terça-feira, 25 de março de 2008

Mais do mesmo

Saíndo da aula hoje, acompanhei meu veterano e bom amigo amolador Marcelo até a parada de ônibus. Íamos conversando a respeito de seu local de estágio, um posto de saúde onde, segundo ele, há apenas três psicólogos, e um monte de gente de outros cursos da área da saúde, como Enfermagem e Nutrição, e que não poderia ser melhor.

Venho pensando nisso faz algum tempo. Em outras universidades, como a UCS e a UFSC não tem um Instituto de Psicologia, mas um Departamento de Psicologia, que fica dentro de um Centro de Ciências Humanas, e compartilham o mesmo prédio com os departamentos de História, Geografia, Antropologia, Filosofia, Sociologia e outros cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Humanas.

Na UFRGS, isso não é assim por capricho da história: no tempo da ditadura, quando o Campus do Vale foi construído, mandaram todos os cursos de Humanas para lá, para que não enchessem o saco do governo. O então Departamento de Psicologia, por estar localizado no Campus Saúde, e não no Centro (e talvez por só ter courinho de pica na Psico), não sofreu uma mudança forçada, e ficou dono do campinho do prédio do antigo Ciclo Básico. Absolutamente sozinho.

Claro, os estudantes de muitos outros cursos têm aula no nosso prédio, mas raramente se conversa com eles. Este ano, abriu o curso de Fonoaudiologia, que está sediado (pelo menos por agora) justamente ali no nosso prédio, mas ninguém (exceto eu) vou conversar com eles, nem que seja para falar mal dos professores.

Acho que esta falta de diálogo com outras áreas, outros cursos empobrece muito nossa formação. Ficamos o dia inteiro discutindo Foucault, Deleuze, Lacan, às vezes algum chato puxa Popper (chato por que gosta de Filosofia da Ciência, e provavelmente é um amolador de facas), outro mais inovador trás alguma coisa sobre novos desenvolvimentos em psicoterapia ocorrendo nos EUA (e é provavelmente ignorado pela maioria). E isso é tudo. Muito pouca variedade de pensamento, é sempre o mesmo ar velho e podre que respiramos. Trocar uma idéia com o pessoal das Ciências Sociais traria algo novo pelo menos.