segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Vida Dura (Parte 6)

Anteontem de tarde assisti o noticiário da RBS. É sempre surreal assistir um jornal (que na verdade se lê, mas isso não vem ao caso) falando sobre Flores da Cunha e Tramandaí com sotaque gaúcho. Mas não foi isto que me levou a escrever um post.

Uma das reportagens que passou era sobre como as praias do Litoral Norte estavam sendo invadidas por veranistas, a pior espécie de turista. Todas as imagens exibidas eram, no mínimo, desanimadoras: filas gigantescas nos restaurantes, mercados apinhados de gente querendo comprar Sundown e sorvete e praias lotadas de guarda-sóis de cores berrantes e gordos de sunga jogando frescobol, sem esquecer os já clássicos vendedores de milho cozido e sacolé. E apesar de eu ter pintado um inferno na terra (à beira-mar, claro), ninguém que a RBS entrevistou pareceu estar aborrecido na praia. Pelo contrário: não queriam estar em outro lugar. "A gente vem aqui pra relaxar, então tem que ficar calmo" disse um ser que esperava sua vez numa caótica fila de supermercado, com seu sorvete provavelmente derretendo. "Ai, nessa época do ano precisa dum solzinho, do barulhinho do mar" disse uma mulher pegando câncer de pele um bronze.

Pelo jeito, a praia opera milagres no humor das pessoas, pois só lá que elas conseguem relaxar. Ou seria mesmo? Asssitir a RBS falando de Tramandaí teve um sabor especial por que eu tinha recém voltado da praia, e estava feliz da vida por isso. Me pergunto porque a praia tem esse poder curador, que restaura a paz interior das pessoas, e as faz terem tanta paciência? Pelo que me parece, elas escolhem ficarem calmas na praia. Então porque não escolhem ficarem calmas em casa, em sua cidade natal? Talvez porque as pessoas são condicionadas a acreditar que praia é relaxante desde muito cedo, e se elas não conseguem relaxar, elas são problemáticas. Eu devo ser. Enchi o saco de praia já no segundo dia. Basicamente, a única diferença é que, ao invés de ficar coçand o saco em casa, se fica coçando o saco do lado do mar.

Tive muitos veraneios felizes, certamente. Mas isto se deve ao ambiente da praia ou por que eu tinha muitos outros motivos para ficar feliz? Pensem nisso na próxima vez que você estiver se fodendo na praia para encontrar um lugar para colocar seu guarda-sol ou em um engarrafamento na Free Way.

Minhas festas de Final de Ano

Nesta época de final de ano, as pessoas geralmente saem de suas cidades e vão para a praia ou qualquer outro lugar disponível passar o feriadão e assistir a queima dos fogos de artifício, comemorar as boas entradas, beber espumante (champanhe é bebida de rico ou biscoito vagabundo), essas coisas.

Mas eu não. Resolvi que vou ler os polígrafos que não consegui ler durante o semestre letivo. Isto é mais por motivos econômicos do que acadêmicos, pois como não tenho como devolvê-los ao fabricante, e não vale a pena tocar fogo neles sem ao menos saber se contêm alguma informação importante para minha vida (ou pelo menos divertida). Só o fato de eu ter postergado sua leitura para as férias deve indicar quão ruins eles são.

Boas entradas pra quem continua lendo isto aqui justamente no Ano Novo!

domingo, 30 de dezembro de 2007

Um pouco sobre mim mesmo

Depois de fazer as honras de apresentar nosso clubinho aos nossos leitores (provavelmente imaginários), acho que devo falar um pouco sobre mim mesmo. Tenho 19 anos, estou indo para o Segundo Ano do curso de Psicologia. O nome Andarilho eu escolhi para escrever em outro blog, o Roqueiro & Alcoólatra, onde ainda escrevo (pra caralho), e é. Sou um dos editores do jornalzinho Psiu!, participante ativo do Diretório Acadêmico de Psicologia (DAP), e não me prostitui para o CNPq ou para a Prorext. Ainda. 200 reais a mais no final do mês são sempre bem vindos.

Sou provavelmente o mais paradoxal amolador de faca, pois tenho muitos gostos diferentes e opostos. Digo que sou paradoxal e não contraditório por que paradoxos são harmoniosos apesar de díspares, enquanto contradições sempre envolvem atritos. Pensando bem, talvez eu seja contraditório. Se eu mudar de idéia eu aviso.

Gosto de Neurociências, Ciências do Comportamento, Ciências Sociais (especialmente Antropologia), Psicologia Fenomenológica (como Humanismo e Transpessoal), Psicologia Positiva e Parapsicologia, certamente o item mais controverso desta lista, tanto que por causa dele eu poderia ser tachado de "holista", uma das cinco palavras mais ofensivas para um Amolador de Facas (as outras quatro são "psicanalitico", "foucaultiano", "bobo" e "feio"). Gosto de polêmica, e Parapsicologia é polêmica, além de pesquisar um assunto muito interessante. Sou cético, mas não Cético, pois apesar de considerar muitas pesquisas como bobagens acadêmicas, não sou a favorde cancelá-las. Aliás, espero sinceramente que elas descubram alguma coisa útil (o que geralmente não acontece, mas quem sou eu para definir o que é útil e o que não é?).

Não gosto de donos da verdade, como o pessoal que ficou gritando pelo fim de pesquisas no Rio Grande do Sul estudando o cérebro de meninos deliqüêntes. Cito este caso como exemplo por que foi o que eu mais perdi tempo discutindo, e digo que perdi tempo por que não adiantou nada, pois os argumentos mais fortes que tive de rebater foram as afirmações de que eu era reacionário e fascista. Aliás, nem sei se a pesquisa passou pelo Comitê de Ética. Espero que tenha, mas isso não vem ao caso.

Me esforço em ser tolerante, mas ainda assim, não gosto de Psicanálise e psicanalistas, que muitas vezes mais se assemelham à videntes charlatões do que psicoterapeutas. Aliás, devo dizer que muitos Analistas do Comportamento agem da mesma forma que psicanalistas.

Provavelmente eu poderia falar mais a respeito de mim, mas acho que eu acabaria falando de assuntos que não interessam (neste blog pelo menos). Sei que pelo menos um amiguinho vai ter que tomar um vidro de Prozac inteiro depois de ler este texto (como geralmente ele faz quando deixo links "bonitinhos" em sua página de recados do Orkut), e que vai citar todos os meus holismos, e outro que vai, também enumerar os mentalismos que usei. Os dois são Amoladores, e estou só esperando que eles comecem a escrever aqui também

O que é um Amolador?

Considerando que este blog é completamente novo, sem nada de muito interessante para mostrar, acredito que devo, como primeiro membro a postar algo aqui, falar a respeito do nome do nosso blog: por que "Amoladores de Facas"?

Para começo de conversa, nós amoladores somos muito diferentes uns dos outros, mas temos pelo menos três coisas em comum. A primeira coisa em comum é que todos nós estudamos Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de agora em diante chamada apenas de UFRGS, URGS ou A Grande Mãe Urguis.

A segunda coisa que temos em comum é nossa parca paciência com certas linhas teóricas que existem dentro da Psicologia. Não tanto contra suas idéias, mas contra suas atitudes dogmáticas, avessas à mudanças e, mais importante, anticientíficas. Não é uma ou outra linha específica, pois cada um de nós tem um asco pessoal (eu por exemplo, tenho minhas diferenças com a Psicanálise a nós ensinada). Poderíamos chamar este ponto em comum de "Espírito Crítico". Nem por isso somos menos contraditórios, pois, por mais que detestemos discussões epistemológicas vazias, as quais gosto de chamar de "punhetas intelectuais" por apenas jogarem fora células saudáveis no lixo, sempre acabamos caindo nelas, e até criando blogs para facilitar nossas punhetas intelectuais!

A terceira coisa em comum é nosso espírito de porco. Nas salas de aula, geralmente escolhemos as mesas do fundo (sim, Amoladores e Turma do Fundão são quase sinônimos), para que tenhamos um local seguro para largar nossas bombas durante as aulas, conversar sobre Pokemons ou simplesmente dormir. Também temos um gosto especial em perder tempo com coisas inúteis, como criar escalas psicométricas que medem o nível de chinelagem acadêmica, desenvolver teorias sobre comportamentos sexuais em filhos únicos e outras bobagens igualmente inúteis. Nesta mesma categoria, posso dizer que não somos muito afeitos ao "bom mocismo" e atitudes politicamente corretas.

E apesar de ter dito que temos pelo menos três coisas em comum, nós temos uma quarta coisa também: geralmente, gostamos e defendemos as Ciências do Comportamento, as Neurociências, Psiquiatria e até as Engenharias. Por que? Por que ninguém além de nós gosta destas disciplinas lá no Instituto de Psicologia da UFRGS. E por que elas são legais.

Bem, até agora, falei da nossa personalidade debochada e dos nossos gostos em comum, mas não falei nada sobre o nome do nosso "clubinho". Afinal, por que alguém em sã consciência seria um "Amolador de Facas"? Eu explico.

No primeiro semestre de 2007, primeiro semestre na faculdade para muitos de nós, tivemos a grata satisfação de ler para a disciplina de Psicologia Social I um texto de um senhor considerado muito importante por muita gente, mas obviamente não por mim, considerando que já esqueci seu nome e o título do referido texto. Aliás, esqueci quase tudo o que aquele prolixo senhor dizia nele (não gostamos de gente prolixa, a propósito). Só lembro de uma coisa: que ele detestava as pessoas que ele denominava de "amoladores de facas". Segundo ele, amoladores de faca são os que afiam as facas que a sociedade disciplinar opressiva (ou alguma coisa do gênero) crava na barriga dos fracos. Estes amoladores são Psicólogos Comportamentais, Neurociêntistas, Psiquiátras, engenheiros e pessoas omissas que não fazem nada para impedir os "maudosos", toda essa corja que gosta de ser metódica ao invés de ficar fazendo poesia pra salvar o mundo. Por que pra salvar o mundo tem que ir pro lado "subjetivo" e só. Nada contra a poesia, mas ela sozinha não é capaz de fazer muita coisa, apesar do que nossos amiguinhos (adoramos chamar todo mundo de "amiguinho", igualzinho ao palhaço Gozo) dizem. Acreditamos que só podemos obter algum progresso na Psicologia com métodos rigorosos e disciplinados, sendo críticos em relação a nossas práticas e a nós mesmos, e que qualquer um pode fazer isto (psicanalistas inclusive. Ou já esqueceram do amigo John Bowlby?).

Bem, acho que consegui pintar um retrato mais ou menos acurado de nós mesmos e do que gostamos. Não espero que você, leitor desprevinido, goste de nossas opiniões e que volte sempre. Aliás, é muito provável que após ler nossos textos, você deixe um comentário desaforado e nunca mais apareça, exceto quando estiver de muito mau humor e com desejos de nos xingar (o sistema deste blog não permite comentários anônimos, já vou avisando). Aprendi que "debates de alto nível" geralmente não são tão alto nível assim, e que as partes envolvidas quase sempre levam o assunto para o lado pessoal. Mas eu gosto de agir como um idiota, e espero (sentado) que pessoas inteligentes e capazes de diferenciar assuntos teóricos de assuntos pessoais leiam e comentem nossos textos, contribuindo para nosso crescimento intelectual.

E já estou esperando um comentário listando todos os mentalismos utilizados neste texto, por que fui condicionado para tanto.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Vida Dura (Parte 5)

Abri meu Gmail hoje, depois de uma semana. 28 novas mensagens. Já esperava por uma bomba dessas, considerando que estou em 4 grupos de discussão diferentes (2 deles produzem spam o suficiente para alimentar um país africano). Mas não quero ficar falando das porcarias que recebo por e-mail. Destas 28 mensagens, um número considerável era de mensagens de boas festas, feliz Natal, próspero Ano Novo... blahblahblah. O problema não é receber mensagens de fim de ano (recebi umas bem legais), o que me racha as bolas é que metade destes recados que recebo não foram escritos com amor e carinho especialmente pra mim, mas quem mandou, mandou igual para todos os seus amigos do orkut. Isto equivale a dizer "oi! Quero te desejar um feliz Natal, um próspero Ano Novo, que todos os teus sonhos se realizem, e te dizer que você é um amigo muito especial para mim, tanto que eu só te mando recados pelo orkut quando eu uso esses programas que enviam a mesma merda para todos meus contatos ao mesmo tempo".

Caro leitor, se você mandou uma destas mensagens pasteurizadas para seus amigos no orkut, e se eu for um deles, por favor, se quiser mesmo mandar recados de boas festas, escreva um para cada amigo seu. Mande só para os amigos mais próximos, mas não fique enchendo o saco do restante com frases enlatadas. Se você ficou ofendido, me delete do seu orkut. De qualquer modo, me incomodo menos.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Um ano na Universidade Federal - Um Sorriso Triste

Entrei de férias este sábado. Esta data memorável marca o fim do meu primeiro ano letivo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Apesar de ainda ter alguns compromissos na faculdade, acredito que agora seria o melhor momento para fazer uma retrospectiva deste ano (nada a ver com aquele programa que o Bóris Casoy apresentava lá por 30 de dezembro na Record recapitulando todas as merdas que aconteceram no ano que está acabando). Primeiro por que, como estou de férias, tenho tempo de sobra para ler, treinar, ver filmes e escrever para o blog. Segundo, por que são duas da manhã e não estou com sono.

Antes de mais nada, falarei um pouco sobre o ambiente em que estudei este ano, e que continuarei estudando pelos próximos quatro anos. A UFRGS é uma universidade pública, e como bem definiu a Lady Hell, é um universo paralelo (sim, temos portais de teletransporte, mas não posso revelar os locais. E o atalho é Shift+T). Temos nosso almoço e nossa janta subsidiados, caminhamos por entre pesquisadores e laboratórios altamente equipados e cheios de verba, pipocam projetos de extensão por aí e o a única coisa que pode nos impedir de cursar todas as disciplinas obrigatórias e algumas eletivas a mais é o tempo, e não o dinheiro. Tudo é de graça ou extremamente barato. Coisa que não existe na UCS ou na Unisinos, particulares que conheci pessoalmente.

Claro, a infraestrutura da UFRGS é bem mais capenga do que a da Unisinos, que tem um campus central do tamanho de um parque temático, prédios bem pintados e canteiros de flores bem cuidados, ou do que a UCS, que tem até zoológico na cidade universitária e várias unidades espalhadas pela Serra e além. Mas, pelo o que tudo indica, um canteiro cheio de violetas em flor não é o que mais conta na avaliação do Ministério da Educação. Tanto é que a UFRGS é, segundo aquele listão do Enade que eu postei aqui, a UFRGS é a sexta melhor universidade do Brasil em cursos de graduação, e segundo o CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), de nível internacional em cursos de pós-graduação. Por mais que os instrumentos utilizados na avaliação sejam incompletos (e são, como todo instrumento de avaliação subjetiva), eles refletem alguma coisa da verdade. Realmente, estudo em uma das melhores instituições de ensino superior do Brasil. Em termos.

Temos professores muito bem qualificados, pelo menos aqui na Psicologia. 83% deles tem doutorado (40% destes com pós-doutorado), contra 31% de doutores na Psicologia da UCS. Mas e daí? Um colega de outra faculdade reclamou de uma professora dizendo que "ela tem uns 8 pós-doutorados mas não consegue nem dizer o próprio nome direito". Diz-se que as avaliações nas Federais são muito mais exigentes, pois ninguém tem o dever de passar o filho do ricaço, que paga uma banana para que seu filho vire "dotô". Não tenho como comparar por experiência própria, mas pelo o que meu pai, psicólogo formado pela UCS diz, eu estudo muito mais do que ele estudava. Em termos absolutos, posso dizer que eu realmente me ferro estudando para passar nas provas e nos trabalhos. Mas isto é mais por senso de dever do que qualquer outra coisa, já que na Psicologia da UFRGS, qualquer macaco bem treinado tira A. Eu mesmo não acreditava nessa afirmação há alguns meses atrás, mas um exemplo me mostrou que tem o seu fundo de verdade. Em um trabalho para uma certa disciplina, tinhamos que escrever artigos para uma página da internet, patrocinada por um certo departamento. Não gostava muito da disciplina, mas fiz meu trabalho como deveria. Na semana final de aulas, nosso colega que estava organizando o site falou que um de nossos colegas havia simplesmente copiado todo seu trabalho da Wikipedia, e não tinha nem ao menos se dado o trabalho de excluir os hiperlinks. Ao falar deste pequeno detalhe para a professora, teve como resposta "Ai, nem me fala quem é, para eu não ter que descontar nota".

Também se diz que nas Universidades Federais, os estudantes são mais esforçados e interessados, pois o vestibular extremamente concorrido seleciona os melhores. Aqui, não posso negar que eu e meus colegas somos excelentes no que fazemos. Existem exceções, mas acho que são irrelevantes para o argumento que desenvolvo. Lembra, na época de colégio, de Primeiro ou Segundo Grau, de quando tanto você quanto todos os seus colegas estavam completamente de saco cheio por causa de um professor ou atitude da diretoria? Provavelmente você passou por algumas situações deste tipo. Pois bem, lembra que você ou outro colega seu se decidiram a mudar a situação, e contavam com a ajuda dos outros para tanto? Se você já fez algo assim, deve lembrar até hoje do resultado como sendo nulo, pois na hora da verdade, os teus colegas, os chamados "revolucionários de corredor" (só tem atitude no corredor. Na sala com o professor são uns santos) te deixaram e nada mudou, exceto que você ficou com má fama entre os professores. Talvez tu tenha tido o apoio dos teus colegas, mas o mais provável é que tu tenha se fodido sozinho. Pois é. Estamos cheios de revolucionários de corredor na UFRGS. Não digo que estas pessoas sejam insinceras ou má intencionadas. Geralmente, realmente desejam mudar as coisas, mas não conseguem transformar seu desejo em ato. E ficam lá, resmungando sobre como as aulas são uma merda e como eles fariam melhor. Até o professor chegar.

Outro tópico interessante de ser analisado são as políticas estudantis. As palavras "Movimento Estudantil", "Liberdade", "Democracia", "Luta" e outras tão ou mais impactantes são repetidas como mantras para lá e para cá por vários líderes de movimentos, especialmente na época (anual) de eleição para o DCE. Não passa de fachada. Apenas na eleição que eu pude ver, vi as mesmas pessoas que falavam em democracia fecharem ou tentarem impugnar urnas que sabiam que iriam fazer uma votação pouco expressiva, e quando viam que alguém iria votar em outra chapa que não a sua, o chamavam de "fascista" ou "comunista" (talvez eu faça um post falando mais a respeito destas eleições). Sem falar nos cartazes espalhados por aí, com mais palavras de ordem e grudadas de tal maneira que só tocando fogo ou colando outro cartaz por cima pra tirar. A primeira opção é a mais divertida, mas a segunda é muito mais provável de acontecer. Na próxima eleição para o DCE.

Se você for um leitor atento, terá percebido que fui afunilando os assuntos abordados: primeiro as diferenças entre universidades públicas e particulares, a universidade pública e seus funcionários, os estudantes da universidade pública. Falta falar sobre o último, porém não menos importante nível desta escala: eu mesmo.

No começo, eu idealizava muito mais o fato de estudar na UFRGS. Em certas aulas, pensava "nossa, temos aula com alguém que pesquisa sobre o assunto, e não alguém que leu em um livro". Também achava que ter aulas com um monte de doutores, que além de darem aula para nós davam aula na pós-graduação era o máximo. Considerava os estudantes da UFRGS muito mais ativos politicamente do que os estudantes das particulares próximas. Este um ano na Universidade Federal do Rio Grande do Sul me tornou muito mais pragmático e cético. Talvez até cínico. Às vezes, alguns colegas meus vinham me dizer que queriam colaborar com o DAP (Diretório Acadêmico de Psicologia), ajudar na editoração do nosso jornalzinho, o Psiu!, entre outras coisas. No começo do ano, me empolgava com a idéia de ter mais alguém ajudando, mas quase sempre me frustrava com o fato de que a pessoa não cumpria o que havia prometido (muitas vezes, só eu ficava frustrado). Um caso bem ilustrativo disto foram as inscrições para as comissões do diretório. A comissão com o maior número de membros era a Comissão de Eventos. A que organiza as festas. Mas como o pessoal não sabia que "fazer festa =/= organizar festa", só um ou dois continuam participantes ativos. No começo do ano, isto me deixaria louco, indignado com a falta de comprometimento dos outros. Agora, quando fico sabendo de casos parecidos, apenas esboço um sorriso triste e digo "previsível". E vou fazer algo de útil.

Não deixei de ajudar e encorajar os colegas que querem trabalhar e fazer algo de bom para nossa comunidade, seja ela a comunidade acadêmica ou a cidade de Porto Alegre como um todo. Apenas sei que, por mais sincero que seja seu desejo de ser útil, é bem provável que ele não seja mais forte do que a inércia que os mantém parados.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Sonho de uma tarde de verão

Oficialmente, hoje é meu penúltimo dia de aula. Extra-oficialmente, já tô cagando para as aulas. Faltam só dois trabalhos para entregar, e então, UFRGS só ano que vem.

Tinha esquecido como era boa esta época do ano. Faz um ano desde a última vez que tive férias em dezembro. Poder olhar para os papais nóeis escrotos abraçando criancinhas, as árvores de natal feitas com materiais catados do lixo (vide a árvore de natal feita com caixas de leite em Caxias), as lâmpadas coloridas piscando nas sacadas dos prédios, o sol quente de verão... como é bom olhar tudo isso e pensar "tô de férias".

Essas pré-férias já estão me influenciando. Terminei de ler um livro e recomecei a ler outro enquanto ia para o Campus do Vale (no ônibus errado, o que me fez gastar um vale-transporte por nada). Voltando ao Instituto, encontro um colega meu abastacendo a geladeira para a festa de hoje a noite com cerveja o suficiente para alegrar um batalhão. Não sei como conseguimos colocar tantas latinhas dentro daquela geladeira velha sem quebrar as prateleiras vagabundas e fechar a porta (que tem cerveja até no compartimento pra guardar ovo). Vou tirar uma foto e colocar aqui. É lindo.

Tenho uma última aula de Fisiologia hoje de tarde e depois, que venha (por e-mail) a prova. Sexta-feira, um último trabalho de Constituição do Sujeito Psíquico (sim, esse é o nome da disciplina), e fin. Se eu sobrevivi até aqui, eu sobrevivo até amanhã.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Malandragem

Hoje tive a prova final da cadeira de Alemão Instrumental. Demorei pra cacete para terminar tudo, tanto que quando saí, não dava mais para chegar no Campus Saúde e almoçar no RU. Como já estava tudo cagado mesmo, decidi ir na PUCRS, para pegar o certificado de uma atividade de extensão que rolou por lá em setembro (não vou nem comentar a demora para os certificados ficarem prontos).



A PUCRS é um universo muito diferente da UFRGS. É um campus gigantesco, bem no meio de Porto Alegre, cheio de prédios chiques, gente muito bem vestida caminhando sobre um chão muito bem pavimentado com pedras quase brancas. Parece bobagem, mas a pavimentação do campus da PUCRS é o que mais me chama a atenção quando vou lá. Os campi da UFRGS são sempre cheios de grama ou cobertos com pedras bem velhas, escuras, ou paralelepípedos putaquepariumente tortos.



Enfim, a PUCRS deixa bem claro que é uma universidade particular, e que as mensalidades estão sendo bem utilizadas para manter o visual clean de sua sede. Mas não foi isso o que mais me chamou a atenção enquanto caminhava por lá.Em vários pontos estratégicos do campus, havia um cartaz que era exatamente assim:



PUCRS
A melhor
universidade

privada da região sul



Para entender melhor por que decidi escrever um post sobre um cartaz da PUCRS, afaste-se da tela do computador e tente ler o que está escrito. Obviamente, você só vai conseguir ler "PUCRS, a melhor universidade".



Veja bem a malandragem dos padres maristas: eles não mentem, mas fazem um transeunte desatento pensar "A PUC é a melhor universidade? Nooooooossa!" Eu, desconfiado que sou, quando vi o cartaz pensei "isso é como propaganda de cerveja. Só tá faltando o 'aprecie com moderação' bem escondido". Dito e feito. Se o transeunte fosse tão desconfiado quanto eu, iria se aproximar do cartaz e ler a ressalva: privada, e da região sul. Que eu saiba, a melhor universidade privada do Brasil é a PUC, mas a do Rio de Janeiro.



De qualquer forma, talvez a PUCRS não seja a melhor universidade, mas pelo menos a Faculdade dos Meios de Comunicação (Famecos) é muito boa, pra sair com uma dessas.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Vida Dura (Parte 4)

Neste exato momento, estou respondendo um questionário de 33 questões realmente complicadas a respeito da metodologia de pesquisa em Psicologia. Destas 33 questões, 4 ou 5 cairão na prova de segunda-feira sobre este assunto. É uma loteria. Você pode escolher responder apenas 5 e torcer para que todas caiam, ou responder todas e ficar mais seguro.

Optei pela segunda opção.

Enquanto discorro sobre as vantagens e desvantagens do uso de enquetes para pesquisas em Psicologia, duas perguntas pessoais martelam minha mente (este construto cretino): irei bem na prova? Afinal, nada me garante que eu lembre das questões que cairão na prova, ou, mesmo que eu lembre, que eu respondi elas corretamente enquanto estudava.

Minha nota está diretamente ligada à resposta desta pergunta: se lembrar na hora e estiver certo o que lembrar, vou bem. Caso contrário, fodeu.Mas é a segunda pergunta que me preocupa mais. Depois de tantas horas respondendo estas 33 questões, terei eu realmente aprendido alguma coisa?

Esta pergunta me leva a outra, muito mais importante: daqui a 4 ou 5 anos (ou mais), quando tiver meu diploma em mãos, vou saber alguma coisa de verdade ou serei só um papagaio de algum professor do Instituto?

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Vida Dura (Parte 3)

Apesar de posts anteriores aparentemente degradarem a imagem infantil, eu respeito imensamente as crianças. Afinal, eu também já fui uma. E devo dizer, ser criança é mais difícil do que pode parecer para observadores externos. Uma das épocas mais tenebrosas é o Natal. "Mas é quando as crianças mais ganham presentes, Amiguinho Andarilho!" Verdade, meu astuto amigo imaginário (que de agora em diante chamarei de Bob. Bob Alhão). Mas para que elas possam receber os cobiçados presentes (o CD do RBD, a fantasia de RBD, a boneca do RBD, o vibrador do RBD... et cetera) elas precisam passar por provações quase infinitas.

A mais dura pela qual tive que passar foi cantar no coral de Natal da escola. A professora que organiza este tipo de bobagem geralmente é uma senhora de 50 anos, 30 destes dedicados ao magistério, lendo livros do Paulo Coelho e de educadores de formação psicanalítica (péssimo). Ou seja, nada que preste. Então, para sublimar sua libido, elas inventam alguma merda para seus aluninhos queridos fazerem, como cantar músicas escrotas de Natal (perdoem a redundância). A seleção musical é sempre a mesma, o que me leva a acreditar que estas senhoras compartilham de apenas um cérebro coletivo, cujo uso pessoal está condicionado à um sorteio semanal. A música mais clássica de todas é a "Música da Família". Sim, caro amigo, você pode não se lembrar, mas já cantou esta obra de arte para centenas de pessoas, entre elas pais entusiasmados a filmar, irmãos mais velhos entediados e namorados de irmãs mais velhas querendo ganhar uns pontos com o sogrão. Caso você não lembre desta maravilha sonora, relembrar é viver! Acompanhe a melodia e cante junto. Isto não aconteceu uma ou duas vezes comigo, mas várias vezes. Como nosso colégio não tinha um auditório, iamos nos apresentar na escola Cristovão de Mendoza.

Mas meu espírito de fogo se revoltou contra esta situação, e em um certo ano (acho que foi na quarta ou quinta série), nos revoltamos, e ficamos rindo e cutucando o microfone no meio da música. Foi divertido pra cacete. O que não foi divertido foi a psicóloga da escola, Vânia, por nos chamada de Fânia, devido ao seu pouco entrosamento com os outros trabalhadores da área da saúde, fonoaudiólogos principalmente, nos puxando pelo braço e nos botando de castigo num canto escondido da platéia. Também não foi divertido o outro castigo que eu tomei do meu pai (sempre ele. Começo a pensar que Freud estava certo) por este desrespeito ao sistema. Fiquei um mês sem videogame. Ou uma semana. Sei lá. Isso não importa mais. O que realmente importa agora é que tive que me comportar como um bom menino em uma outra apresentação, desta vez nos pavilhões da Festa da Uva para algum outro feriado besta. Mas então já era tarde. Eu já era um cretino de carteirinha. E eu ganhei presente igual. Enganei Papai Noel.

Vida Dura (Parte 2)

Lavar louça. Eis um serviço ingrato. É só você terminar de lavar todos os talheres, todos os pratos e todas as panelas que chega a hora do almoço e você tem que sujar tudo de novo.

Raramente lavei a louça enquanto morava com meus pais. As vezes tomava vergonha na cara depois de um esporro paterno sobre como "eu era mimado e não ajudava em nada com a organização da casa". Claro que eu ajudava! Eu não bagunçava mais do que o necessário. Mas isso não vem ao caso agora. Achava uma merda ter que lavar a louça. Pra ser sincero, ainda acho. Mas agora não tenho muita escolha, pois ou eu faço este trabalho ou a casa fica com cheiro de esgoto por uma semana. Acabo de lavar um pote que serviu para transportar lingüiças fritas. Sexta-feira. Não consegui lavar tudo a tempo depois da aula antes de pegar meu ônibus (que, diga-se de passsagem, eu perdi). Ficou tudo parado, por três dias, apodrecendo. Quando voltei para Porto Alegre, senti medo ao olhar para aquele pote. Senti medo de que, ao abrí-lo, uma lingüiça mutante pularia no meu pescoço falando "pa...pai, pa...pai!" e arracaria minha jugular. Felizmente, mantive meu rosto (e principalmente meu nariz) afastado do pote e esfreguei-o com toda a força que pude (ele ainda está cheio de graxa, a propósito).

A pia não colabora com o andamento das coisas. O balcão para deixar a louça suja é muito apertado, o que me obriga a deixar muitas coisas dentro da pia em si, impedindo o escoamento da água. Suja. Engraxada. Nojenta. Que fica emporcalhando o resto da louça. Então, eu me obrigo a deixar os pratos em cima do balcão, as panelas em cima do fogão, os copos dentro da pia propriamente dita e os talheres dentro de copos ou panelas cheias de água (pra sujeira desgrudar, pois a relação de apego entre a comida e o talher se tornam muito fortes depois de três ou quatro dias juntos. É mais difícil que separar mãe e bebê. Winicott e Bowlby são para os fracos. Os fortes lavam louça).

O ralo da pia é outro problema. Tem uma gradezinha protetora que em teoria impede que resíduos mais largos de comida não caiam no ralo, mas isto é só em teoria, por que aquela porcaria de grade sempre sai do lugar por causa da água caíndo da torneira ou das panelas. Já tentei todo o tipo de técnica para impedir que isto aconteça, mas nenhuma é satisfatória: não deixar a água cair diretamente em cima do ralo, espalhar a água dentro das panelas em círculos dentro da pia, abrir a torneira apenas de leve... sempre a gradezinha sai do lugar. Neste exato momento, uma avançada civilização de germes de carne e queijo se desenvolve no cano da pia da cozinha. Preparem-se, o deus deles já disse que ele quer que eles conquistem o mundo e façam sacrifícios humanos diários em seu nome. E eu vou ter que chamar o encanador.

Vida Dura

Uma coisa que nunca entendi é o fascínio feminino por bebês pequenos. Não estou falando de mães de recém-nascidos que vivem quase que uma simbiose com seus filhos (até porque isto é esperado e necessário), estou falando de integrantes do sexo feminino, de 6 à 60 anos, que não têm filhos por perto pra ficar mostrando. Observe bem a reação da mulherada* a próxima vez que aquela colega que saiu em licença-maternidade ou o pai babão levarem o pimpolho para exibição: a grande maioria das mulheres vai pular em cima, querer segurar, abraçar e dizer "Qui coisinha maix lindinha!" ou "mas é a cara do pai!"

"Coisinha maix lindinha"? Só se for mais bonito que meu joelho. Bebê é tudo igual: nasce tudo com cara torta. Entendo que as mães e os pais os achem as coisas mais graciosas do mundo, mas, por Deus, eles são pais de um recém-nascido! Vocês esperariam outra reação?Mas e o resto das mulheres? Por que a súbita perda de capacidade discriminativa quando aparece um ser humano com menos de 2 anos por perto? Questões evolutivas? Não sei, mas até ontem eu achava que os abobados eram os primeiros a serem pisoteados pelos mamutes no tempo das Cavernas, ou os primeiros a comerem os cogumelos vermelhos com bolinhas brancas. Coisas que eu imagino que uma integrante do sexo feminino faça quando aparece um bebê por perto.

Tudo que os pequerruchos fazem é bonitinho. Tudo mesmo. Olhou para alguém? A reação é "Oooooh, ele gostou de mim! Que bibito!" Começou a chorar? Sempre vai aparecer a voluntária pra dizer "aaaaah, tadinho! " e pegar no colo. Arrotou? Todo mundo acha uma G-R-A-Ç-A. Aposto que se fosse eu de fraldas, cagando, peidando, arrotando e chorando por aí no colo do meu pai (por que duvido que minha mãe consiga me carregar nestas alturas do campeonato) ninguém ia achar bonitinho. Isso é injusto. E idiota.







*alguns homens também fazem isso, mas como os homens são seres infinitamente mais simples do que as mulheres, seu comportamento é compreensível: eles querem mostrar para a mulherada extasiada com o PpP (Pirralho por Perto) que eles também são sensíveis, e ganhar alguns pontos com elas. Assim, eles poderão talvez pegar uma delas, engravidá-la, levar seus filhos para o serviço e continuar com este ciclo de imbecilidades, e talvez ajudar algum outro marmanjo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Coisas que aprendi na Faculdade - Coletânea 2007

11/03/2007
- Domingo passado mudei-me para Porto Alegre, depois de conquistar uma vaga no curso de Psicologia da UFRGS. Divido um apartamento com outro estudante, de engenharia civil. Faz uma semana que moro longe de meus pais, e neste curto espaço de tempo, aprendi uma importante lição: o fogão não se concerta sozinho. E também não liga sozinho.

12/03/2007
- Atenção para todos os preguiçosos que não encontraram coragem e paciência para ler meus posts tamanho QE (Quilômetro Esticado): Se você pensa em cursar faculdade de Psicologia, e pensa em fazer na UFRGS, desista: só hoje, primeiro dia de aula propriamente dita, nos passaram mais de 60 leituras recomendadas. E eu vou ler todas.
E a propósito: apesar do Huginn ter me dito que posts quilométricos assustam uma boa parcela dos nossos leitores, ainda pretendo fazer um post mais elaborado sobre a minha rotina na universidade no futuro (quando eu tiver uma).
- Hoje aprendi mais uma importante lição na minha jornada na Federal: o tio do xerox é amigo. Da sua carteira.
- Mais uma lição da UFRGS (mais especificamente da Fabico) para a vida: a melhor defesa de um veterano é o recalque.

13/03/2007
- Catatonia é uma defesa natural do ser humano.

14/03/2007
- Café+Nestea=Red Bull
- Quando for lavar a louça, use um avental para não molhar ou sujar a roupa. Caso você não queira sujar o avental, tire a camisa.

15/03/2007
- O Cantinho do Xerox é melhor lugar para socialização de toda a faculdade. Afinal, toda e qualquer pessoa ligada ao instituto terá que, cedo ou tarde, passar por lá e esperar ser atendido. Aproveite e converse.
- Ou chá gelado é uma bebida muito mais popular do que eu imaginava, ou o distribuídor sofre de sérios problemas logísticos.
- Nunca faltará um boteco perto de uma faculdade. O dia que isto acontecer será o dia do Apocalipse.

19/03/2007
- Uma linha tênue diferencia uma discussão acadêmica de uma discussão de boteco. Esta linha é a cerveja.
- Amanditas expostas à altas temperaturas (mais de trinta graus celsius) ficam com o recheio cremoso.
- Sempre agradeça a Deus pelo Ego das pessoas ser uma substância etérea, ou caso contrário seria impossível entrar em qualquer prédio de universidade.
- Professores universitários são inteligentes, mas não necessariamente organizados, de especial maneira com suas leituras recomendadas e xerox.

20/03/2007
- Postar todas as idéias que vêm à sua cabeça tudo no mesmo dia não é bom.

21/03/2007
- É impressionante como um crachá te deixa com cara de importante.

26/03/2007
- Panelinhas são inevitáveis, porém é possível pular de uma para outra.
- Os arredores de um campus universitário sempre são muito interessantes.

29/03/2007
- Democracia não funciona quando o assunto é festa e cerveja.

04/04/2007
- Quando você decidir fazer feira, escolha VOCÊ as coisas. E pechinche. Desnecessário dizer que não fiz nenhuma das duas coisas hoje ao comprar frutas levemente batidas.

05/04/2007
- Aprendi, logo na segunda semana de aula no Instituto de Psicologia, durante as aulas de Filosofia e Psicologia, uma palavra maravilhosa: empírico. Algo é empírico quando é testado cientificamente, e pode ser reproduzido por qualquer pessoa no mundo. Por exemplo: é empírico que se você jogar uma pedra para cima, ela cairá logo em seguida, por causa das Leis da Física.

Claro, o exemplo dado é óbvio, mas há outros casos em que a palavra "Empírico" pode ser usada. E é especialmente divertido dizer "É EMPÍRICO PORRA!" para coisas imbecis, sexistas e preconceituosas em geral, como "Mulheres tem o cérebro do mesmo tamanho do de um esquilo. É empírico!" ou "Todo homem, quando tem a oportunidade de namorar uma menina, come ela. É empírico!"A parte mais divertida é gritar num boteco, depois da quinta cerveja algo como "He-Man era um boiola. Isso é empírico, porra!"
Aiaiai... os prazeres de fazer Psicologia.
- Só existem duas profissões no Canadá: lenhador e urso. Para ser urso, é necessário fazer um curso de especialização.
13/04/2007
- Viva o espaçamento entre linhas 2!
04/05/2007
- Os viadinhos do curso revelar-se-ão com o tempo.
- O mundo parece muito mais sombrio quando a lâmpada do seu quarto queima, e você acha mais importante estudar (na sala) do que comprar outra. Mas amanhã de tarde eu compro outra. Se eu não mudar de idéia. Não vai ser a primeira vez que fico sem luz no meu quarto por pura inércia.
06/05/2007
- Trecho do artigo "O Estranho", de 1919, escrito por Sigmund Freud:
"Em certa tarde quente de verão, caminhava eu pelas ruas desertas de uma cidade provinciana na Itália, quando me encontrei num quarteirão sobre cujo caráter não poderia ficar em dúvida por muito tempo. Só se viam mulheres pintadas nas janelas das pequenas casas, e apressei-me a deixar a estreita rua na esquina seguinte. Mas, depois de haver vagado algum tempo sem perguntar o meu caminho, encontrei-me subitamente de volta à mesma rua, onde a minha presença começava agora a despertar atenção. Afastei-me apressadamente uma vez mais, apenas para chegar, por meio de outro détour, à mesma rua pela terceira vez."
O que aprendemos com este texto? Sigmund Velho de Guerra ia pra Itália pra cair nas bocas, e de quebra, arranjar assunto para seu próximo artigo!
15/05/2007
- O Inconsciente é um lugar escuro e anárquico, onde todas as coisas são jogadas; O DAP é um lugar escuro e anárquico, onde todas as coisas são jogadas; O DAP é, portanto, o Inconsciente. Eu tenho a chave do DAP; A chave do DAP é a chave do Inconsciente; Se eu tenho a chave do Inconsciente, eu sou o Ego. Se eu sou o Ego, mas eu uso uma camisa do Superman, não sou mais apenas o Ego, mas o Superego. Conclusão: Psicanálise no Primeiro Semestre é uma cousa de louco.
13/06/2007
- Omelete com presunto e queijo (peito de peru, no meu caso) é o alimento mais completo para universitários do sexo masculino.
22/06/2007
- Janta no RU: 1,30
Suco do RU: 0,30
Comer musse de chocolate de sobremesa no RU: Não tem preço
Existem coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras, a Mãe UFRGS te consegue um descontão.
12/08/2007
Dicas de Ouro para a UFRGS
1- Campus do Vale:
A) Não pise na grama do Campus do Vale. Os cachorros cagam nela. Muitos cachorros.
B) Não importa qual o seu curso, ou quantas vezes você vai para o Vale por semana, o Homem das Pastilhas vai te abordar com a famosa frase "Compra uma balinha pra ajudar o amigo?" ou "Tem um V.T.* pra ajudar o amigo?". Esteja preparado.
C) Se você sentir um cheiro forte de queimado em algum lugar mais isolado do Vale, não tenha dúvida: é maconha.
D) Quer almocar por R$ 1,30? Entre na fila cedo.
E) Prepare-se: o Vale é o lugar das revolucões estudantis. Semanais.
2- Campus Saúde:
A) Não tente atravessar o campus para chegar mais rápido do outro lado, a não ser que você esteja disposto a pular algumas muitas grades.
B) A Medicina reina no Saúde, e de modo geral, na saúde inteira também. Por isso, todos os prédios do campus terão, pelo menos, um andar inteiro dedicado exclusivamente à Medicina.
C) Use o seu cartão universitário pendurado como crachá, pra ficar com cara de "dotô".
D) Desconfie de quem usa crachá do Hospital de Clínicas. Ele provavelmente se tornará um médico. Ou enfermeira(o), mas mesmo assim, não dê sorte para o azar.
E) Ao contrário do Campus do Vale, o Campus Saúde tem muitas alternativas para rango, pois há sempre um bar por faculdade. O melhor de todos, claro, é o da Medicina. O pior, claro, é o da Psicologia.
F) Idolatre Folha e Pretinha, os cachorros vira-latas do campus.
G) A FABICO** (Faculdade de Bilhar e Confraternizacão) oferece uma série de cadeiras sui generis para todos estudantes da UFRGS: Sinuca em Condicões Adversas I, II, III e "Mais que 3 em números romanos".
H) Os administradores das faculdades deste campus são os mais cagados de toda a universidade. Portanto, tenha sempre sua carteirinha em mãos se quiser entrar em qualquer um dos prédios.
3- Campus Centro:
A) O lugar é velho. Brinque de "Indiana Jones e as Ruínas Gaudérias" enquanto você fica perdido ali dentro.
B) Tal como no Vale, o Centro é terreno fértil para agitacões estudantis.
4- Campus Olímpico (ESEF):
A) Fique gritando por "RU na ESEF JÁ!" sempre. Mesmo que o reitor já tenha se comprometido a construir um até o final do ano.
B) Aliás, fique gritando "RU na ESEF JÁ!" mesmo depois que o RU tiver sido construído.
5- Instituto de Artes:
A) Cuidado: o teto pode cair no seu cucuruto a qualquer momento.
B) Se quiser colar um cartaz em algum mural, você terá que preencher um formulário, mostrar a autorizacão da reitoria e acender uma vela para Santo Expedito. E torcer para que o funcionário que cola os cartazes não esteja de greve.
_________________________________
*V.T. - Vale Transporte. O Campus se chama "do Vale" por que você à falência sem as fichinhas rosas que te garantem meia passagem.
**Também conhecida por FABICOnha e FABICanha.
13/08/2007
- A faculdade pode ter Data Show em todas as salas, mas isto não quer dizer que todos funcionem perfeitamente. Manutenção é coisa de frutinha.
15/08/2007
- Lei de Murphy para universitários: Quando você estiver em dia com as leituras das aulas, todos os seus professores, ao mesmo tempo, vão resolver passar 2 textos a mais para o dia seguinte. Como diria o formando Tales: "Gurizada, xerox é enganação. Peguem só a metade dos xerox que os professores dão, e leiam só a metade do que vocês pegarem. Pensando bem, peguem só um quarto dos xerox."
20/08/2007
- No início do ano, meu professor de Filosofia disse que nos tornaríamos desonestos ao longo do curso. Por causa da carga de leituras absurda, iríamos matar aulas para ler, ler durante as aulas ou mesmo deixar de pegar polígrafos por não gostarmos da cadeira/professor/assunto/pressão atmosférica. No final de semestre, juntando tudo isso com os trabalhos e provas, faríamos muito pior. Não acreditei. Ele estava certo.
03/09/2007
- Se a professora passar um trabalho de relacionar dois textos diferentes, não seja pão-duro e gaste dinheiro pegando o xerox que ela deixou na pasta, pois, muito provavelmente, o xerox virá com as partes sublinhadas pela própria. O que poupa muito trabalho.
- 10 dicas para quem quer comer no Bistrô Le R.U. (Restaurante Universitário) da UFRGS:
1) O R.U. é um local de paz e harmonia. Tenha isto sempre em mente.
2) Quando for se servir de feijão, passe a concha no fundo do panelão para pegar mais sementes de feijão.
3) Ao se servir de carne, tente pegar os pedaços que ficam no fundo, pois eles se conservam quentes e absorvem mais molho, além da possibilidade maior de achar um bifão.
4) Lembre-se que você só pode, pelo menos legalmente, pegar um pedaço de carne por refeição. Por isso, prefira os bifes "dobrados", pois eles tem muito mais carne do que aparentam (e uns nervos aqui e ali).
5) Se a "carne do dia" for servida por algum funcionário do restaurante, dê uma choradinha por um pouco mais. Nunca se sabe se ele vai atender seu pedido e reforçar sua dieta.
6) Não procure descobrir qual o sabor do suco do dia. É sem graça. Compre seu suco e tente adivinhar o sabor (ou inventar).
7) A carne de boi do R.U. é preparada especialmente para exercitar sua mandíbula.
8) A colher serve para comer qualquer fruta que tiver na sobremesa, inclusive laranjas (sério).
9) De vez em quando, aparece pudim ou alguma coisa gostosa do gênero, como sobremesa. Aproveite e chore o quanto puder por uma porçãozinha maior.
10) Por último, lembre-se: coma a comida antes que ela coma você.
11/09/2007
- "Democracia" é o poder do Demo.
22/09/2007
- Lembre-se sempre de comer. Não deixe a faculdade interferir em sua alimentação.
03/12/2007
- Nenhuma afirmação que comece com "Primeiro a gente compra um Del Rey e..." pode prestar. O mesmo é válido para "a gente fala com uns agricultor..." (Duarte et al, 2007).