sábado, 17 de maio de 2008

Amor, Paixão e outras coisas

Nossa sociedade adora a palavra “Amor”, pelo menos quando se refere ao amor romântico, entre duas pessoas diferentes que decidem um dia ficarem juntas, compartilharem a vida e terem filhos. Depois deste amor, o relacionamento mais valorizado é o libidinal – sexo, beijos e coisas deste gênero. Minha escolha entre “Primeiro” e “Segundo” é arbitrária, pois não sei dizer qual valor é mais bem visto na sociedade, já que ambos são cobertos de glórias pelas novelas, romances baratos, comerciais e pelas pessoas comuns.

Durante quase toda minha vida, fui um fracasso em obter estes dois tipos de relacionamento, pelo menos da forma bem-vista: com muitas mulheres gostosas diferentes, o tempo todo e sem cansar. A pressão da sociedade para que eu fosse este Amante Latino que nunca fui era (e é) acachapante. Acho que as garotas com quem fiquei eram bonitas, mas estes relacionamentos nunca duraram mais que uma semana, e apesar de desejar algo mais profundo, nunca saíam da superficialidade de uns amassos. O primeiro corte, como Cat Stevens canta, é sempre o mais profundo, e o primeiro relacionamento que tive foi uma decepção total: eu teria me entregue como se só existisse ela no mundo, mas eu era só um peguete. Eventos posteriores similares nesta seara, somados às minhas tendências para a introversão e para a Eudaemonia (1) sedimentaram ainda mais a crença de que meu destino é a solidão de um celibato, de vagar só e sem descanço pelo mundo, um andarilho forte em um mundo de fracos sedentários, que convivem em sociedade apenas por terem medo de qualquer outra coisa. Para ser sincero, ainda penso assim, e não sei se posso ou devo mudar estas crenças, centrais para mim, ou, se devo e posso, quanto devo mudá-las.

Entretanto, desde que entrei para a faculdade, tenho desenvolvido meu outro lado, mais festeiro, gregário e extrovertido. Devo isso graças aos excelentes colegas de faculdade que tenho, que são divertidos e sensíveis, ao ambiente social mais afável de Porto Alegre e, last but not least, meu desejo de renascer e ser algo diferente. Até agora, foi um processo lento, doloroso até, mas que tem valhido muito a pena. E ele não pára. Continuo em mutação. O fato de eu escrever isto neste blog é um sinal disto.

Há pouco tempo, encontrei alguém diferente. Não sinto repulsa por sua presença como senti em relacionamentos anteriores, pelo contrário, quero estar perto dela. É uma sensação que não esperava sentir nesta vida. Não faz muito tempo, mas tem sido bom. Entretanto, tenho medo. Tenho medo de que seja tudo uma ilusão minha, que a cortina do palco desabe e acabe com toda a alegria, ou que minha tendência para a solidão acabe com tudo e machuque esta pessoa. Pode dar tudo errado, mas vou adiante. Quem sabe dê certo desta vez?





1. A “Boa Vida”, em oposiçãoà Hedonia, a “Vida Prazerosa”. Em outras palavras, minha tendência a preferir ficar treinando Wushu a ir numa festa nestes locais fechados, barulhentos, afrescalhados e com nomes do tipo “Blue Up”, “Yes Music Hall” ou “Conde D’ Bar”.

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