quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ouroboros II - Nasce uma turma

Sempre achei fascinante a maneira como grupos se formam e se transformam. Hoje ocorreu a matrícula presencial dos bixos, e eu pude observar como nasce uma turma.

Oficialmente, uma turma de faculdade surge quando o listão de aprovados do vestibular é liberada, mas só nasce verdadeiramente no dia da matrícula, quando os colegas se encontram de fato. Demora um pouco para eles se conhecerem bem, criarem amizades sólidas e desavenças amargas, mas a base de todas as relações são criadas ali, esperando para ser chamado pela COMGRAD. Naquelas poucas horas de convivência em um ambiente "desnatural" ninguém se comporta normalmente, ou como se comportaria em uma sala de aula, ambiente onde todos ficarão mais tempo na companhia uns dos outros. Contudo, dicas importantes são deixadas no ar. Baseado em como alguém se portou durante a matrícula, já dá pra dizer se ele ou ela são animados ou apáticos, agradáveis ou chatos, sério ou brincalhão, um possível bom amigo ou alguém para evitar puxar papo. Por exemplo, no dia da minha matrícula, naquele distante mês de janeiro de 2007, fiquei uma hora a mais do lado do Instituto de Psicologia conversando com outros três colegas meus. Destes, dois são grandes amigos meus hoje, em quem confio quase cegamente. Ali pudemos ver que se mantivéssemos relações amistosas nos sentiriamos bem. Obviamente a coisa não é tão direta ou simples, nem tão perfeita quanto posso ter dado a parecer (a terceira pessoa que participou da nossa conversa não se tornou tão amiga minha assim, apesar de estimá-la).

Claro, estou partindo do exemplo da Psicologia, onde é feita uma calorosa recepção aos calouros por parte dos veteranos (este ano, com direito a confete e balãozinho), e há uma sala de espera grande o suficiente para muitas pessoas ficarem ao mesmo tempo conversando. Não sei se isto ocorre, por exemplo, nas engenharias ou na matemática. Contudo, se houver, o processo por trás da formação da dinâmica do grupo é o mesmo.

Isto é só o nascimento da turma, sua concepção, o embrião do grupo. Ao longo dos semestres muitas coisas mudarão - o mais óbvio são colegas que desistem ou colegas que surgem do nada (como tanto aconteceu conosco). Um fator mais sutil é a mudança das relações entre as pessoas por causa da convivência. Grosso modo, as hipóteses que criamos no dia da matrícula são testadas no dia a dia de aulas, as pessoas revelam-se verdadeiramente e, por isso, passamos a gostar mais ou menos delas. Passamos a conhecer suas manias, seus medos, seus gostos, seus sonhos. Isto, tanto ano passado quando neste, também ficou evidenciado no dia da matrícula. Meus bixos, atuais veteranos, inspirados em algo que fizemos ano passado, criaram um perfil de sua turma, para que os novos bixos pudessem conhecê-los melhor. É uma lista bem simples, mas que destila a essência da dinâmica de grupo que rola entre eles (inclusive com aqueles colegas que ninguém sabia o que escrever a respeito). Talvez, daqui a um ano, a turma de 2009 faça o mesmo na recepção da turma de 2010. Provavelmente estarei observando de fora como as coisas vão acontecendo.

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