo reino do Campus do Vale, quase em Viamão. Os ônibus que normalmente pego não são ruins. Pra falar a verdade, são bastante confortáveis para meus padrões não tão altos. Porém, esse aparente conforto se limita aos horários de menor movimento, antes ou depois do povo largar para o trabalho, quando os ônibus não estão tão lotados que tu corres o risco de perder o ponto se não te levantar duas ou três paradas antes para te espremer por entre os teus companheiros de jornada, até chegar à porta. Novamente, isso talvez não fosse um problema para mim, e eu poderia muito bem me organizar de forma a sempre pegar ônibus em horários de menor movimento de passageiros, se "menor movimento de passageiros" não significasse também "menor movimento de ônibus." Essa é uma situação meio "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" - ou tu te atrasa, ou tu te espreme.
Talvez estes defeitos seriam escusáveis, se o transporte público fosse barato e eficiente. Mas ele não é nenhuma dessas duas coisas: a frota de ônibus não supre a demanda atual, e a passagem vai aumentar esse ano para R$2,90. Esse é o prego do caixão: desde que eu me mudei para Porto Alegre, em 2007, o preço da passagem aumentou de R$2,00 para R$2,90, sem nenhuma melhoria ou mudança significativa no serviço. A única explicação razoável e satisfatória para este aumento é que alguém na Prefeitura lucra com isso. Todos os anos, durante as férias escolares, é anunciado um aumento acima da taxa de inflação, jogando a culpa em algum fator irrelevante, como o aumento dos salários dos motoristas e cobradores, ou o "prejuízo" que as isenções para estudantes e idosos causa para as empresas de ônibus. É feito então algum tipo de manifestação, normalmente na Esquina Democrática, ou o uso de adesivos dizendo que o novo aumento é um assalto, que mobiliza a indignação pública, mas no fim das contas, não muda coisa nenhuma em relação ao aumento. No fim, depois de termos gasto toda nossa saliva reclamando e gritando que "3 pila é um abuso!", nos resignamos, e pagamos, sim, os três reais pelo serviço medíocre que nós é oferecido. Na minha fértil imaginação, eu vejo os donos da Carris, Unibus, Conorte e STS, gordos, bem vestidos e endinheirados, em algum restaurante chique bebendo champanhe, cheirando cocaína e rindo das nossas caras, dizendo enquanto se dão tapinhas nas costas "eles reclamam, reclamam e reclamam, mas sempre engolem o aumento, por que eles dependem da gente. Otários!" Talvez eu não tivesse o direito de reclamar do preço da passagem: estudo na UFRGS, ganho bolsa de extensão e tenho pais que me sustentam enquanto não me formo. Sou um playboy, um mauricinho, um pseudorevolucionário que fica reclamando de barriga cheia no seu blog, e que deveria usar meu tempo pra coisas mais produtivas, como estudar e ser um cidadão de bem. Talvez essa opinião conservadora esteja correta, mas não é tanto por mim, que posso tranquilamente pagar R$2,90 por viagem de ônibus, que eu reclamo: é por pessoas, homens e mulheres simples, que trabalham em condições precárias e ganham salários baixos, que não tem dinheiro para comprar um carro ou mudar de cidade, e para quem o aumento na passagem pode fazer a diferença entre poder ter uma refeição quente à noite ou não.
Há um último motivo que me levou a comprar uma bicicleta em 2012: a filosofia anarquista. Provavelmente, se você está lendo meu blog, já deve saber alguma coisa sobre essa escola de pensamento político. Porém, considerando que a vida é uma caixinha de surpresas, e sempre aparece alguém novo por aqui (especialmente pessoas pesquisando bolsas carteiro femininas e o futuro do cantor Leo Santana), acho que vale a pena explicar que anarquismo, ao contrário do que o senso comum nos ensina, não é a justificação da desordem ou da bagunça gratuita, mas uma filosofia que defende o poder pessoal e a ação direta. De uma perspectiva anarquista, protestar por melhores condições de transporte público é "militantemente mendigar" por aquilo que é meu por direito - poder ir e vir para onde eu quero. Esperar que o governador, o prefeito ou a presidente melhore minha vida é renunciar à minha própria capacidade de resolver aqui e agora meus problemas de forma criativa e guiada por meus ideais. Nós não sabemos, mas não dependemos de nenhum Estado ou governo para vivermos felizes, mas só estamos descobrindo isso aos poucos. Como disse meu amigo Marcelo um dia desses, "as coisas parecem que não vão pra frente, só que elas vão, bem devagar, como um musgo que vai lentamente se espalhando." É bem assim mesmo, penso eu.
Percebi isso enquanto eu observava o bicicleteiro Nativo mexer na sofrida bicicleta do Bruno. Com o cuidado e carinho que só quem entende do assunto consegue demonstrar, ele mexeu os pedais, apertou uns parafusos e declarou que estava tudo certo, e que só ia precisar trocar o quadro de marchas eventualmente. Foi um processo que durou, no máximo, dez minutos, mas que foi suficiente para me mostrar que a tecnologia da bicicleta é muito superior a do carro, não apenas por ser menos poluente, mas por que faz com que os indivíduos se envolvam e reflitam muito mais sobre a maneira como vivem suas vidas. Quando o nosso carro quebra, vamos até a oficina mais próxima, largamos ele na mão do mecânico e só voltamos na hora de pagar pelo reparo realizado. Não sabemos de nada do que foi feito (e quando o mecânico tenta descrever o que foi feito, fingimos entender para não ficarmos com cara de bobo). Com a bicicleta, como eu pude ver hoje no comportamento do Bruno, é diferente. Ele sabia o nome das peças, a importância de cada uma, e o que estava errado com a bicicleta (bem diferente do clássico "meu carro tá fazendo um barulho estranho"). Ficou ao lado do Nativo enquanto ele futricava e fuçava na magrela, e discutiu com ele o que deveria ser feito a seguir. Até o momento, todas as pessoas que eu conheço que fundamentam filosófica e politicamente o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo ao carro fazem isso.
Outra coisa interessante sobre bikes: o grande reaproveitamento das peças já disponíveis no mercado. Mais do que encomendar bicicletas inteiras novas, se dá preferência a pegar uma peça aqui e outra lá para montar uma bike que é ao mesmo tempo nova e usada. Pode parecer uma maneira muito primitiva de produção, mas, misturando componentes que antes estavam separados, acumula-se experiência e cria-se conhecimento. Isso é ciência. Mais do que isso, é uma ciência sustentável, por que não pressupõe o descarte dos modelos tecnológicos anteriores, e sim seu aprimoramento. Por estes motivos, penso que andar de bicicleta é uma decisão eminentemente prática. Não apenas por facilitar minha vida e me poupar do incômodo de pagar quase três reais por viagem de ônibus, mas também por que, acredito eu, mudar o próprio comportamento é a melhor maneira de mudar o mundo a nossa volta. Ingênuo? Possivelmente. Porém, estou disposto a ver isso por mim mesmo, ao invés de acreditar em opiniões alheias.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Revestibular

Estava agora mesmo no Facebook olhando um print screen tirado do site da UFRS com as notas do primeiro e último colocados no vestibular para Medicina. Completamente alheio à discussão das cotas raciais e sociais, comecei a fazer pequenos experimentos mentais, tentando responder à seguinte pergunta: e se eu fizesse vestibular outra vez?

Cacete, acho que essa é uma pergunta que muita gente se faz quando chega no último ano da graduação. Salvo raras e deprimentes exceções, entrar na universidade é um dos momentos mais felizes da vida de um estudante. É neste momento em que trocamos a pressão do cursinho e da família para passar pela alegria de integrar a elite intelectual brasileira, e de poder encher a boca pra dizer "ah, eu estudo na UFRGS", sem contar os fantásticos amigos que se faz ao longo dos cinco (ou mais) anos de faculdade. É, desse ponto de vista, fazer vestibular outra vez não parece uma má idéia. Tu já passou nele antes, não? Agora tu já conhece as manhas, então vai ser mais fácil ainda. Além disso, tu agora tem uma experiência em primeira mão da universidade por dentro, já deve ter encontrado a tua zona de conforto e a maneira de ser feliz ali dentro. Fazer pós-graduação é mais difícil, e não é a mesma coisa que ser graduando, por que parece ter muito mais responsabilidades.

Nesse ponto, me imagino indo fazer a prova, ficando numa boa, escrevendo a redação sem pressa e, então, encontrando meu nome na lista de aprovados do concurso vestibular UFRGS 2013. Êxtase! Regozijo! Orgasmos múltiplos! Tudo bem, mas eu ainda não respondi uma perguntinha essencial: pra que curso eu faria outro vestibular? Faço agora outro experimento mental: e se eu fizesse vestibular para Medicina?

Os filhos da classe média, esse povo sofrido que mal e mal consegue pagar as prestações do carro novo e comprar uma TV LCD de 60 polegadas, ao longo dos três anos do ensino médio, é bombardeado seguidas vezes com a informação de que o vestibular para Medicina é muito concorrido, que tem que estudar muito, e que pouquíssimos são aprovados. A mensagem que nos mandam é que "passar em Medicina é foda". Nós pegamos essa mensagem, e ficamos honestamente assustados com a média harmônica do Vestibular, mas nós também codificamos outra mensagem, que vem escondida na primeira: se passar em Medicina é foda, quem passa em Medicina é foda também. E dessa mensagem, deduzimos uma série de outras - se eu passo em Medicina, que é foda, eu sou foda também. Então, a carreira em Medicina é uma coisa foda de boa, que vai pagar uma grana foda de alta, e qualquer coisa que eu quiser fazer dentro dela vai ser foda de foda, sabe por que? Por que eu sou foda.

Vitinho deve ser médico além de músico.

Questionamentos do tipo "será que é isso mesmo que eu quero fazer?" são abafados pelo som dos milhares de digdins tocando ao fundo dessa cacofonia, e muitos de nós concluem que o negócio é fazer Medicina. Talvez eu tenha exagerado na minha descrição, mas acho que, se exagerei, não foi muito. Não caí nessa armadilha, e muitos estudantes de outros cursos da UFRGS também não. Porém, o fenômeno de muita gente fazendo "faculdade de cursinho", estudando cinco anos para não passar em Medicina é tristemente comum. Não tenho nenhuma estatística precisa a este respeito, mas posso apostar com alguma segurança que todos os cursos pré-vestibulares de Porto Alegre têm pelo menos cinco alunos nesta condição, e estou sendo conservador nas minhas estimativas.

Mas será que toda essa badalação da Medicina é infundada? Certamente que não. Nunca em minha vida meus professores de Ensino Médio me ensinaram algo falso, desatualizado ou que não fosse profundamente importante, e que eu não fosse usar em minha vida futura. Então, passar em Medicina é passar pelos Portões do Paraíso Celeste e sentar ao lado direito de Deus, exceto que Deus não existe e quando nós morrermos vamos apenas apodrecer e virar comida de verme, por que médicos são ateus (apesar de serem a coisa mais próxima de Deus que nós temos). Já passei por um vestibular, fiz uma faculdade e estou quase diplomado nela. Agora deve ser a hora de abandonar as futilidades da vida inferior de psicólogo para abraçar a gloriosa vida de Médico.

Agora, neste ponto do meu experimento mental, me vejo outra vez fazendo a prova do vestibular para Medicina, passando, olhando a Zero Hora com o listão de aprovados na praia e gritando para todos que puderem ouvir "CHUPEM! MINHA! BENGA! EU SOU FODA!" ou qualquer outra blasfêmia parecida. Sim, os louros da vitória são doces. Enfrento, um problema filosófico importante aqui, que é o seguinte: pra fazer tudo isso, eu preciso primeiro passar em Medicina, e pra passar em Medicina, precisa estudar. De um jeito foda.

É, eu posso fazer isso. Mas mais importante do que saber se eu posso fazer, é saber por que eu vou fazer. Eu sei que eu posso jogar meu laptop pela janela enquanto eu grito que Satanás possuiu o HD e baixou 15 giga de pornografia. Eu sei que eu posso. Agora, eu não faço isso por que ia ser uma grande idiotice (especialmente se Satanás realmente tivesse baixado 15 giga de pornografia pra mim). Eu sei que eu posso estudar bastante para o vestibular, e eu sei que, se eu estudar bastante, eu posso passar em Medicina. Todavia, pergunto: por que eu faria isso? Sim, eu sou inteligente (eu sei até escrever para um blog), mas não sou telepata nem sou o escravo sexual de ninguém da reitoria, o que significa que vou ter que estudar bastante, por pelo menos um ano antes de fazer a prova. Esse ano não vai dar, por que tenho o último estágio e o TCC para escrever, a não ser que eu largue tudo pra conquistar meu sonho.

Na padaria é mais barato.

Mesmo que eu não faça isso e termine minha graduação em Psicologia (pra ter direito à cela especial), eu teria que jogar fora outro ano da minha vida só estudando. E estudando o que? Análise do Comportamento aplicado à contextos comunitários? Neuropsicologia Cognitiva? Teoria do Conhecimento Materialista? Não senhor! Eu ia ter que voltar pros meus livros de Física, ler as leituras obrigatórias e fazer muitas continhas de Matemática. Eu teria que deixar de fazer o que eu gosto de fazer, pra passar um ano me preparando para talvez passar mais seis anos fazendo alguma coisa que eu talvez goste, por que todo mundo me diz que essa coisa é foda.

Então, passado um ano de sacrifício (por que até hoje meus piores pesadelos envolvem estequiometria e química orgânica), eu finalmente posso fazer a prova. Daí vem outro problema pra mim. Esse ano, veja só você, eu fui fiscal do vestibular, e pude ver, em primeira mão, o que é ser vestibulando, sem ter que passar pelo desconforto de ser um. Por quatro horas e meia de quatro dias seguidos, pude acompanhar, sem pressa, a agonia que é fazer a prova da UFRGS. Algumas vezes, enquanto passava ao lado das mesas dos candidatos, eu olhava para as provas, via a imensidão de números e coisas escritas e pensava "obrigado Aslam, por eu não ter mais que passar por esse sufoco."

"De nada."
Mas eu acompanhei a prova para Psicologia. Os eventos mais empolgantes do nosso trabalho era acompanhar alguém até o banheiro quando o fiscal volante não estava disponível. Quem foi fiscal nos locais de prova para Medicina, por outro lado, teve tanta excitação que vai gastar os 300 reais que ganhou em bebida, pra esquecer o que viu: gente colando, gente chorando, gente sofrendo, e gente rodando na prova. Quase todo mundo, na verdade. Vale a pena passar por isso outra vez?

Resta, então, uma última pergunta, um último experimento mental: e se eu faço o vestibular para Medicina e passo? Vamos pular a parte em que eu comemoro a aprovação de um jeito que vai me botar na cadeia e ir direto para os dias de aula. Vou ser estudante de Medicina, sim, e todo mundo com quem eu falar vai admitir (ainda que apenas tacitamente) quão foda eu sou, e vou estar sempre a dois passos do Paraíso. Contudo, eu vou ser bixo de novo. E por seis anos, eu vou ser tratado (de novo) como se eu não soubesse a diferença entre a minha boca e a minha bunda, e ouvir explicações diárias em qual delas eu posso colocar cerveja. E entre uma explicação e outra sobre o artigo mais recente sobre os efeitos de ingerir álcool pelo reto, eu vou ter que fazer uma cacetada de estágios que não me interessam, como Ginecologia, Proctologia e Dermatologia, tudo isso no ambiente extremamente hierárquico e reacionário que é o hospital. Um médico poderia intervir agora e dizer "mas tu pode fazer estágio em Psiquiatria ou Neurologia, e trabalhar com aquilo que tu gosta." Sim, eu poderia. E é exatamente o que eu faço agora, sem ser estudante de Medicina. E, como cereja do bolo, a recompensa por estes seis anos de estudos sem sentido será mais dois anos de estudos sem sentido, agora como residente em alguma coisa. Fantástico.

Tendo feito todas estas considerações, concluo apenas uma coisa: melhor fazer mestrado, que pelo menos daí eu viro mestre em alguma coisa.

Chupa essa manga, Pai Mei.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sonhos de uma Noite de Verão

Já passei por essa fase antes: é verão, faz calor em Porto Alegre, e do ônibus que me leva para o estágio, vejo as propagandas da Coca-Cola falando sobre como as férias são a época mais fodástica da vida. Quando olho TV, vejo pessoas sendo felizes à beira do mar. Quando abro o Facebook, vejo que meus amigos criaram álbuns cheios de fotos ensolaradas e com títulos do tipo "Bombinhas", "Sol e Mar", "Felicidade." E tudo isso junto me deixa com vontade de ir pra praia.

Mas não é qualquer praia - quero ir para aquela que satisfará todos os meus desejos, desde a simples vontade de descansar, até coisas mais sutis, como sentir o cheiro de comida que pairava pelo ar quando eu costumava ficar dois meses inteiros na casa de praia da minha avó. Começo a fazer planos, e percebo que todos eles dependem de fatores que fogem ao meu controle: a atmosfera, o tempo, meu dinheiro, as outras pessoas. Sim, quero ir para a praia, mas não é qualquer praia: tem que ser uma que tenha gente conhecida, festas legais e um mar azul e tranquilo. A partir desse ponto em diante, os planos se tornam fantasias escrachadas, e me vejo vivendo as mais loucas aventuras e paixões nas areias de Atlântida, Tramandaí ou Florianópolis.

No início do ano passado, comecei um dos meus textos falando justamente sobre esse mesmo sentimento. A propaganda da Pepsi que diziam que o verão "pode ser bom" me faziam pensar em velhos amores tomando banho de sol na praia, apenas esperando algum acontecimento repentino e inesperado, algo que mudaria tudo para sempre. E esse acontecimento era eu, o único indivíduo usando roupas por que acabara de chegar ali de algum jeito muito insólito e original, caminhando despreocupado à beira do mar, com os sapatos jogados às costas e uma cara de que "sim, eu sou o que você quer." Como os seres humanos somos seres profundamente repetitivos, estou tendo as mesmas fantasias neste exato momento.



Por que ainda tenho essas fantasias? Acho que elas persistem por que não foram satisfeitas. Talvez todo sonho seja uma realidade querendo acontecer, e as minhas, desde o ano passado, estão enchendo o meu saco, ansiando por deixarem de ser meras produções imaginárias para se tornarem realidades e, então, memórias de um verão feliz. Elas, tanto quanto eu, depois de tanto tempo alimentadas por "Malhação", novelas baratas e pedaços de conversas ociosas que tive ou ouvi por aí, querem um novo amor, intenso, profundo, que seja maior e mais bonito que todas essas coisas cinzas, inúteis e irritantes que povoam a vida humana. Queremos algo transcendental, algo além do mundano, extraordinário, mas estou aqui, acompanhado apenas de meus delírios, esperando que esse algo mágico aconteça. Ano passado, eu sentei, esperei e me frustrei.

Será que esse ano pode ser diferente? Será que estou pedindo demais? Se eu levantar minha bunda nem tão gorda assim da cadeira e for pedir carona na FreeWay e der um jeito de chegar ao litoral, eu vou ter meus desejos realizados? Queria dizer que sim, e que o meu sonho de uma noite de verão está logo ali, esperando por mim em Cidreira, Pinhal ou (Deus me livre!) Magistério, para abalar as fundações de minha vida e me transformar em outro homem, mais realizado e completo por ter ao meu lado minha alma gêmea. Sim, queria muito dizer isso, e queria muito continuar acreditando que isso é realmente possível. Porém, como deve dar para imaginar, perdi minha fé nessa idéia, do mesmo jeito que um dia eu dolorosamente deixei de acreditar no Papai Noel.

Buscar, buscar e buscar para nunca, nunca e nunca encontrar! E quanto mais nos frustramos, mais ferozes nos tornamos em procurar a porção de felicidade, de amor e paixão que há guardada para nós em algum canto deste planeta. Esse canto, cabe dizer, é variável - durante o verão, é na praia. Durante o inverno, é em alguma pousada em Gramado ou Canela. Durante o cursinho, é na faculdade. Durante a faculdade, é no trabalho ou no mestrado. Nunca ela está onde acreditamos, e quando pensamos que a encontramos, ela de algum jeito some ou muda tanto que não é mais aquilo que queríamos e chegamos a ter.

Esses pensamentos já me desesperaram. Ontem mesmo, aliás. "Será que vai ser sempre assim? Eu mereço toda essa injustiça?" me perguntei várias vezes, sem conseguir encontrar uma resposta que harmonizasse as coisas como são com as coisas como eu quero. Mas não hoje. Hoje vejo algo de forma muito mais clara do que ontem. Tenho comigo o conhecimento duramente adquirido de que a felicidade não é "lá", em lugar abstrato, nem "então", num tempo impreciso e fugídio, mas aqui e agora, onde eu estou, onde sempre estou. Quando parei de procurar em outras praias, e contemplei a mim mesmo é que eu vi que já tinha tudo o que precisava. Não preciso encontrar uma paixão avassaladora e incrível, nem andar com os sapatos jogados às costas para provar alguma coisa. Tudo que eu preciso eu tenho já, comigo, em meu Ser. E apenas por saber disto, todas as outras necessidades, desejos e vontades que eu tinha se tornam velas diante do sol. E é quando me lembro e sei disso que sou realmente feliz.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Utopias - Pausa para o café

Povo bom que ainda lê isso aqui! Como vocês talvez se lembrem, eu andava escrevendo uma série de posts sobre livros cujo assunto era utopia - a construção de uma sociedade melhor da que temos atualmente. Não abandonei este projeto, da mesma forma que não abandonei este blog (acho que vou repetir essa ladainha por muitos e muitos posts, até que eu me convença de que realmente vou continuar escrevendo aqui).

Já expus meus planos malignos para vocês em uma publicação anterior, e eles continuam mais ou menos os mesmos. Porém, para poupar-lhes o trabalho de clicar em mais um link que pode ser um Rick Roll, e por eles terem se modificado de algum jeito, eu explico eles de novo para vocês.

Continuo querendo escrever sobre Walden, do Henry David Thoreau, Walden III, do Rubén Ardila, "Utopia" do Thomas More, "A República" do Platão, "Nova Atlantis" do Francis Bacon e "Looking Backward" do Edward Bellamy. Tenho acesso a todos estes livros de algum jeito no presente momento, e a única coisa que me impede de resenhá-los é o fato de eu não tê-los lido ainda.

O que há de novo nos meus planos é uma certa mudança de direção. Até agora, eu li e escrevi sobre livros que tratam da sociedade e um tanto quanto que negligenciam o indivíduo. Pretendo tratar um pouco mais sobre o que eu chamaria de "utopias individuais", teorias que fazem o caminho inverso, mudando primeiro a pessoa e depois a sociedade. Começo a fazer isso com "Walden", que foi uma experiência utópica de um homem só, e depois vou para livros que provavelmente não seriam enquadrados como "literatura utopista", mas que entrarão nesta série de textos por que acredito que eles lidam não apenas com a idéia de um mundo melhor, como também com os métodos para torná-lo mais real. No momento, o primeiro título que tenho em mente é "The Heart of Social Change" do Marshall Rosenberg, criador do método da Comunicação Não-Violenta e mediador de conflitos em lugares hardcore. Depois, pretendo falar sobre um autor indiano, Eknath Easwaran. Eknath foi um professor de meditação que morou nos Estados Unidos por muito tempo, e escreveu muitas obras sobre como mudar o próprio comportamento e tornar-se mais amoroso com os demais através da meditação e disciplinas associadas. Tenho lido bastante coisa desse cara e não consigo pensar em nenhum livro específico dele. Porém, acho que vou acabar falando mais de "Conquest of Mind" e "Bondade Originária", que estou lendo agora ou irei ler num futuro próximo. Em seguida, pretendo falar de algo mais próximo a mim: a tentativa da Ciência do Comportamento de desenvolver métodos para criar um mundo melhor. De novo, não tenho um livro específico sobre ciência do comportamento e utopia à mão, mas vou pegar capítulos separados de três livros diferentes que penso serem pertinentes para o assunto. E, por fim, vou falar de mim mesmo e do meu Trabalho de Conclusão de Curso, que será justamente sobre a criação de utopias aqui e agora em nossa sociedade. Não tenho nada concreto em mãos ainda, já que, para falar a verdade, a única pessoa que sabe que estou escrevendo meu TCC sou eu (nem orientador tenho). Porém, como esse negócio vai dar trabalho, já que pretendo fazer uma fundamentação teórica bem legal e uma intervenção empírica, vou ter todo o ano de 2012 para vir aqui e fazer comentários e posts sobre a literatura que estou revisando, como os livros do Gandhi e pessoas próximas à ele. Já escrevi um pouco sobre "Minha Vida e Minhas Experiências com a Verdade", mas não sobre utopias. Além desse livro específico, há escrito por ele também "A Roca e o Calmo Pensar" e "Satyagraha in South Africa", e "Satyagraha in Champaran", que foi escrita por um amigo e colaborador de Gandhi. Pretendo fazer alguns apontamentos sobre estas obras em algum momento.

Enfim, estes são meus planos. Ambiciosos ao ponto da megalomania. Vamos ver até onde eu consigo ir com eles conforme o ano vai andando, e o que vai mudando com ele.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Previsões dos astros para celebridades em 2012 - Um Estudo Etnográfico

A Psicologia tem uma ingrata fama como "a ciência dedicada á fofoca." Penso que este título é injusto por dois motivos. O primeiro é que nós, psicólogos, não fazemos fofoca - nós comentamos o comportamento alheio, e damos sugestões para sua melhoria. O segundo é que, se existe uma ciência da fofoca, é a Antropologia. Todo o seu trabalho consiste em ir para outro lugar (principalmente tribo indígena no meio da Amazônia), anotar o que as pessoas lá ficam fazendo e voltar pra contar TU-DO pros compadre.

Antes que o eventual antropólogo me acuse de reducionista, positivista, etnocêntrico e feio, permita-me dizer que: sim, eu sou reducionista e positivista, mas minha mãe me acha lindo e você tem que respeitar a minha opinião por que ela faz parte da minha cultura. Além disso, eu não tenho nada contra a Antropologia. Na verdade, eu adoro Antropologia, por que sou um fofoqueiro assumido. Eu poderia me esconder atrás de uma parede de justificativas e racionalizações, como, por exemplo, que a informação deseja ser livre, e que eu acredito ser um crime esconder todo e qualquer tipo de conhecimento da humanidade, mas prefiro ser honesto e dizer que eu A-D-O-R-O falar da vida alheia, como um antropólogo formado pela escola da vida, criado no meio deste lindo povo brasileiro, pobre e sofrido, mas sempre com dança no pé, alegria no rosto, cabelo ao vento, sempre disposto a crescer e ajudar a crescer. Enfim, sou um fofoqueiro assumido.

E para provar o quanto eu gosto de antropologia, vou empregar o seu método para estudar a forma mais pura de fofoca: a revista Tititi. À primeira vista, a Tititi é apenas mais uma entre as muitas revistas voltadas a noticiar os aspectos mais irrelevantes do mundo das celebridades e estragar o final da sua novela favorita. De fato, para um observador ingênuo, a Tititi é apenas mais um borrão de tinta colorida com chamadas berrantes nas prateleiras ao lado do caixa do supermercado, logo acima das embalagens de Halls, e logo ao lado das caixas com Kinder Ovo. Este mesmo observador ingênuo poderia se perguntar, enquanto espera por sua vez para ser atendido, como esta revista continua sendo publicada, se tudo o que há para saber sobre ela está escancaradamente estampado logo na capa - quem compraria a Playboy se a mulher do mês saísse mostrando tudo já na capa? Da mesma forma, por que eu compraria uma revista de fofoca pra saber o que vai acontecer na novela, se só olhando a capa eu já sei que Marcela está viva e que voltará para destruir Tereza Cristina?

Porém, para olhos treinados... a revista é isso aí mesmo: um grande borrão de tinta colorida, feita pra chamar sua atenção da forma mais gritante possível. Tudo que interessa nela está escrito na capa da forma mais clara possível, sendo o resto das coisas que enchem a revista (além de propagandas) é pura bobagem. Por outro lado, acho que, se alguém se interessa o bastante pelo arranca-rabo entre a Marcela e a Tereza Cristina, ela vai se interessar pelo resto das coisas que estão escritas dentro da revista de forma mais sutil (e isso inclui as propagandas). Além do mais, essa maldita Tititi custa só R$1,99 e fica estrategicamente na boca do caixa. É muito fácil pegar junto com um Kinder Ovo a mais e levar pra casa, por que dificilmente essa compra de impulso vai desestabilizar todo o seu orçamento.

Foi exatamente isso o que aconteceu comigo. Estava desavisado, pensando na vida, no universo e em tudo mais quando meus olhos vagam para a prateleira das revistas bagaceiras e, PUMBA!, eu vejo a Tititi. Obviamente, aos 23 anos de idade, não foi uma experiência exatamente nova. Já tinha visto centenas, possivelmente milhares de revistas identicas à esta que está agora ao lado do meu computador. O que me fez querer comprar esta, justamente esta revista? Simples. Uma de suas manchetes é "Previsões 2012: saiba tudo o que os astros reservam para os artistas da TV." Foi aí que eu fui fisgado. Todo mundo tem um ponto fraco, um gosto por algo extremamente babaca e vergonhoso e ao mesmo tempo extremamente divertido. Os americanos chamam isso de "Guilty Pleasure" - prazer culposo ou culpa prazerosa. E todo início de ano, sempre que passo em uma banca de revista ou em algum supermercado, eu sou confrontado com a enorme e prazerosa culpa de ver essas reportagens sobre o futuro dos astros. Eu sei que vão ser apenas frases curtas e vagas sobre o futuro de pessoas famosas que não exercem o menor impacto na minha vida, e que ao longo do ano ou elas vão ser refutadas ou esquecidas (ou as duas coisas, muito provavelmente), mas agora, enquanto o ano ainda é novidade, holy shit, não existe assunto mais importante do que saber o que diabos vai acontecer com o Reynaldo Gianecchini.

Então, para compartilhar esse prazer com vocês, e também para poder dizer depois que eu não fui o único contaminado, deixo aqui as melhores previsões feitas pelo baralho cigano, pelos búzios, por uma sensitiva, pelo tarô, pela astrologia e pela numerologia (multidisciplinar esse negócio, hein gente?). Lá vai:

Léo Santana (vocalista do Parangolé)
"O cantor pode ser pai de uma menina num momento inesperado. O próximo ano será difícil, pois ele também tem chance de perder dinheiro em conseqüência de negócios mal feitos e traições. Deve abrir os olhos com os falsos amigos."

Comentário: Será que ele é parente do Luan Santana? Certamente o dom para escrever músicas que não saem da cabeça é partilhado pelos dois. De qualquer forma, adoro a maneira vaga como essas predições são feitas. "Pode ser pai de uma menina num momento inesperado"? A não ser que ele seja um castrati (o que ele não é), parto do pressuposto que ele tem o sistema reprodutivo em condições de fazer nenê. Por isso que a profecia é pouco impressionante. Impressionante seria se fosse "Léo Santana poderá perder os colhões em acidente de trabalho. Mesmo assim, ele ainda poderá ser pai de uma menina, o que será bastante inesperado."

Luan Santana
"Se o cantor não quiser ser pai antes do tempo deve ficar bem alerta com mulheres interesseiras. O sucesso e a fama continuarão a mil em 2012, mas ele deve ter cuidado com eventuais perigos em viagens que fará até junho. Outra dica do oráculo é: Luan não deve acumular trabalhos que não poderá assumir. E precisa ainda cuidar de seu lado espiritual."

Comentário: Esse oráculo aí veio fazer o que eu aposto que a mãe do Luan Santana já faz há muito tempo: mandou ele usar camisinha e cuidar pra não embuchar alguma fã mais ousada. Só faltou dizer pra levar um casaco por que tá frio na rua e pra não deixar comida sobrando no prato.

Maísa (andróide do mal do programa do Sílvio Santos)
"Sucesso, destaque, popularidade e muito dinheiro no ano de 2012 para Maisinha. Aliás, ela será a criança mais bem paga da televisão em breve. A atriz e cantora mirim ainda poderá mudar de emissora. Cuidados com a garganta e dores constantes de ouvido em maio e junho"

Comentário: Dor de garganta e ouvido em maio e junho? Putz grila, eu passei por isso também quando eu tinha a idade da Maísa. Se chama "Inverno." Admito que é melhor do que o "usa camisinha, Luan Santana", mas não muito.

Fábio Jr.
"Para o cantor vai ser um ano profissional excelente a partir de março! Fará diversos especiais e verá a carreira renascer. Contato com seres de outras dimensões o deixará ainda mais em sintonia com a música. O lado afetivo somente melhora no fim de 2012. Deverá pintar uma nova paixão para o eterno galã."

Comentário: Mais especiais? Por acaso ele vai gravar um CD com seus maiores sucessos? Até aqui, isso não é nenhum renascimento da carreira - é a essência da carreira do Fábio Jr.! E tô apostando que a nova paixão deve ser a mãe dele, a única mulher com quem ele ainda não se casou. Isso, ou um dos seres de outras dimensões.

Primeiro Post no Blog do Último Ano da Humanidade

Bem vindos à 2012, o ano em que o mundo vai acabar! De novo. Segundo cálculos pessoais, eu já sobrevivi a 6 apocalipses anunciados anteriormente. Porém, tenho certeza de que dessa vez não falha! Os maias nunca mentiriam ou errariam sobre um assunto tão importante para a humanidade.

E enquanto ia me preparando para o arrebatamento (estocando armas e água potável, por que eu sei que vou ficar por aqui mesmo para sofrer), percebi que negligenciei este blog por dois meses inteiros. Dois meses! O número anual de posts foi diminuindo desde 2008, apesar dos meus repetidos protestos de que eu ia voltar a escrever, mais ou menos como um marido abusador que promete parar de bater na mulher e virar um bom homem.

Mas esse ano não vou fazer novamente essa promessa, por que esse ano eu decidi fazer algo diferente*. Entro agora na reta final da faculdade, começo a escrever o TCC e o projeto para o mestrado, tarefas que envolvem muita pesquisa e muita, muita energia psíquica, que não pode ser desviada para este blog, por mais carinho que eu tenha por ele. Além disso, como o mundo vai acabar e eu só quero dançar, o tempo que eu tiver livre eu vou me divertir, do melhor jeito que puder.

Entretanto, como ainda não me libertei da minha obsessividade, e da minha necessidade de ver o contador de posts aqui do lado aumentar cada vez seus números, eu prometo que, se não vou escrever aqui todos os dias, nem todas as semanas, e talvez nem todos os meses, pelo menos, de vez em quando, a cada morte de bispo e sacrifício de virgens, eu virei aqui para compartilhar as minhas idéias estapafúrdias com quem quer que ainda tenha fé e esperança de que este blog, como Jesus, ressuscite no terceiro dia (ou ano, sei lá). Se o ano de 2012 não for o nosso último, e se em 2013 eu não estiver ainda mais atolado de trabalho do que estarei ao longo dos próximos 12 meses, continuo sem prometer coisa nenhuma, exceto de continuar vivo por tanto tempo quanto for possível.



* Aposto que você ficou esperando uma piada sobre a Luíza Marilac, sua pessoa previsível.