segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Minha Universidade em Fotos (Parte 2)

Detalhe da escadaria da reitoria da UFRGS, em preto e branco, antes de tratamento no Photoshop.

Mesma foto de cima, só que depois de ser recolorido no Photoshop.

Não ficou grande coisa, admito, mas como deu algum trabalho e por ser meu primeiro "photoshoop", achei que merecia ser publicado aqui. Acho que, futuramente, postarei mais fotos destas, se me dignar a instalar o Photoshop e me aplicar em descobrir ferramentas mais avançadas, que mudem mais do que a cor.

Uma Teoria da Educação

Pensando sobre a formação em Psicologia, concluí que há uma característica necessária, mas talvez não suficiente, para a boa aprendizagem: a ampla variedade de estímulos.

Acho que para qualquer um que tenha pego um livro do Skinner na mão estou chovendo no molhado ao dizer isto, mas acredito que não é algo tão óbvio ou intuitivo assim para todas as pessoas que trabalham com Educação. Tomemos por exemplo o nosso sistema educacional geral, desde a primeira série do ensino fundamental, passando pelo terceiro ano do ensino médio, até os cursos de ensino superior. Qual é o cerne comum a todas estas etapas? A obrigatoriedade de presença em sala de aula, para ficar ouvindo e copiando o que o professor repete de um livro-texto que também é a repetição do que um pesquisador graúdo disse (e que talvez também nem seja tão original assim). Pela lógica do senso comum, é assim que aprendemos. Mas se é assim, por que é que eu lembro tão pouco da Química e da Biologia que me ensinaram no terceiro ano? Se ignorarmos o fato que ficar lendo um livro relativamente grande para decorar o que está escrito nele é uma experiência frequentemente traumática, fica um tanto quanto óbvio que não é uma atividade estimulante. Igualmente desestimulante é ficar sentado, junto com mais vinte ou trinta pessoas, por quase duas horas inteiras, ouvindo o que a professora tem para dizer sobre funcionamento cerebral e comportamento animal. E, veja bem, não são assuntos que considero desinteressantes - bem pelo contrário, é justamente o que estudo na faculdade! E isso era basicamente como eu "aprendia" no Ensino Médio. Acho impressionante que eu lembre de qualquer conteúdo que tenha sido passado para mim naquela época.

Já naquela época, gostava de trabalhos um pouco mais desafiadores, e que envolvessem mais coisas do que a sala de aula, o professor e o quadro-negro. No segundo ano do ensino médio no meu antigo colégio, por exemplo, temos aulas de Química no laboratório. Faz parte do currículo. Foram as aulas mais estimulantes e divertidas que tive de Química até hoje, e foi graças à nota do laboratório que passei de ano (já que nas provas eu sempre apanhava). Este semestre na faculdade, não posso exatamente reclamar de não ter oportunidades estimulantes, pois quatro das sete disciplinas que curso atualmente têm trabalhos que envolvem mais do que pegar um livro na biblioteca e escrever um relatório: terei que entrevistar pessoas, conhecer serviços e fazer diagnósticos e atuar como um psicólogo hospitalar, e talvez eu venha a aplicar testes e coisas afins. Em poucas palavras, uma grande quantidade de estímulos diferentes, além das aulas presenciais.

Agora, pergunto: por que não poderia ser assim sempre? Por que o modelo clássico de dar aula tem que prevalecer? Não gosto muito deste funcionamento onde o professor apenas ensina e os alunos apenas aprendem. Isto não funciona tão bem quanto poderia. Não estou dizendo que deveríamos extingüir as aulas presenciais, demitir os professores e deixar na mão dos estudantes o que eles querem fazer. Na verdade, minha proposta é muito menos destrutiva, e muito mais construtiva, apesar de ser iconoclasta. Por que não diminuir o número de horas de aulas presenciais, dar mais tempo de leitura e mais trabalhos de campo? Por exemplo, a disciplina de Processos Grupais, por mais... mais... complicada que tenha sido, proporcionou uma excelente oportunidade de ver a dinâmica de um grupo externo à faculdade, e apesar de ter dado uma BAITA trabalheira, foi muito interessante. Por que não temos um maior contato com a prática psicológica, não só de pesquisa como também aplicada?

Sei que há muitos impedimentos políticos contra esta abordagem, mas certamente seria muito interessante estudar desta maneira.

Até logo, e obrigado pelos certificados!

Continuando o assunto da minha formação em Psicologia...

Como disse antes, não comecei a fazer nenhum estágio curricular ainda. Com sorte, começarei no início do próximo ano. Em outras palavras, em quase dois anos estudando Psicologia na UFRGS, o currículo do meu curso apenas me proporciou aulas presenciais. Não quero dizer com isto que passei todo esse tempo apenas ouvindo o que um cidadão com PhD a quem é convencional chamarmos de "professor" tem para dizer sobre Foucault, Bowlby ou Freud, mas, de forma grosseira, que é só isso que a faculdade propriamente dita tem para oferecer ao seus estudantes. Francamente, é humanamente impossível apenas assistir aulas para ser um bom estagiário, quanto mais um bom profissional. Digo isto por que, com o tempo que passamos dentro do Instituto, perdemos perspectiva de quase todo o resto do mundo, que vibra, fala e faz coisas que nós muitas vezes nem ao menos imaginamos, envolvidos que estamos em discutir a cientificidade da Psicanálise ou da Psicologia.

Não me limitei às broxantes aulas presenciais, e fiz muitas outras coisas que a universidade, a academia como um todo e a "vida real" (por que vivemos em conto de fadas dentro da faculdade) me proporcionaram: fiz cursos extracurriculares, fui em congressos e em encontros estudantis, participei e participo de programas de pesquisa e extensão, troquei idéias com pessoas de todas as regiões do Brasil (sem exagero - sul, sudoeste, centro-oeste, nordeste e até mesmo norte) e li muito, não só os polígrafos que os professores disseram que deveríamos ler, como coisas que me interessam e sei que dificilmente verei em aula.

Não há uma coisa mais importante que a outra nesta pequena lista de coisas que fiz. Matricular-se e ser aprovado nas disciplinas é obrigatório se eu quiser ter um diploma de bacharel em Psicologia, mas não me torno um bom psicólogo apenas por comparecer às aulas. Aprendo com tudo que faço. Não é um processo linear e previsível, como uma "adição de conhecimentos" do tipo "Ler Freud = Saber Psicanálise Freudiana", por que poucas pessoas no mundo sabem citar de cor qualquer parágrafo de um livro, e os poucos que sabem talvez não saibam o que estão falando, e por que conhecimento puro e simples não tem muito valor. "Não sejam um vagão de munição, sejam uma espingarda!" já disse um professor de Carl Rogers, que foi muito influenciado por esta filosofia. Não acumulemos conhecimento por acumular, vamos aplicá-lo! Por isso, acho que o que aprendemos não é simplesmente jogado em um depósito mental e de lá retirado quando necessário, mas é integrado aos nossos processos humanos de mudança, modifica e é modificado pelos nossos pensamentos, emoções, motivações e comportamentos. O que aprendemos adiciona força ao que já sabíamos antes, mas não é uma adição puramente mecânica e simplista. Não sei qual seria a melhor forma de explicar isto, mas a imagem mental que tenho do processo de aprendizado é de uma bola de energia, que cresce cada vez que descubro algo novo, até o infinito.

Acho que isto tem muito a ver com a formação do psicólogo, não importa em que área ele atua ou venha atuar. Como disse anteriormente, a boa prática de nossa profissão depende muito fortemente da nossa personalidade, que deve ser moldada (ou amolada) constantemente para continuarmos sendo eficientes e eficazes. Dificilmente o que eu aprendi na faculdade terá uso na minha vida profissional, mas o fato de eu ter estudado, aprendido, assimilado certamente me influenciou, e me tornou cognitivamente mais capaz - em outras palavras, afetou a gestalt da minha personalidade, e essa gestalt em particular nunca se fechará, e estará sempre em mudança. E é essencial que assim seja, pois a própria humanidade muda com o tempo, e é necessário que mudemos juntos para podermos compreendê-la.

Se ficasse o tempo todo na faculdade, indo em todas as aulas mas sendo preguiçoso e lendo só o que eles dissessem para ler, e mais nada, eu certamente seria capaz de passar em todas as disciplinas (o que não é lá tão difícil no Instituto de Psicologia, onde um macaco bem treinado poderia se doutorar), mas ao chegar nos estágios, eu certamente sofreria bastante - afinal de contas, meu único referencial, o único lugar que busquei desenvolver meu repertório "psi" (detesto essa expressão, mas relevem) foi naquele antro de gente bitolada que é a faculdade! Talvez o estágio me salvasse e eu expandisse meus horizontes, mas ainda assim eu não seria a metade do profissional que eu poderia ser se tivesse ido mais vezes fazer programas como almoçar com o pessoal da Psicologia da UNISINOS, ou tomar nescau no corredor do alojamento do ENEP com umas baianas perdidas. Eu fiz isso tudo, e muitas outras coisas que não lembro mais. Certamente, não sou capaz de imaginar como eu seria, que tipo de psicólogo eu me tornaria se não tivesse participado de ENEPs, EREPs e tudo o mais. Mas tenho bons motivos para dizer que não seria tão bom quanto o que estou me tornando.

Músicas do Carilha

The Living Daylights
A-ha

Hey driver, where we going?
I swear, my nerves are showing
Set my hopes up way too high
Living's in the way we die
Comes the morning and the headlights fade away
Hundred thousand people, I'm the one they frame
I've been waiting long for one of us to say
"Save the darkness, let it never fade away"
Ooohh, the living daylights
Ooohh, the living daylights (the living daylights)
Alright, hold on tight now,
It's down, down to the wire
Set your hopes up way too high
Living's in the way we die
Comes the morning and the headlights fade away
Hundred thousand changes, everything's the same
I've been waiting long for one of us to say
"Save the darkness, let it never fade away"
Ooohh, the living daylights
Ooohh, the living daylights (the living daylights)
Ooohh, the living daylights (the living daylights)
Comes the morning and the headlights fade away
Hundred thousand people, I'm the one they frame
Ooohh, the living daylights
Ooohh, the living daylights (the living daylights)
(the living daylights) set your hopes up way too high
(the living daylights) living's in the way we die
(the living daylights) set your hopes up way too high
(the living daylights) living's in the way we die
(the living daylights) set your hopes up way too high