domingo, 23 de março de 2008

Vida Dura (Parte 9)

Desde que comecei a faculdade, me tornei um especialista em ônibus, com ênfase nos intermunicipais. Se existisse um sistema de milhagens para passageiros da Caxiense, eu seria um dos maiores premiados.

E do alto de minha experiência de viajante, posso dizer que não existe ônibus mais fedorento do que o intermunicipal com banheiro. Pensem bem: em um dia inteiro, um veículo desses realiza, pelo menos entre Caxias do Sul e Porto Alegre, umas 6 viagens. Nessas viagens, de duas horas cada, há sempre quem precise ir no banheiro para satisfazer suas necessidades fisiológicas (por alguma coisa pra fora). E quantas vezes o banheiro é higienizado ao longo do dia? Provavelmente, só duas vezes - antes e depois de começarem as viagens.

Toda vez que eu entro em um busão eu sinto o bodum de urina parada, merda e vômito interagindo e reagindo de formas ainda mais fedorentas com o plástico do assoalho. Quem dera eu pudesse ficar com o nariz entupido cada vez que fosse viajar. Minha vida seria muito mais cheirosa. Ou ignorada. E nestas viagens, o ar condicionado apenas atrapalha, pois o mesmo estoque de oxigênio do início da viagem é refrigerado e jogado de volta para os passageiros, cheirando cada vez pior. Tive a sorte de hoje andar em um ônibus que permite abrir as janelas - e entrar ar puro e cheiroso. OK, nem tanto. Mas o ar enfumaçado de Canoas é bem melhor do que o ar embostalhado do busão.

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