terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Meu auto-depoimento para o Orkut

Comportamentalista... e Existencialista ao mesmo tempo. É possível isto?

Antigamente, eu costumava colocar alguma citação de uma figura importante na história nesta seção do meu perfil. Não que os discursos e palavras que aqui coloquei não me inspirem mais. Pelo contrário. Mas acho que chegou a hora de escrever algo por mim mesmo, fazer um grande depoimento para a pessoa que mais amo no mundo: eu mesmo.

Quem sou eu, afinal? A melhor resposta que possar dar é que sou fruto de um processo ainda em andamento. Digo isto por que levei muito tempo para decidir escrever um "quem sou eu" tão sincero. Lembro-me da primeira (e única) vez que deixei minhas próprias palavras aqui para descrever a mim mesmo: cheio de clichês, com erros de português intencionais, como se fosse um pecado neste mundo virtual ter algum domínio da gramática portuguesa, timidamente, com medo de me destacar. Até tentei escrever algo sincero outras vezes, mas na hora de atualizar a página, o Orkut negava-me a rosquinha (no bom sentido). Não estava preparado, penso eu.

Depois, como disse anteriormente, comecei a colocar citações aqui. Theodore Roosevelt, Sêneca, Luis Fernando Verissimo. Curiosamente, todos eles falavam de coragem, audácia e destemor. Lia seus discursos e me inspirava, mas no fundo da minha mente ecoava uma voz autoritária dizendo "tu não és nada disto e nunca vais ser". E eu concordava.

Olhando para o fundo de minha alma, revendo toda minha história, sempre admirei homens e mulheres audazes, de coragem e fibra. Pessoas que não se contentavam em apenas contemplar e escrever a história, mas agiam e faziam a história, seja do mundo ou a sua própria, que não temiam atirar-se perigosamente contra o inimigo, por sua vida em risco, tudo por um Bem Maior. Garibaldi, Churchill, Gandhi, Martin Luther King, Roosevelt e, por que não?, Clark Kent (prefiro a história de Smallville, gente, apesar dos pesares), Batman, Kenshin, Luke Skywalker! Homens que não tolheram seus espíritos, que deixaram o fogo de suas almas queimar alto, mesmo sabendo que só cinzas restariam no final. Admirava-os por isso, mas, outra vez, aquela voz autoritária dentro de mim dizia “tu não és um deles. tu és um covarde qualquer”. E eu aceitava seu veredicto.

Digo tudo isto para deixar claro porque sou fruto de um processo ainda em andamento. Desde a primeira vez que escrevi no “quem sou eu”, quando a foto do meu perfil ainda era um Barney decapitado (quanta vergonha da própria cara), até o presente momento eu vivi muito. Tive experiências mil, vivi meus sonhos, chorei e sorri. Mudei muito. Hoje, avaliando meu passado, consigo ouvir outra voz além daquela autoritária. Era uma voz fraquinha, mas que foi ganhando força e vigor com o tempo, que me dizia “Tu és corajoso! Tu és capaz! Larga de frescura e corre atrás dos teus sonhos!” Esta voz sempre esteve lá, a voz do meu guia interno, mas só depois de muito tempo aprendi a escutá-lo.

Levei muito tempo para perceber algo muito simples, que estava de baixo de meu nariz este tempo todo, e só hoje, ao escrever este auto-depoimento, fui capaz de verbalizar uma das minhas maiores qualidades: eu sou um homem de ação. Algo tão simples de dizer, tão difícil de notar. Descobri que sou o que sempre desejei ser, e que não devo nada à meus heróis (sou tão pró-ativo que escrevo meus próprios depoimentos, já que ninguém faz isso por mim. Acho que até vou criar uma pá de fakes e ficar me escrevendo depoimentos todos os dias pra inflar meu ego).

Quanto às duas vozes, devo dizer que ambas continuam competindo por atenção em minha mente (ou comportamento encoberto, como preferem os behavioristas). Às vezes, e meu guia interior quem fala mais alto. Outras vezes, aquela voz autoritária é quem manda, se bem que isto tem se tornado cada vez menos freqüente. Mas aquela humildade doentia acho que eu deixei em algum lugar que eu não lembro direito. E como disse uma muito querida amiga minha: “deixa ela pra lá e te diverte sem ela”. É o que planejo fazer.
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Este é atualmente meu perfil do Orkut, e estou postando-o aqui pois pretendo, em breve, mudá-lo. Por que mudar é preciso, mas preservar as boas coisas do passado também.

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