Ultimamente, tenho estado intelectualmente ocupado com questões epistemológicas – será a ciência um fim em si mesmo, ou apenas um movimento político?
Os defensores da primeira posição defendem, de forma semelhante ao que os parnasianos diziam da arte, que a ciência a si se basta, e vão além, dizendo que tudo pelo bem da ciência é aceitável. São os chamados positivistas e cartesianos, que acreditam em um mundo externo real, objetivo e material, passível de mensuração e controle, onde a opinião própria e subjetiva dos indivíduos nada conta diante dos fatos concretos da experiência.
Do outro lado do front, posicionam-se os ditos pós-modernistas. Eles questionam o valor absoluto da ciência, ressaltando seus processos políticos, frequentemente ignorados ou até mesmo desmentidos pelos positivistas. Para os pós-modernistas, não existe uma realidade externa tangível, realmente material ou mesmo real, e a subjetividade exerce um papel extremamente, se não o mais, importante em nossa realidade.
Enquanto a posição positivista pode defender a tortura de animais e seres vivos para “o bem da ciência”, os pós-modernistas frequentemente atacam a validade e a necessidade de experimentos, defendendo que a ciência deva se tornar uma hermenêutica, ou seja, limitar-se apenas a descrever os fenômenos, sem buscar relações causais.
São duas posições problemáticas, pois com o positivismo, corremos o risco de colocar a ciência em um pedestal e fazer sacrifícios em seu nome, enquanto que com o pós-modernismo corremos o risco de passar os dias apenas descrevendo as coisas, imersos em um oceano de intelectualismos, cheio de palavras bonitas e complicadas, porém nenhuma atitude, nada que faça nossa vida realmente melhor.
Depois de muito pensar a respeito destes dois posicionamentos epistemológicos, percebi que em ambos, falta algo fundamental. Não em seus discursos, mas em suas práticas e em sua filosofia mais profunda: um sentido. Para os cartesianos, a ciência é o princípio, o meio e o fim de todas as coisas, e tudo que for para ela e por ela vale a pena ser feito, ao passo que para os pós-modernistas tudo o que importa é a subjetividade, e a ciência e seus “fatos” mutilam a subjetividade, e portanto deve ser abolida, ou pelo menos grandemente limitada. Mas e a humanidade?
Ah sei, parece retórica barata clamar pela humanidade (Oh the humanity!) em um texto sobre ciência, mas tanto o positivismo quanto o pós-modernismo esqueceram-se de que sua função fazer do mundo um lugar melhor, para nós que hoje vivemos, e para as futuras gerações ainda por vir, seres humanos e outras espécies de seres vivos também. Focamo-nos demais nas políticas mesquinhas de agora, e deixamos de lado este sentido transcendente da ciência, de preocupar-se com todos os que vivem sobre este pequeno planeta azul, de fazer suas vidas melhores materialmente, mas também mais significativas espiritualmente.
A política influencia a ciência, mas esta não deve nunca abandonar a busca de uma Verdade apenas por que ela parece inatingível.
"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"
Mário Quintana
domingo, 30 de março de 2008
sábado, 29 de março de 2008
A Reforma Psiquiátrica - Verdades, Mitos e Política
Estava pensando um dia desses sobre o que vejo na faculdade, e o tema da Reforma Psiquiátrica e do Movimento Antimanicomial vieram-me instantaneamente à mente. Tive aulas de Psicologia Social e Políticas Públicas com Simone Paulon, uma das principais pesquisadoras da área, compareci à terceira edição do Mental Tchê em São Lourenço do Sul e muito ouvi meus veteranos falarem a respeito.
Basicamente, os princípios que norteiam a luta antimanicomial são os da humanização dos serviços de saúde mental, e por uma maior descentralização do poder dentro destes serviços, agora concentrados nas mãos dos psiquiatras. O ideal da reforma psiquiátrica é, em outras palavras, garantir que seus usuários sejam tratados como os seres humanos que são, e não como os internos de hospícios tem sido historicamente tratados, como animais. Neste ponto, acho que todos, desde psiquiatras até psicólogos concordariam.
Mas não consigo parar de me questionar se a reforma psiquiátrica até agora empreendida conseguiu fazer o que se propôs. Ela está dando certo?
Com certa freqüência, vejo notícias de jornais falando sobre como usuários de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que deveriam de certa forma “substituir” os hospitais psiquiátricos, são mau atendidos, não recebem seus remédios, que vivem um constante “entra-e-sai” do CAPS. Estes jornais frequentemente defendem que isto não pode continuar desta maneira, e que a única solução seria restabelecer os manicômios. Vários colegas de curso, ao se depararem com tais reportagens, saem bradando que a mídia é “reacionária” e que foi “comprada” pelos psiquiatras. Poderia pensar assim também, e não ter que agoniar-me com as dúvidas que agora me afligem, e ser aceito como mais um feliz estudante de Psicologia com pensamento crítico, mas prefiro ser levemente reacionário e ignorante, e questionar se o que estes jornais afirmam (o mau atendimento de usuários de CAPS) é verdadeiro ou não. E, usando um pouco do abominado senso comum, não vejo o que a mídia teria a ganhar fabricando notícias sobre o sistema substitutivo. Nenhum jabá corporativo valeria a sua credibilidade se este sistema funcionasse perfeitamente.
Admito minha ignorância a respeito deste assunto, pois não conheço nenhum CAPS por dentro, e as poucas coisas que conheci a respeito da reforma psiquiátrica me foram apresentadas por seus defensores, o que torna seu testemunho um tanto quanto suspeito. Sempre que ouvimos um psiquiatra criticar a reforma psiquiátrica, dizemos que ele é “enviesado” e tem “motivações políticas”, pois seu poder com esta reforma esta se esvaindo. Mas por que não dizemos o mesmo quando um psicólogo defende a reforma, pois ele está ganhando poder com ela?
É uma questão complicada. Ouço dizer bastante que por trás de toda teoria técnica há um discurso político. Que os psiquiatras defendem os hospitais psiquiátricos por que nestes eles detêm poder absoluto. Mas isto torna a eficácia das técnicas psiquiátricas nulas, meros epifenômenos do sistema político da saúde mental? Sei que, historicamente, pacientes psiquiátricos foram simplesmente empilhados em prédios sujos e escuros e lá esquecidos, mas será que foi (e é) assim mesmo? Mais uma vez, admito minha ignorância, pois nunca conheci um hospital psiquiátrico de verdade. Fui no São Pedro uma vez, mas acho que não posso tomá-lo como modelo, já que, por ter sido o primeiro do estado, ele é um símbolo da força dos psiquiatras, e portanto é um alvo preferencial dos ataques reformistas. Acho que a Clínica Paulo Guedes de Caxias do Sul seria um melhor exemplo, por ser um tanto quanto ignorada no plano político estadual (nunca me falaram nada a respeito dela. É só São Pedro na cabeça).
Recebi um e-mail uma vez, através da lista do COREP, falando sobre uma dessas reportagens “reacionárias” que saiu n’O Globo do Rio de Janeiro, sobre pacientes psiquiátricos morrendo na rua. Não lembro direito dos detalhes, mas lembro que o autor da mensagem conclamava a todos nós a repudiar a tal da reportagem, e a trabalhar rapidamente para “conter os danos causados” por ela. Por “contenção de danos” neste contexto, imagino que fosse convencer a opinião pública de que a reportagem não refletia a realidade. Não sei se reflete, e confio que meus colegas mais experientes esclareçam este tópico. Mas fico pensando... por que a mensagem deste e-mail era sobre “conter os danos causados” pela reportagem, e não “impedir que mais mortes aconteçam” por causa das falhas do sistema substitutivo? Os argumentos de que não há dados estatísticos sobre as mortes dentro de hospitais psiquiátricos, e que se mantivermos o apoio da opinião pública, a reforma poderá continuar, e a condição geral dos usuários do sistema de saúde mental melhorará foram os primeiros que eu usaria em defesa da contenção de danos e de uma publicidade eficiente. Mas um mestre de Karatê me perguntou durante um treino: o que é melhor: ser eficiente ou parecer eficiente? É uma posição filosófica bem diversa da máxima maquiavélica de que parecer é mais importante do que ser. Além disso, devo admitir que Artes Marciais e Políticas Públicas são domínios bem diversos, e que muitas coisas que se aplicam à uma, não se aplicam á outra. Mas será que parecer é mais importante do que ser?
Dizem que a melhor forma de propaganda é o boca-a-boca: alguém usa seu serviço, gosta, e recomenda para os amigos e conhecidos. Desta maneira, se você for bom no que faz, logo terá uma clientela cativa. Não sei se há estudos confirmando este fenômeno, mas casos anedotais a respeito disto existem por toda parte. Seria demais supor que a melhor publicidade para a reforma psiquiátrica é seu funcionamento eficaz? Cansei de ouvir que “político, tudo é”, para citar ainda outro e-mail que recebi sobre estas pendengas. A parte técnica, prática e funcional não quer dizer absolutamente nada? É só um mal necessário, como o extintor de incêndio obrigatório em todos veículos automotores (que diga-se de passagem, não serve muita coisa)? Utilizando-me desta lógica, é possível defender a substituição da Psicologia e da Psiquiatria no tratamento de transtornos mentais, e colocar Terapia de Florais em seus lugares. Afinal, não é tudo política? Se eu for um terapeuta floral muito eficiente no campo da política, eu posso passar por cima de todas as pesquisas empíricas irrelevantes e fazer do meu discurso mais importante que todos os outros. Certo?
O que quero questionar não são os objetivos da Luta Antimanicomial, muito nobres, mas seus meios, que, pelo que me parecem, não são lá grande coisa. Claro, os seus defensores conseguiram transformar a reforma psiquiátrica em lei, e isso demonstra grande habilidade e força, especialmente quando se pensa que o adversário principal da reforma seja o cartel médico. Impedir que as freqüentes ondas de ataque vindas do “outro lado” derrubem a lei é outra prova de poder. Mas e os pacientes psiquiátricos, como ficam? Não tenho a menor dúvida de que há milhares de psicólogos, enfermeiros, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e outros tantos profissionais que trabalham com saúde mental preocupados com as condições daqueles que procuram sua ajuda. Mas as reportagens que vira e mexe aparecem, falando sobre pacientes de CAPS morrendo feito moscas, por mais questionáveis que possam ser, trazem à tona algo que pode ser verdadeiro: o sistema substitutivo não está dando conta do recado. Isto é verdadeiro realmente? Não sei. De novo devo admitir minha ignorância sobre este assunto, já que não conheço o “front”, e passo (por enquanto) todo meu tempo atrás de livros e polígrafos xerocados. Mas se simplesmente refutarmos estas afirmações como sendo “descabidas”, ou mesmo “reacionárias” e “mentirosas”, sem discutir criticamente o que acontece, vamos tirar os psiquiatras de seus locais de poder, e colocar os psicólogos em outro. E chamar quem é contra isso de desalmado ou coisa pior.
Basicamente, os princípios que norteiam a luta antimanicomial são os da humanização dos serviços de saúde mental, e por uma maior descentralização do poder dentro destes serviços, agora concentrados nas mãos dos psiquiatras. O ideal da reforma psiquiátrica é, em outras palavras, garantir que seus usuários sejam tratados como os seres humanos que são, e não como os internos de hospícios tem sido historicamente tratados, como animais. Neste ponto, acho que todos, desde psiquiatras até psicólogos concordariam.
Mas não consigo parar de me questionar se a reforma psiquiátrica até agora empreendida conseguiu fazer o que se propôs. Ela está dando certo?
Com certa freqüência, vejo notícias de jornais falando sobre como usuários de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que deveriam de certa forma “substituir” os hospitais psiquiátricos, são mau atendidos, não recebem seus remédios, que vivem um constante “entra-e-sai” do CAPS. Estes jornais frequentemente defendem que isto não pode continuar desta maneira, e que a única solução seria restabelecer os manicômios. Vários colegas de curso, ao se depararem com tais reportagens, saem bradando que a mídia é “reacionária” e que foi “comprada” pelos psiquiatras. Poderia pensar assim também, e não ter que agoniar-me com as dúvidas que agora me afligem, e ser aceito como mais um feliz estudante de Psicologia com pensamento crítico, mas prefiro ser levemente reacionário e ignorante, e questionar se o que estes jornais afirmam (o mau atendimento de usuários de CAPS) é verdadeiro ou não. E, usando um pouco do abominado senso comum, não vejo o que a mídia teria a ganhar fabricando notícias sobre o sistema substitutivo. Nenhum jabá corporativo valeria a sua credibilidade se este sistema funcionasse perfeitamente.
Admito minha ignorância a respeito deste assunto, pois não conheço nenhum CAPS por dentro, e as poucas coisas que conheci a respeito da reforma psiquiátrica me foram apresentadas por seus defensores, o que torna seu testemunho um tanto quanto suspeito. Sempre que ouvimos um psiquiatra criticar a reforma psiquiátrica, dizemos que ele é “enviesado” e tem “motivações políticas”, pois seu poder com esta reforma esta se esvaindo. Mas por que não dizemos o mesmo quando um psicólogo defende a reforma, pois ele está ganhando poder com ela?
É uma questão complicada. Ouço dizer bastante que por trás de toda teoria técnica há um discurso político. Que os psiquiatras defendem os hospitais psiquiátricos por que nestes eles detêm poder absoluto. Mas isto torna a eficácia das técnicas psiquiátricas nulas, meros epifenômenos do sistema político da saúde mental? Sei que, historicamente, pacientes psiquiátricos foram simplesmente empilhados em prédios sujos e escuros e lá esquecidos, mas será que foi (e é) assim mesmo? Mais uma vez, admito minha ignorância, pois nunca conheci um hospital psiquiátrico de verdade. Fui no São Pedro uma vez, mas acho que não posso tomá-lo como modelo, já que, por ter sido o primeiro do estado, ele é um símbolo da força dos psiquiatras, e portanto é um alvo preferencial dos ataques reformistas. Acho que a Clínica Paulo Guedes de Caxias do Sul seria um melhor exemplo, por ser um tanto quanto ignorada no plano político estadual (nunca me falaram nada a respeito dela. É só São Pedro na cabeça).
Recebi um e-mail uma vez, através da lista do COREP, falando sobre uma dessas reportagens “reacionárias” que saiu n’O Globo do Rio de Janeiro, sobre pacientes psiquiátricos morrendo na rua. Não lembro direito dos detalhes, mas lembro que o autor da mensagem conclamava a todos nós a repudiar a tal da reportagem, e a trabalhar rapidamente para “conter os danos causados” por ela. Por “contenção de danos” neste contexto, imagino que fosse convencer a opinião pública de que a reportagem não refletia a realidade. Não sei se reflete, e confio que meus colegas mais experientes esclareçam este tópico. Mas fico pensando... por que a mensagem deste e-mail era sobre “conter os danos causados” pela reportagem, e não “impedir que mais mortes aconteçam” por causa das falhas do sistema substitutivo? Os argumentos de que não há dados estatísticos sobre as mortes dentro de hospitais psiquiátricos, e que se mantivermos o apoio da opinião pública, a reforma poderá continuar, e a condição geral dos usuários do sistema de saúde mental melhorará foram os primeiros que eu usaria em defesa da contenção de danos e de uma publicidade eficiente. Mas um mestre de Karatê me perguntou durante um treino: o que é melhor: ser eficiente ou parecer eficiente? É uma posição filosófica bem diversa da máxima maquiavélica de que parecer é mais importante do que ser. Além disso, devo admitir que Artes Marciais e Políticas Públicas são domínios bem diversos, e que muitas coisas que se aplicam à uma, não se aplicam á outra. Mas será que parecer é mais importante do que ser?
Dizem que a melhor forma de propaganda é o boca-a-boca: alguém usa seu serviço, gosta, e recomenda para os amigos e conhecidos. Desta maneira, se você for bom no que faz, logo terá uma clientela cativa. Não sei se há estudos confirmando este fenômeno, mas casos anedotais a respeito disto existem por toda parte. Seria demais supor que a melhor publicidade para a reforma psiquiátrica é seu funcionamento eficaz? Cansei de ouvir que “político, tudo é”, para citar ainda outro e-mail que recebi sobre estas pendengas. A parte técnica, prática e funcional não quer dizer absolutamente nada? É só um mal necessário, como o extintor de incêndio obrigatório em todos veículos automotores (que diga-se de passagem, não serve muita coisa)? Utilizando-me desta lógica, é possível defender a substituição da Psicologia e da Psiquiatria no tratamento de transtornos mentais, e colocar Terapia de Florais em seus lugares. Afinal, não é tudo política? Se eu for um terapeuta floral muito eficiente no campo da política, eu posso passar por cima de todas as pesquisas empíricas irrelevantes e fazer do meu discurso mais importante que todos os outros. Certo?
O que quero questionar não são os objetivos da Luta Antimanicomial, muito nobres, mas seus meios, que, pelo que me parecem, não são lá grande coisa. Claro, os seus defensores conseguiram transformar a reforma psiquiátrica em lei, e isso demonstra grande habilidade e força, especialmente quando se pensa que o adversário principal da reforma seja o cartel médico. Impedir que as freqüentes ondas de ataque vindas do “outro lado” derrubem a lei é outra prova de poder. Mas e os pacientes psiquiátricos, como ficam? Não tenho a menor dúvida de que há milhares de psicólogos, enfermeiros, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e outros tantos profissionais que trabalham com saúde mental preocupados com as condições daqueles que procuram sua ajuda. Mas as reportagens que vira e mexe aparecem, falando sobre pacientes de CAPS morrendo feito moscas, por mais questionáveis que possam ser, trazem à tona algo que pode ser verdadeiro: o sistema substitutivo não está dando conta do recado. Isto é verdadeiro realmente? Não sei. De novo devo admitir minha ignorância sobre este assunto, já que não conheço o “front”, e passo (por enquanto) todo meu tempo atrás de livros e polígrafos xerocados. Mas se simplesmente refutarmos estas afirmações como sendo “descabidas”, ou mesmo “reacionárias” e “mentirosas”, sem discutir criticamente o que acontece, vamos tirar os psiquiatras de seus locais de poder, e colocar os psicólogos em outro. E chamar quem é contra isso de desalmado ou coisa pior.
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quinta-feira, 27 de março de 2008
Para além da Política e Opinião
Em um processo científico, a crítica é fundamental. Primeiramente, por que ela permite que o pesquisador seja privilegiado com informações advindas de outros campos, e desse modo, pode enriquecer seu delineamento experimental. Segundo, por que alguns erros óbvios não são tão óbvios quando olhamos muito perto, e alguém mais distanciado pode apontá-los. Portanto, é sempre salutar quando um cientista promove debates sobre pesquisas alheias, pois isto potencializa o progresso. Mas entrar na justiça para proibir uma pesquisa, com a desculpa de “discutir com a sociedade” não é só desonesto, é covarde e mesquinho.
Esse é um assunto antigo, tanto aqui, quanto no Amoladores de Facas. Já cansei de falar a respeito das posições adotadas por muitos dos críticos da pesquisa que será (ou não) realizada por neurocientistas da UFRGS e da PUCRS com meninos internos da FASE, utilizando-se de técnicas como Pet Scan, Eletroencefalograma e Ressonância Magnética. Mas através das discussões de que participei sobre ela, pude notar várias incongruências no discurso destes “campeões dos direitos humanos”.
Michel Foucault, importante filósofo e sociólogo francês, através de suas pesquisas, concluiu que, por trás do discurso psiquiátrico de várias épocas havia um discurso político, que era mais significativo do que o discurso técnico. Por exemplo, era comum que mendigos, bêbados e outros moradores de rua incômodos fossem internados em hospícios, para que não incomodassem a “boa sociedade” com sua visão asquerosa. Por chocante que possa parecer, isto ocorre até hoje. Basta apenas visitar um hospital como o “glorioso” São Pedro, ou o Instituto Psiquiátrico Forense. Foucault apontou algo incômodo, porém verdadeiro, uma verdadeira mancha em nossa sociedade. Mas, como bom guru que se tornou (duvido que por desejo próprio), teve seus ensinamentos devidamente postos no Altar da Certeza.
Numa das primeiras discussões em que me envolvi sobre essa pesquisa, reclamei que os críticos estavam focando-se exclusivamente na política, deixando de lado as questões técnicas. Recebi como resposta “político, sempre é”. Tirei de contexto, o que pode ter desvirtuado seu sentido original, que dizia que posicionar-se contra ou a favor de uma pesquisa é um posicionamento político, mas representa bem o que quero demonstrar. No agora famoso debate da TVCOM sobre este mesmo assunto, Martha Narvaz começou sua parte dizendo exatamente isto aqui:
“A gente sabe que existem diferenças de discurso teórico, que são os discursos da biologia, discursos da genética, discursos da psicologia, e dentro da psicologia, tem a psicologia experimental, que pensa diferente de outras linhas teóricas. E a gente sabe que todos esses discursos vão disputar no meio acadêmico a sua condição de verdade.”
(grifo meu)
Este debate deveria ser exibido para todos os calouros de Ciências Humanas da UFRGS, com o título “Como não fazer ao se posicionar em um debate”. Ela é tão ruim debatedora que foi uma dor ter que voltar o vídeo várias vezes para pegar a parte que eu queria. Destaquei a última frase da citação, que considero paradigmática. Em outras palavras, ela diz “nossos discursos valem a mesma coisa, não importa qual seja mais útil, ou empiricamente validada. O que conta é opinião”. Ao longo de todo o debate, diversas vezes ela diz coisas do tipo “é uma opinião minha, pessoal, mas essa pesquisa é eugenista!” Não acredita? Vai lá e olha todos os quatro vídeos. Não sou masoquista pra ficar olhando tudo de novo. Mas enfim, o que ela faz é colocar coisas bem diversas, desde Terapia Cognitivo-Comportamental até Terapia de Florais no mesmo balaio, joga fora todos os experimentos que atestam a eficiência da primeira e colocam em dúvida a da segunda, e diz que o que importa é o discurso político. Quem tiver mais muque é quem está certo (um discurso legitimamente nazista). Peguei pesado, admito, primeiramente por que ela não falou de TCC e de Florais, e muito menos defenderia esta última, mas com este exemplo, pretendo demonstrar o sofisma que ela utilizou como argumento. Se eu quisesse defender que a Terapia de Florais é superior à Terapia Cognitivo-Comportamental, eu utilizaria argumentos muito semelhantes aos da doutoranda Martha.
Desprezar a parte técnica da ciência, e focar-se apenas nos aspectos políticos que envolvem a teoria é perigoso. A História, para quem a Martha apelou quando falou no mr. Hitler, dá um bom exemplo do que aconteceu quando a técnica foi ignorada: Trofim Lysenko. Para quem não conhece esta figura e não está com paciência para ler o artigo da Wikipédia, Lysenko foi um geneticista soviético que decidiu ignorar as descobertas de Gregor Mendel no campo da genética, tirou uma teoria própria do ar, convenceu Stalin que não existia coisa melhor no mundo, expurgou seus rivais teóricos do país,e aplicou suas teorias nas plantações de trigo da União Soviética. O que aconteceu em seguida foi uma queda espantosa na produtividade, falta de alimentos e fome generalizada. O lado que ficou com o velho Mendel conheceu destino mui diferente, a Revolução Verde, o maior salto em produtividade de colheitas. Imaginem se, lá nos idos de 1940, geneticistas ocidentais influenciados por Lysenko começassem a falar que tudo é discurso, e convencessem os presidentes de seus respectivos países a proibirem pesquisas em genética mendeliana, só na lábia?
Em um campo como as Ciências da Saúde, isto é tão ou mais perigoso. As Neurociências tem se mostrado extremamente promissoras nos últimos dez anos, trazendo benefícios concretos para a humanidade, e não para o conceito abstrato de “progresso científico”. Elas têm beneficiado pessoas. Se existe um discurso político por trás das neurociências, da Terapia Cognitivo-Comportamental? Certamente. Estes discursos políticos influenciam os rumos da pesquisa? Qualquer um que trabalha com pesquisa sabe que sim. É o discurso político o fator mais importante por trás da ciência? Não. O fator mais importante é o bem-estar de todos os seres humanos, estejam eles envolvidos ou não no processo científico.
Peguei apenas um extremo da discussão e ampliei-o para tornar meus argumentos mais claros por contraste, mas nem de longe as posições aqui criticadas representam a opinião da maioria. Muitos de meus colegas são contrários a esta pesquisa, por temerem que os meninos envolvidos fossem tratados como absorventes (ignorados depois da pesquisa), que os procedimentos envolvidos acarretassem mal físico ou psicológico, ou que as vias políticas pelas quais os pesquisadores caminharam para ter acesso à FASE fossem duvidosas. Mas nunca endossaram seu boicote. O palestrante do último seminário em pesquisa em psicologia levantou justamente o problema do discurso positivista por trás desta pesquisa, mas rechaçou a idéia de apelar para a Justiça proibir sua realização. Questionou a teoria e os métodos. Baseou-se em opinião e política, mas foi muito além delas. Foi um verdadeiro cientista.
Esse é um assunto antigo, tanto aqui, quanto no Amoladores de Facas. Já cansei de falar a respeito das posições adotadas por muitos dos críticos da pesquisa que será (ou não) realizada por neurocientistas da UFRGS e da PUCRS com meninos internos da FASE, utilizando-se de técnicas como Pet Scan, Eletroencefalograma e Ressonância Magnética. Mas através das discussões de que participei sobre ela, pude notar várias incongruências no discurso destes “campeões dos direitos humanos”.
Michel Foucault, importante filósofo e sociólogo francês, através de suas pesquisas, concluiu que, por trás do discurso psiquiátrico de várias épocas havia um discurso político, que era mais significativo do que o discurso técnico. Por exemplo, era comum que mendigos, bêbados e outros moradores de rua incômodos fossem internados em hospícios, para que não incomodassem a “boa sociedade” com sua visão asquerosa. Por chocante que possa parecer, isto ocorre até hoje. Basta apenas visitar um hospital como o “glorioso” São Pedro, ou o Instituto Psiquiátrico Forense. Foucault apontou algo incômodo, porém verdadeiro, uma verdadeira mancha em nossa sociedade. Mas, como bom guru que se tornou (duvido que por desejo próprio), teve seus ensinamentos devidamente postos no Altar da Certeza.
Numa das primeiras discussões em que me envolvi sobre essa pesquisa, reclamei que os críticos estavam focando-se exclusivamente na política, deixando de lado as questões técnicas. Recebi como resposta “político, sempre é”. Tirei de contexto, o que pode ter desvirtuado seu sentido original, que dizia que posicionar-se contra ou a favor de uma pesquisa é um posicionamento político, mas representa bem o que quero demonstrar. No agora famoso debate da TVCOM sobre este mesmo assunto, Martha Narvaz começou sua parte dizendo exatamente isto aqui:
“A gente sabe que existem diferenças de discurso teórico, que são os discursos da biologia, discursos da genética, discursos da psicologia, e dentro da psicologia, tem a psicologia experimental, que pensa diferente de outras linhas teóricas. E a gente sabe que todos esses discursos vão disputar no meio acadêmico a sua condição de verdade.”
(grifo meu)
Este debate deveria ser exibido para todos os calouros de Ciências Humanas da UFRGS, com o título “Como não fazer ao se posicionar em um debate”. Ela é tão ruim debatedora que foi uma dor ter que voltar o vídeo várias vezes para pegar a parte que eu queria. Destaquei a última frase da citação, que considero paradigmática. Em outras palavras, ela diz “nossos discursos valem a mesma coisa, não importa qual seja mais útil, ou empiricamente validada. O que conta é opinião”. Ao longo de todo o debate, diversas vezes ela diz coisas do tipo “é uma opinião minha, pessoal, mas essa pesquisa é eugenista!” Não acredita? Vai lá e olha todos os quatro vídeos. Não sou masoquista pra ficar olhando tudo de novo. Mas enfim, o que ela faz é colocar coisas bem diversas, desde Terapia Cognitivo-Comportamental até Terapia de Florais no mesmo balaio, joga fora todos os experimentos que atestam a eficiência da primeira e colocam em dúvida a da segunda, e diz que o que importa é o discurso político. Quem tiver mais muque é quem está certo (um discurso legitimamente nazista). Peguei pesado, admito, primeiramente por que ela não falou de TCC e de Florais, e muito menos defenderia esta última, mas com este exemplo, pretendo demonstrar o sofisma que ela utilizou como argumento. Se eu quisesse defender que a Terapia de Florais é superior à Terapia Cognitivo-Comportamental, eu utilizaria argumentos muito semelhantes aos da doutoranda Martha.
Desprezar a parte técnica da ciência, e focar-se apenas nos aspectos políticos que envolvem a teoria é perigoso. A História, para quem a Martha apelou quando falou no mr. Hitler, dá um bom exemplo do que aconteceu quando a técnica foi ignorada: Trofim Lysenko. Para quem não conhece esta figura e não está com paciência para ler o artigo da Wikipédia, Lysenko foi um geneticista soviético que decidiu ignorar as descobertas de Gregor Mendel no campo da genética, tirou uma teoria própria do ar, convenceu Stalin que não existia coisa melhor no mundo, expurgou seus rivais teóricos do país,e aplicou suas teorias nas plantações de trigo da União Soviética. O que aconteceu em seguida foi uma queda espantosa na produtividade, falta de alimentos e fome generalizada. O lado que ficou com o velho Mendel conheceu destino mui diferente, a Revolução Verde, o maior salto em produtividade de colheitas. Imaginem se, lá nos idos de 1940, geneticistas ocidentais influenciados por Lysenko começassem a falar que tudo é discurso, e convencessem os presidentes de seus respectivos países a proibirem pesquisas em genética mendeliana, só na lábia?
Em um campo como as Ciências da Saúde, isto é tão ou mais perigoso. As Neurociências tem se mostrado extremamente promissoras nos últimos dez anos, trazendo benefícios concretos para a humanidade, e não para o conceito abstrato de “progresso científico”. Elas têm beneficiado pessoas. Se existe um discurso político por trás das neurociências, da Terapia Cognitivo-Comportamental? Certamente. Estes discursos políticos influenciam os rumos da pesquisa? Qualquer um que trabalha com pesquisa sabe que sim. É o discurso político o fator mais importante por trás da ciência? Não. O fator mais importante é o bem-estar de todos os seres humanos, estejam eles envolvidos ou não no processo científico.
Peguei apenas um extremo da discussão e ampliei-o para tornar meus argumentos mais claros por contraste, mas nem de longe as posições aqui criticadas representam a opinião da maioria. Muitos de meus colegas são contrários a esta pesquisa, por temerem que os meninos envolvidos fossem tratados como absorventes (ignorados depois da pesquisa), que os procedimentos envolvidos acarretassem mal físico ou psicológico, ou que as vias políticas pelas quais os pesquisadores caminharam para ter acesso à FASE fossem duvidosas. Mas nunca endossaram seu boicote. O palestrante do último seminário em pesquisa em psicologia levantou justamente o problema do discurso positivista por trás desta pesquisa, mas rechaçou a idéia de apelar para a Justiça proibir sua realização. Questionou a teoria e os métodos. Baseou-se em opinião e política, mas foi muito além delas. Foi um verdadeiro cientista.
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terça-feira, 25 de março de 2008
Mais do mesmo
Saíndo da aula hoje, acompanhei meu veterano e bom amigo amolador Marcelo até a parada de ônibus. Íamos conversando a respeito de seu local de estágio, um posto de saúde onde, segundo ele, há apenas três psicólogos, e um monte de gente de outros cursos da área da saúde, como Enfermagem e Nutrição, e que não poderia ser melhor.
Venho pensando nisso faz algum tempo. Em outras universidades, como a UCS e a UFSC não tem um Instituto de Psicologia, mas um Departamento de Psicologia, que fica dentro de um Centro de Ciências Humanas, e compartilham o mesmo prédio com os departamentos de História, Geografia, Antropologia, Filosofia, Sociologia e outros cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Humanas.
Na UFRGS, isso não é assim por capricho da história: no tempo da ditadura, quando o Campus do Vale foi construído, mandaram todos os cursos de Humanas para lá, para que não enchessem o saco do governo. O então Departamento de Psicologia, por estar localizado no Campus Saúde, e não no Centro (e talvez por só ter courinho de pica na Psico), não sofreu uma mudança forçada, e ficou dono do campinho do prédio do antigo Ciclo Básico. Absolutamente sozinho.
Claro, os estudantes de muitos outros cursos têm aula no nosso prédio, mas raramente se conversa com eles. Este ano, abriu o curso de Fonoaudiologia, que está sediado (pelo menos por agora) justamente ali no nosso prédio, mas ninguém (exceto eu) vou conversar com eles, nem que seja para falar mal dos professores.
Acho que esta falta de diálogo com outras áreas, outros cursos empobrece muito nossa formação. Ficamos o dia inteiro discutindo Foucault, Deleuze, Lacan, às vezes algum chato puxa Popper (chato por que gosta de Filosofia da Ciência, e provavelmente é um amolador de facas), outro mais inovador trás alguma coisa sobre novos desenvolvimentos em psicoterapia ocorrendo nos EUA (e é provavelmente ignorado pela maioria). E isso é tudo. Muito pouca variedade de pensamento, é sempre o mesmo ar velho e podre que respiramos. Trocar uma idéia com o pessoal das Ciências Sociais traria algo novo pelo menos.
Venho pensando nisso faz algum tempo. Em outras universidades, como a UCS e a UFSC não tem um Instituto de Psicologia, mas um Departamento de Psicologia, que fica dentro de um Centro de Ciências Humanas, e compartilham o mesmo prédio com os departamentos de História, Geografia, Antropologia, Filosofia, Sociologia e outros cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Humanas.
Na UFRGS, isso não é assim por capricho da história: no tempo da ditadura, quando o Campus do Vale foi construído, mandaram todos os cursos de Humanas para lá, para que não enchessem o saco do governo. O então Departamento de Psicologia, por estar localizado no Campus Saúde, e não no Centro (e talvez por só ter courinho de pica na Psico), não sofreu uma mudança forçada, e ficou dono do campinho do prédio do antigo Ciclo Básico. Absolutamente sozinho.
Claro, os estudantes de muitos outros cursos têm aula no nosso prédio, mas raramente se conversa com eles. Este ano, abriu o curso de Fonoaudiologia, que está sediado (pelo menos por agora) justamente ali no nosso prédio, mas ninguém (exceto eu) vou conversar com eles, nem que seja para falar mal dos professores.
Acho que esta falta de diálogo com outras áreas, outros cursos empobrece muito nossa formação. Ficamos o dia inteiro discutindo Foucault, Deleuze, Lacan, às vezes algum chato puxa Popper (chato por que gosta de Filosofia da Ciência, e provavelmente é um amolador de facas), outro mais inovador trás alguma coisa sobre novos desenvolvimentos em psicoterapia ocorrendo nos EUA (e é provavelmente ignorado pela maioria). E isso é tudo. Muito pouca variedade de pensamento, é sempre o mesmo ar velho e podre que respiramos. Trocar uma idéia com o pessoal das Ciências Sociais traria algo novo pelo menos.
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segunda-feira, 24 de março de 2008
O AVC de uma Neuroanatomista
Neste vídeo de 20 preciosos minutos, uma neuroanatomista relata a experiência de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Vale a pena assistir.
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Fantasia e Realidade
Sempre gostei do gênero Fantasia, seja através de livros, desenhos animados ou jogos de estratégia. Destes, um que muito me marcou foi a série de jogos de estratégia “Warcraft”, que se passa no mundo fantástico de Azeroth. Sempre fui fascinado pela grande quantidade de raças e povos diferentes convivendo em um mesmo planeta, mesmo que raramente esta convivência fosse pacífica. Em Warcraft, as raças mais famosas são os Orcs e os Humanos, mas existem também os Anões, os Gnomos, os Altos Elfos, os Elfos Noturnos, os Trolls e os Minotauros, para ficar só nas principais durante o terceiro jogo da série, sem contar os creeps, raças neutras que apareciam durante os jogos para ajudar ou atrapalhar o jogador.
Toda essa diversidade racial fazia o mundo que vivemos parecer um tanto quanto monótono, povoado apenas por nós, seres humanos. Então, lembrava-me que todas estas raças foram inspiradas em povos de Homo sapiens que existem ou existiram sob a face da Terra, e só em algumas, fazendo de Warcraft apenas uma simplificação enfeitada de nossa realidade. Na realidade, não precisamos, ou pelo menos não temos como, “nerfar” (enfraquecer) uma civilização para que o jogo fique mais justo para todos. Se o mundo fosse um jogo de estratégia, uma fragata da Marinha dos Estados Unidos, que domina os oceanos Pacífico e Atlântico, estaria em termos de igualdade com um barco da Marinha da Bolívia, que apenas patrulha o lago Titicaca.
De repente, o mundo real é muito mais interessante que a fantasia, apesar de não ter orcs ou elfos.
Toda essa diversidade racial fazia o mundo que vivemos parecer um tanto quanto monótono, povoado apenas por nós, seres humanos. Então, lembrava-me que todas estas raças foram inspiradas em povos de Homo sapiens que existem ou existiram sob a face da Terra, e só em algumas, fazendo de Warcraft apenas uma simplificação enfeitada de nossa realidade. Na realidade, não precisamos, ou pelo menos não temos como, “nerfar” (enfraquecer) uma civilização para que o jogo fique mais justo para todos. Se o mundo fosse um jogo de estratégia, uma fragata da Marinha dos Estados Unidos, que domina os oceanos Pacífico e Atlântico, estaria em termos de igualdade com um barco da Marinha da Bolívia, que apenas patrulha o lago Titicaca.
De repente, o mundo real é muito mais interessante que a fantasia, apesar de não ter orcs ou elfos.
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domingo, 23 de março de 2008
Psicanálise e Psicopatologia
Acabo de postar meu comentário sobre o conto "William Wilson" de Edgar Allan Poe no fórum online da disciplina de Psicopatologia. Não consigo ler nem o que escrevi, quanto mais o que os outros escreveram. Oh Senhor, por que me abandonastes?
Vida Dura (Parte 9)
Desde que comecei a faculdade, me tornei um especialista em ônibus, com ênfase nos intermunicipais. Se existisse um sistema de milhagens para passageiros da Caxiense, eu seria um dos maiores premiados.
E do alto de minha experiência de viajante, posso dizer que não existe ônibus mais fedorento do que o intermunicipal com banheiro. Pensem bem: em um dia inteiro, um veículo desses realiza, pelo menos entre Caxias do Sul e Porto Alegre, umas 6 viagens. Nessas viagens, de duas horas cada, há sempre quem precise ir no banheiro para satisfazer suas necessidades fisiológicas (por alguma coisa pra fora). E quantas vezes o banheiro é higienizado ao longo do dia? Provavelmente, só duas vezes - antes e depois de começarem as viagens.
Toda vez que eu entro em um busão eu sinto o bodum de urina parada, merda e vômito interagindo e reagindo de formas ainda mais fedorentas com o plástico do assoalho. Quem dera eu pudesse ficar com o nariz entupido cada vez que fosse viajar. Minha vida seria muito mais cheirosa. Ou ignorada. E nestas viagens, o ar condicionado apenas atrapalha, pois o mesmo estoque de oxigênio do início da viagem é refrigerado e jogado de volta para os passageiros, cheirando cada vez pior. Tive a sorte de hoje andar em um ônibus que permite abrir as janelas - e entrar ar puro e cheiroso. OK, nem tanto. Mas o ar enfumaçado de Canoas é bem melhor do que o ar embostalhado do busão.
E do alto de minha experiência de viajante, posso dizer que não existe ônibus mais fedorento do que o intermunicipal com banheiro. Pensem bem: em um dia inteiro, um veículo desses realiza, pelo menos entre Caxias do Sul e Porto Alegre, umas 6 viagens. Nessas viagens, de duas horas cada, há sempre quem precise ir no banheiro para satisfazer suas necessidades fisiológicas (por alguma coisa pra fora). E quantas vezes o banheiro é higienizado ao longo do dia? Provavelmente, só duas vezes - antes e depois de começarem as viagens.
Toda vez que eu entro em um busão eu sinto o bodum de urina parada, merda e vômito interagindo e reagindo de formas ainda mais fedorentas com o plástico do assoalho. Quem dera eu pudesse ficar com o nariz entupido cada vez que fosse viajar. Minha vida seria muito mais cheirosa. Ou ignorada. E nestas viagens, o ar condicionado apenas atrapalha, pois o mesmo estoque de oxigênio do início da viagem é refrigerado e jogado de volta para os passageiros, cheirando cada vez pior. Tive a sorte de hoje andar em um ônibus que permite abrir as janelas - e entrar ar puro e cheiroso. OK, nem tanto. Mas o ar enfumaçado de Canoas é bem melhor do que o ar embostalhado do busão.
Bio X Socio
Tendo em mente o que escrevi no meu post anterior, falarei um pouco sobre as pesquisas no campo das Ciências Humanas.
Apesar de existirem muitas forças atuando sobre nosso comportamento, e apesar de existir um certo consenso na comunidade científica de que, em ordem de melhor compreender a nós mesmos, precisamos estudar a todos estes determinantes, as duas forças que são realmente estudadas atualmente são as forças ambientais-sociais e biológicas. Os fatores físicos são um tanto quanto ignorados pelos cientistas humanos, e a parte psicológica só muito recentemente voltou ao centro das atenções (e mesmo assim, coberta por controvérsias, como por exemplo a existência do Livre-Arbítrio). E tradicionalmente, explicações biológicas tem sido feitas por cientistas e militantes de partidos e políticas de direita, graças à influência de Darwin, e devido à influência de Karl Marx, as explicações sociológicas tem sido feitas por simpatizantes de esquerda. Isto não se aplica a todos os pesquisadores, mas uma parcela muito significativa destes cai nesta divisão.
Ao longo da história, partidos e movimentos de direita, tais como o Partido Nacional-Socialista de Hitler, tentaram provar através da genética por que eles eram melhores e por que deveriam ser vitoriosos, ao passo que movimentos esquerdistas, como o Comunismo de Marx, enfatizaram os processos sociais, para ir contra o determinismo biológico. Entretanto, acabaram por cair em um determinismo social.
E, infelizmente, esta dicotomia persiste até hoje, especialmente quando se trata de marxistas, que disfarçam suas crenças de "defesa dos direitos humanos" e "antideterminismo", e associam toda e qualquer pesquisa biológica ao nazismo. Isso explica por que eu tomo tanta pedrada em um ambiente claramente esquerdista como a Psicologia.
Apesar de existirem muitas forças atuando sobre nosso comportamento, e apesar de existir um certo consenso na comunidade científica de que, em ordem de melhor compreender a nós mesmos, precisamos estudar a todos estes determinantes, as duas forças que são realmente estudadas atualmente são as forças ambientais-sociais e biológicas. Os fatores físicos são um tanto quanto ignorados pelos cientistas humanos, e a parte psicológica só muito recentemente voltou ao centro das atenções (e mesmo assim, coberta por controvérsias, como por exemplo a existência do Livre-Arbítrio). E tradicionalmente, explicações biológicas tem sido feitas por cientistas e militantes de partidos e políticas de direita, graças à influência de Darwin, e devido à influência de Karl Marx, as explicações sociológicas tem sido feitas por simpatizantes de esquerda. Isto não se aplica a todos os pesquisadores, mas uma parcela muito significativa destes cai nesta divisão.
Ao longo da história, partidos e movimentos de direita, tais como o Partido Nacional-Socialista de Hitler, tentaram provar através da genética por que eles eram melhores e por que deveriam ser vitoriosos, ao passo que movimentos esquerdistas, como o Comunismo de Marx, enfatizaram os processos sociais, para ir contra o determinismo biológico. Entretanto, acabaram por cair em um determinismo social.
E, infelizmente, esta dicotomia persiste até hoje, especialmente quando se trata de marxistas, que disfarçam suas crenças de "defesa dos direitos humanos" e "antideterminismo", e associam toda e qualquer pesquisa biológica ao nazismo. Isso explica por que eu tomo tanta pedrada em um ambiente claramente esquerdista como a Psicologia.
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A Ciência Humana
O comportamento humano é influenciado por muitas forças diferentes. Na verdade, não se pode precisar com certeza essas forças - a ciência apenas as dividiu da forma mais conveniente possível, para facilitar seus estudos.
De maneira geral, estas forças determinantes são os aspectos físicos, biológicos, ambientais, sociais e psicológicos do ser humano. Não é uma divisão cientificamente embasada, apesar de ser baseada em muitas pesquisas científicas, mas por mim feita de acordo com o que imagino determinar nossas ações.
O determinante físico é simplesmente o mundo em que vivemos: um mundo físico, em que não podemos voar como o Superman, ou ter um laço mágico como a Mulher-Maravilha. E também é neste mundo que nossos cérebros, estômagos e baços vêm a existir e funcionam. Pode parecer óbvio, mas o mundo físico e (aparentemente) material em que vivemos determina muito a maneira como nosso organismo trabalha.
A parte biológica envolve nossa herança genética de primatas superiores, e tudo o que implica nisto. Por exemplo, não temos liberdade para sermos seres humanos hoje e peixes amanhã; não podemos escolher entre defecar pelo ânus ou por uma cloaca; e não sei se podemos viver só a base de luz (controverso, eu sei). Em outras palavras, estamos fadados a sermos seres humanos, e a viver como tais.
O ambiente é o local em que vivemos - acredito que é um tanto quanto óbvio que um indivíduo que nasceu e foi criado em uma zona desértica terá comportamentos muito diferentes de um outro alguém que viveu toda sua vida ao lado do rio Amazonas.
A sociedade é o agrupamento de pessoas dentro do qual nos desenvolvemos e com quem interagimos. É impossível para um ser humano viver sua vida inteira só - somos uma das poucas espécies cujos filhotes recém-nascidos não são capazes de viverem por conta própria no momento em que saem do útero. Isso nos torna criaturas naturalmente sociáveis, ou pelo menos, nos é altamente vantajoso sermos sociáveis. E viver em sociedade, trocando experiências e entrando em contato com muitos outros indivíduos determina de forma bastante acentuada nossa forma de pensar e agir. São hábitos e crenças compartilhadas entre um certo grupo que constituem uma cultura.
E por fim, a parte psicológica do ser humano: como pensamos. É possível dividir o fator mental em inconsciente e consciente. A parte inconsciente, como deve ficar um tanto óbvio, fazemos "sem pensar" - por exemplo, não temos que ficar raciocinando para saber qual perna colocar depois da outra quando caminhamos. A parte consciente é a nossa "mente racional", que faz cálculos, planos e coisas assim. Também é possível fazer outra subdivisão, entre pensamentos racionais e emocionais, mas que na verdade estão ligados de forma muito estreita, como as últimas pesquisas neurocientíficas vêm demonstrando.
Estas são as forças conhecidas e reconhecidas universalmente como determinantes do nosso comportamento. É possível que existam outras forças atuantes, como forças espirituais, advindas das estrelas ou da reencarnação das almas, mas estas não foram satisfatoriamente estudadas e comprovadas. Como disse anteriormente, esta é uma divisão meramente didática, utilizada para melhor se estudar as influências do mundo sobre nós seres humanos. Se observarmos bem esta divisão que fiz, notaremos que uma influencia a outra: nossa constituição cerebral influencia nossa forma de pensar, as leis da física determinam como nosso cerébro pode funcionar, certas qualidades genéticas são preferíveis em certas sociedades, e nossos projetos, como hidroelétricas, alteram de forma significativa nosso ambiente.
De certa forma, todas estas forças são determinantes de nossas ações, em outras palavras, condicionam como sempre iremos fazer as coisas. Todas, exceto nossa Consciência. Não a consciência de termos que comprar pão para o café da manhã, mas a Consciência de que existimos, que sofremos e que um dia vamos morrer. Diria que esta força é um indeterminante, pois nos torna muito mais imprevisíveis. Por mais condicionados que somos física, ambiental, biológica e sociologicamente, sempre podemos fazer o oposto do que é esperado. Na Íliada, Heitor, quando desafiado por Aquiles nos portões de Tróia, poderia ter fugido, se escondido, negado-se a lutar, ou então poderia ter feito um trato com os gregos, entregando Tróia e metade de seus tesouros em troca de sua vida, mas como disse Homero, "por que pensa meu coração tais coisas?" Ele escolheu o caminho que considerou mais digno: sua própria morte. Nossa Consciência é o que os filósofos existencialistas chamam de Dasein - o Ser-Aqui, o Ser-Agora. Não pretendo transformar este post em uma explicação da filosofia existencial (até por que não a compreendo tão bem assim para ficar explicando), mas o Dasein é o que nos torna uma espécie única de animais.
Estes fatores não atuam em blocos, ou de forma separada, mas ao mesmo tempo e de forma sobreposta, sendo um único comportamento influenciado por vários determinantes. E esta é a grande dificuldade de uma Ciência Humana, pois no atual momento que vivemos, não é possível prever ações de forma precisa (uma professora minha costumava dizer que 30% de precisão em um instrumento psicológico é motivo pra soltar foguete). E frequentemente, para burlar este pequeno problema, os cientistas caem ou no reducionismo - considerando todos os comportamentos como sendo influenciados exclusivamente por um fator, ou no anticientificismo - atacando a ciência preditiva, e limitando-se apenas a descrever os acontecimentos. O representante nato do primeiro movimento é o Behaviorismo Radical, representado principalmente por B.F. Skinner, e do segundo a Psicologia Social que me ensinam na faculdade. Nenhuma das duas é eficiente e abrangente no longo prazo, apesar de terem feito contribuições significativas para o todo.
Todas as Ciências Humanas são complicadas. Mas se eu quisesse moleza, teria feito Engenharia.
De maneira geral, estas forças determinantes são os aspectos físicos, biológicos, ambientais, sociais e psicológicos do ser humano. Não é uma divisão cientificamente embasada, apesar de ser baseada em muitas pesquisas científicas, mas por mim feita de acordo com o que imagino determinar nossas ações.
O determinante físico é simplesmente o mundo em que vivemos: um mundo físico, em que não podemos voar como o Superman, ou ter um laço mágico como a Mulher-Maravilha. E também é neste mundo que nossos cérebros, estômagos e baços vêm a existir e funcionam. Pode parecer óbvio, mas o mundo físico e (aparentemente) material em que vivemos determina muito a maneira como nosso organismo trabalha.
A parte biológica envolve nossa herança genética de primatas superiores, e tudo o que implica nisto. Por exemplo, não temos liberdade para sermos seres humanos hoje e peixes amanhã; não podemos escolher entre defecar pelo ânus ou por uma cloaca; e não sei se podemos viver só a base de luz (controverso, eu sei). Em outras palavras, estamos fadados a sermos seres humanos, e a viver como tais.
O ambiente é o local em que vivemos - acredito que é um tanto quanto óbvio que um indivíduo que nasceu e foi criado em uma zona desértica terá comportamentos muito diferentes de um outro alguém que viveu toda sua vida ao lado do rio Amazonas.
A sociedade é o agrupamento de pessoas dentro do qual nos desenvolvemos e com quem interagimos. É impossível para um ser humano viver sua vida inteira só - somos uma das poucas espécies cujos filhotes recém-nascidos não são capazes de viverem por conta própria no momento em que saem do útero. Isso nos torna criaturas naturalmente sociáveis, ou pelo menos, nos é altamente vantajoso sermos sociáveis. E viver em sociedade, trocando experiências e entrando em contato com muitos outros indivíduos determina de forma bastante acentuada nossa forma de pensar e agir. São hábitos e crenças compartilhadas entre um certo grupo que constituem uma cultura.
E por fim, a parte psicológica do ser humano: como pensamos. É possível dividir o fator mental em inconsciente e consciente. A parte inconsciente, como deve ficar um tanto óbvio, fazemos "sem pensar" - por exemplo, não temos que ficar raciocinando para saber qual perna colocar depois da outra quando caminhamos. A parte consciente é a nossa "mente racional", que faz cálculos, planos e coisas assim. Também é possível fazer outra subdivisão, entre pensamentos racionais e emocionais, mas que na verdade estão ligados de forma muito estreita, como as últimas pesquisas neurocientíficas vêm demonstrando.
Estas são as forças conhecidas e reconhecidas universalmente como determinantes do nosso comportamento. É possível que existam outras forças atuantes, como forças espirituais, advindas das estrelas ou da reencarnação das almas, mas estas não foram satisfatoriamente estudadas e comprovadas. Como disse anteriormente, esta é uma divisão meramente didática, utilizada para melhor se estudar as influências do mundo sobre nós seres humanos. Se observarmos bem esta divisão que fiz, notaremos que uma influencia a outra: nossa constituição cerebral influencia nossa forma de pensar, as leis da física determinam como nosso cerébro pode funcionar, certas qualidades genéticas são preferíveis em certas sociedades, e nossos projetos, como hidroelétricas, alteram de forma significativa nosso ambiente.
De certa forma, todas estas forças são determinantes de nossas ações, em outras palavras, condicionam como sempre iremos fazer as coisas. Todas, exceto nossa Consciência. Não a consciência de termos que comprar pão para o café da manhã, mas a Consciência de que existimos, que sofremos e que um dia vamos morrer. Diria que esta força é um indeterminante, pois nos torna muito mais imprevisíveis. Por mais condicionados que somos física, ambiental, biológica e sociologicamente, sempre podemos fazer o oposto do que é esperado. Na Íliada, Heitor, quando desafiado por Aquiles nos portões de Tróia, poderia ter fugido, se escondido, negado-se a lutar, ou então poderia ter feito um trato com os gregos, entregando Tróia e metade de seus tesouros em troca de sua vida, mas como disse Homero, "por que pensa meu coração tais coisas?" Ele escolheu o caminho que considerou mais digno: sua própria morte. Nossa Consciência é o que os filósofos existencialistas chamam de Dasein - o Ser-Aqui, o Ser-Agora. Não pretendo transformar este post em uma explicação da filosofia existencial (até por que não a compreendo tão bem assim para ficar explicando), mas o Dasein é o que nos torna uma espécie única de animais.
Estes fatores não atuam em blocos, ou de forma separada, mas ao mesmo tempo e de forma sobreposta, sendo um único comportamento influenciado por vários determinantes. E esta é a grande dificuldade de uma Ciência Humana, pois no atual momento que vivemos, não é possível prever ações de forma precisa (uma professora minha costumava dizer que 30% de precisão em um instrumento psicológico é motivo pra soltar foguete). E frequentemente, para burlar este pequeno problema, os cientistas caem ou no reducionismo - considerando todos os comportamentos como sendo influenciados exclusivamente por um fator, ou no anticientificismo - atacando a ciência preditiva, e limitando-se apenas a descrever os acontecimentos. O representante nato do primeiro movimento é o Behaviorismo Radical, representado principalmente por B.F. Skinner, e do segundo a Psicologia Social que me ensinam na faculdade. Nenhuma das duas é eficiente e abrangente no longo prazo, apesar de terem feito contribuições significativas para o todo.
Todas as Ciências Humanas são complicadas. Mas se eu quisesse moleza, teria feito Engenharia.
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Organização do blog
Criei um novo marcador essa semana: Teologia.
Teologia seria a ciência que estuda a existência, presença e comportamentos de Deus. Uma Psicologia Divina. Pelo menos foi isso que os escolásticos da Idade Média fizeram, discutindo de formas extremamente rebuscadas quantos anjos caberiam na ponta de um alfinete, ou o que aconteceria se um mosquito caísse na água benta.
Apesar de este tipo de discussão ser extremamente interessante de ser feita em estados alterados de consciência (vulgo bêbado ou chapado), não pretendo fazê-las aqui. Tem o blog dos Amoladores para esse tipo de coisa. Aqui, quando marcar algum post com o tag "Teologia", será por que trata de assuntos espirituais. Pode ser que a palavra Teologia não seja historicamente a mais apropriada para isto, mas acho que etimologicamente ela é bastante adequada, além de terminar em "logia", como Psicologia, Sociologia e Biologia, fazendo uma organização bem interessante de tags.
Estou pensando se não divido o bloco com os links para os marcadores aqui do lado direito do blog de forma mais sistemática do que mera ordem alfabética.
Teologia seria a ciência que estuda a existência, presença e comportamentos de Deus. Uma Psicologia Divina. Pelo menos foi isso que os escolásticos da Idade Média fizeram, discutindo de formas extremamente rebuscadas quantos anjos caberiam na ponta de um alfinete, ou o que aconteceria se um mosquito caísse na água benta.
Apesar de este tipo de discussão ser extremamente interessante de ser feita em estados alterados de consciência (vulgo bêbado ou chapado), não pretendo fazê-las aqui. Tem o blog dos Amoladores para esse tipo de coisa. Aqui, quando marcar algum post com o tag "Teologia", será por que trata de assuntos espirituais. Pode ser que a palavra Teologia não seja historicamente a mais apropriada para isto, mas acho que etimologicamente ela é bastante adequada, além de terminar em "logia", como Psicologia, Sociologia e Biologia, fazendo uma organização bem interessante de tags.
Estou pensando se não divido o bloco com os links para os marcadores aqui do lado direito do blog de forma mais sistemática do que mera ordem alfabética.
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