terça-feira, 29 de junho de 2010

No ajojo

Vindo morar em Porto Alegre, eu acabei mudando minha maneira de falar. Claro, não cheguei a adotar completamente o sotaque do Bom Fim, que é ali do lado da minha casa, nem abandonei por completo meu sotaque de gringo da Serra, tanto que largo um "poca voya", "brodo", o clássico "porco ziuna" e o inconfundível "pede pra fulano se não é verdade. Aprendi, no entanto, uma série de termos novos, que creio serem utilizados somente aqui, na Capital.

O primeiro termo foi "teto". Para qualquer outro cidadão desse país, teto é aquela parte da casa que fica sobre sua cabeça. Para o portoalegrense, "teto" também é uma divagação mental, uma "viagem". "Bah meu, tava aqui tetiando sobre ir morar no Canadá e me prostituir pra ganhar a vida" é um exemplo do termo utilizado como verbo. "Teto Véio Loco" é uma maneira particularmente engraçada e enfática de dizer que uma divagação é mais fora do normal que... o normal.

Há também a palavra... OK, talvez eu não tenha aprendido tantas palavras novas assim aqui em Porto Alegre, mas eu queria dar uma enrolada antes de falar da gíria "Ajojo". Para ser sincero, não sei se eu já não conhecia essa aberração gramatical antes de vir morar aqui. Porém, sei que só comecei a dar valor para seu uso por aqui, quando percebi que dizer "tô ajojado" é uma maneira bem descritiva de dizer "estou me sentindo ao mesmo tempo cansado, retardado e incapaz de realizar qualquer tarefa mais complicada que bater com a cara na mesa." Além disso, "ajojado" é engraçado como aquelas palavras que seu afiliado de 3 anos fala na ceia de Natal - quando ele diz é bonitinho, quando você diz, é mongo. Eu me divirto com esse tipo de situação. Prefiro que as pessoas pensem que eu tenho algum tipo de déficit cognitivo, e que eu seria incapaz de escrever meu nome sem trocar alguma letra de lugar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei! Que tal "pilha", "bala" - menos usado hoje em dia, "afude", "ah tri" e o melhor "se pa"! Quero ver o post sobre esses hehe