segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Comentários sobre a blogosfera

Eu me sinto fortemente fascinado pela blogosfera, especialmente no que diz respeito à motivação dos blogueiros. Pessoalmente, não penso que ela seja muito nobre ou elevada. Costumo imaginar que a única, ou pelo menos maior, razão que leva uma pessoa normal a criar um blog e preenchê-lo com abobrinhas é para afagar seu próprio ego. Para, depois de um deplorável dia de trabalho ou faculdade, que possam chegar em casa e descontar toda sua raiva e frustração com posts intitulados "Minha chefe é uma cadela" e "meus professores são uns merdas". Melhor que poder avacalhar tanto quanto possível com seus superiores, é poder dizer para os amigos, seja pessoalmente ou pela mensagem pessoal do MSN, que "o blog está atualizado". Percebam que isso é muito válido para este que vos escreve, especialmente a parte do "atualizado".

Claro, claro, devem existir pessoas por aí que fazem mais do que isso, e que têm motivos diferentes para manter um blog. Vejam o Alon por exemplo. Ele mantêm um blog sobre política, atualizado constantemente por que ele realmente deseja uma via mais rápida, direta e democrática (apesar de ele moderar os comentários) para se comunicar com os demais interessados pelo assunto. Não tenho certeza se ele ganha algum por fora por toda essa brincadeira, mas caso não ganhe, digo que ele pelo menos mereceria.

No caso do Kibe Loco e do Jacaré Banguela, tenho certeza de que eles compram o leite das crianças e sua própria cachaça com os seus sites. Eles sim atualizam quase todos os dias, e quando não atualizam, não perdem tempo em se justificar. O Cocadaboa é um pouco diferente, já que o Mr. Manson tá pouco se lixando para as atualizações (ele diria que é justamente o contrário, mas ações valem mais do que palavras), mas ele tira uns pilas do site (mais especificamente das propagandas que ele mantêm ali).

Poderia citar muitos outros casos parecidos com os destes web entrepreneurs, mas a grande maioria dos blogueiros é anônima, e não tira um puto de seu árduo trabalho. De meus amigos que mantêm ou mantinham blogs, lembro principalmente de sua grande satisfação em afirmar que tinha acabado de colocar um texto novo em sua página, como um jornalista se sentiria se conseguisse entrevistar Jesus Cristo e publicar no New York Times (parto do princípio que a entrevista seja legítima). Como se alguém se importasse.

Pelo menos eu me importo. Sempre leio o que eles escrevem. Tá, admito que várias vezes simplesmente pulava a atenção de duas em duas linhas, mas geralmente eu voltava mais tarde para ler tudo, com bastante atenção.

Contudo, existem caras como eu. Não somos imunes à húbris, a insolência ou arrogância, considerada pelos gregos antigos como o maior dos pecados, mas temos uma relação completamente diferente com a blogosfera. O motivo maior para publicar seus textos na internet é o prazer de escrever, apertar botão "publicar postagem" e ver seus trabalhos se empilharem de forma ordenada. Ler comentários é muito bacana, mas é apenas um efeito colateral muito bem-vindo. Para exemplificar, já escrevo meu terceiro post para o Espadachim Cego, e até agora não me dei o menor trabalho de divulgá-lo para meus amigos. Deve ser preguiça. Mas acho que a mera possibilidade de poder escrever e publicar o que penso, mesmo que ninguém nunca leia, é bem agradável.

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